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O Início da Festa Campineira PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 17 November 2009 22:00

 

Automobilismo em Campinas - do início aos dias de hoje

 

Então Começa a Festa 

 

As corridas de automóvel no Brasil confundem-se com a chegada dos primeiros automóveis ao Brasil, no final do século XIX. Campineiros ou filhos de famílias que por aqui passaram estiveram bastante envolvidos com importantes fatos automobilísticos. Santos Dumont, que estudara em Campinas, foi o primeiro a desembarcar um veículo com motor a explosão no país, trazendo para cá um Peugeot, no ano de 1891. Este mesmo carro mal chegou e já retornou à França, devido a um defeito de fabricação. Em Paris, o brasileiro fora membro do automóvel Clube da França, piloto e organizador de corridas, numa época em que eram comuns circuitos entre cidades, além de provas em circuitos fechados, como o hipódromo de Paris.  

 

Santos Dumont era constantemente reverenciado em suas visitas a Campinas, pois estudara no Colégio Culto à Ciência (Há quem diga que fora espulso por não consentir com os professores que insistiam com ele de que o homem não poderia voar) 

Além de Dumont, a família Penteado, grande incentivadora da industrialização do estado, trouxe outro dos primeiros automóveis para o estado de São Paulo. Olívia Guedes Penteado (1872-1934), grande incentivadora do movimento feminista no Brasil, era nascida em Campinas e foi uma das primeiras motoristas de São Paulo. 

 

Em 1902, nos moldes do que se fazia em Paris,  realizou-se a primeira corrida em local fechado de que se tem registro em São Paulo, utilizando-se como pista o hipódromo da Mooca. Esta corrida foi vencida por José Paulino Nogueira Filho, membro de uma influente família de Campinas ligada ao comércio, ao ramo financeiro e aos primórdios da industrialização. Nogueira Filho também esteve envolvido com a Criação do Automóvel Clube de São Paulo, em 1908, um ano após a criação do Automóvel clube do Brasil, no Rio de Janeiro. 

 

Da Vermelha e Poeirenta Pista do Chapadão, ao cheiro de óleo Castrol R.

 

Nas décadas de 1930 e 40, as provas no Interior de São Paulo também tiveram sua relevância. Campinas possuiu uma pista muito interessante, numa categoria que após a guerra viria a se tornar a fórmula 1 (controvérsias à parte). Alguns carros de “grande prêmio”, como eram chamados, foram importados por alguns cafeicultores e industriais, que em geral péssimos motoristas, cediam ou alugavam seus automóveis para algum mecânico ou chofer “bom de volante” utilizar. O “Circuito do Chapadão”, uma pista de terra batia construída ao lado da Fazenda do Chapadão, em um loteamento recém construído, conseguiu atrair, já naquela época, um público de 60 mil espectadores. Grandes nomes do automobilismo Brasileiro correram em Campinas no início de suas carreiras vitoriosas, como Francisco Landi e Benedicto Lopes, e venceram nesta pista.

 

Artigo do Correio Popular sobre a vida do piloto aposentado Benedicto Lopes, em 15 de novembro de 1999.

Meus registros por hora param nesta época. Após a construção do Autódromo de Interlagos, em 1940, as provas em Campinas perdem um pouco de seu glamour. Mesmo assim, a cidade ainda sedia algumas provas de motocicletas, automóveis e as primeiras corridas de kart ainda na rua. Alguns anos depois, temos um marco importante, a fundação do kartódromo de Campinas, logo batizado “Kartódromo Afrânio Ferreira Júnior”, em homenagem a um dos primeiros pilotos de kart da cidade. Construído dentro do Parque Portugal, a  popular “lagoa do taquaral” ainda hoje é considerada uma das mais seletivas pistas de kart do Brasil. Por aqui correram ou treinaram, no início de suas carreiras, Ayrton Senna, Cristian Fittipaldi, Rubens Barrichello e Nelsinho Piquet. Um dos fundadores do kartódromo, José Maurício Marchiolli, foi um grande preparador de motores DKW nos anos seguintes ao fechamento da Vemag. Pelas suas mãos, Campinas conheceu um dos mais rápidos DKW Belcar das corridas de rua que aconteceram nos anos 70 e 80. É famosa a ocasião em que, com o seu Belcar azul, numa prova de antigos preliminar à Fórmula 1, em Interlagos, Ayrton Senna, então campeão mundial, o procura para cumprimentar o “piloto mais arrojado da prova”.

 

A fase dos “rachas” em Campinas também é interessante, pois apesar da ilegalidade, mais de mil espectadores acotovelavam-se nas margens da rodovia SP-332, o “Tapetão”, e também em volta do Balão do Castelo, local aonde 30 anos antes cruzavam em alta velocidade os heróicos pilotos do Chapadão.

 

Na próxima coluna vou contar um pouco sobre as provas na década de 1930. Muitos espectadores ainda estão vivos, e os relatos são interessantes. Depois, vamos explorar um pouco da “geração DKW”, que foi importante para a formação de muitos pilotos e mecânicos de Campinas.  

 

Até a próxima, 

 

 

Augusto Sanchez

 

 

Fontes: O automóvel, o automobilismo e a modernidade no Brasil 1891-1908 (Dr. Victor Andrade de Melo); Automóveis de São Paulo - Memória Fotográfica de Pessoas, Automóveis e Logradouros do Estado de São Paulo (Malcolm Forest. Imprensa Oficial); www.pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com; Jornal Correio Popular, cidade de Campinas.

 

Last Updated ( Tuesday, 17 November 2009 22:41 )