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Written by Administrator   
Monday, 30 April 2018 20:12

Essa frase, imortalizada pelo narrador de futebol Fiori Giglioti, da Rádio Bandeirantes, cabe muito bem quando a gente se lembra do passado. No último dia 1º de maio me recordei que 24 anos já se passaram desde a morte do Ayrton Senna, um dos maiores pilotos do mundo. 

 

Tive várias passagens com o Ayrton, a quem eu acompanhava em todos os passos aqui no Brasil. Na Europa, O Globo tinha o Celson Itiberê, que cobria a Fórmula 1 e morava em Milão, na Itália. Assim que o Ayrton deixava o Brasil eu ganhava um descanso e passava a bola para meu amigo Itiberê.

 

A cobertura do Ayrton Senna no Globo equivalia à de um Presidente da República. Corria atrás dele o tempo todo. Marcação cerrada mesmo. Certa vez essa persistência me rendeu uma das melhores matérias da vida. Na época o grande rival do Globo era o Jornal do Brasil, que deixou de existir de forma impressa. Eles tinham conseguido uma entrevista com o Senna por fax (somente os mais velhos sabem o que é isso? Será?). 

 

Eles enviaram as perguntas e alguém as respondeu. Não posso garantir que tenha sido o próprio, pois ele vivia viajando pelo mundo. Nem que não foi ele. Foi a senha para conversar com o Leonardo Senna, irmão dele e com quem me dava muito bem, para tentar uma difícil e complicada exclusiva com o tricampeão mundial de Fórmula 1.

 

Uma quinta-feira à tarde estava fazendo uma matéria (reportagem) na rua e recebi o telefonema do Leo dizendo que o Ayrton estaria me esperando sexta-feira cedo em Angra dos Reis. Larguei tudo e voltei para a redação. Na hora se indicou motorista e fotógrafo, profissional que ele havia pedido para não levar, mas...

 

Saímos 5 da manhã de São Paulo e fomos de carro para Angra. Meu nome estava na portaria e entramos sem dificuldade alguma. Chegando na casa ele abriu a porta e me recebeu como fazia nas inúmeras vezes que acompanhei sua chegada e saída do Brasil; com um aperto de mão. Nunca me considerei amigo dele. Não era. Nos conhecíamos, sim, mas profissionalmente. Reclamou que eu tinha levado fotógrafo e disse que se ele não queria foto mesmo o Cláudio Rossi tinha ido passear. E foi o que fez, pois sequer tirou a câmera da mala dele.

 

Ayrton Senna em Angra dos Reis. (reprodução: AP/Adriane Galisteu)

 

Foi uma entrevista de quatro horas de duração e ele respondeu a todas as perguntas. Não fugiu de nenhuma. Só fez um pedido numa resposta sobre quando a prendeu a dirigir: não coloca isso que pode incentivar crianças a fazerem o mesmo e não é bom! Ali ele mostrou seu lado humano e que a frieza era somente dentro do cockpit. 

 

No domingo O Globo deu duas páginas com a entrevista, que fiquei escrevendo até a madrugada de sábado, depois de uma cansativa volta de Angra a São Paulo. Na semana seguinte recebi muitos elogios de amigos jornalistas (como o Flávio Gomes, por exemplo) que fizeram questão de lembrar o quanto era difícil uma exclusiva com ele. A pedido do Ayrton não contei que tinha sido na casa dele em Angra dos Reis, com a Adriane Galisteu tomando sol na pequena faixa de areia na frente da casa.

 

Naquele 1º de maio de 1994 estava na minha cama vendo a corrida e assim que ele se acidentou, me levantei para ir ao jornal, pois sabia que seria complicada a cobertura. Foi a semana que mais trabalhei na minha vida. Chegava no jornal às 6 horas da manhã e saí depois da uma da madrugada. No enterro dele conseguimos uma credencial para entrar no velório e o fotógrafo Daniel Augusto Jr. fez dois filmes (isso mesmo, filmes) do caixão descendo à sepultura. Furo mundial!

 

Milton Alves


Last Updated ( Tuesday, 01 May 2018 10:51 )