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Marco Andretti corta o cordão umbilical PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 13 April 2018 00:27

Olá fãs do automobilismo,

 

Quem de nós não conhece alguém que seguiu a profissão dos pais, dos avós, que segue uma “tradição de família”? Isso é muito comum não apenas no Brasil, mas como em todo mundo. Em boa parte dos casos, há uma facilidade em se fazer isso, com o caminho aberto pela geração (as vezes gerações) anterior.

 

É mais comum do que se imagina vermos, antes mesmo que seus filhos nascessem, muitos pais já sonhando com a profissão deles, fazendo economias e planos para o futuro sonhado. Muitos desejam e impõem que os filhos sigam a mesma profissão que eles ou outra que sonhavam para si. Porém muitas vezes o desejo dos pais não são os mesmos que o do filho ou os filhos não tem as aptidões necessárias para executar aquela profissão, mas ainda assim, estes filhos submetem-se à pressão familiar e vão para aquele caminho.

 

Se por um lado os pais podem ser as pessoas que mais conhecem seus filhos, capazes de identificar quais são as suas limitações e habilidades, e podem ser ótimos parceiros na hora da escolha, por outro lado o que os pais querem para seus filhos nada tem a ver com o que estes querem ou tem habilidades para executar como eles – pais e filhos – gostariam.

 

Há três anos Marco Andretti é meu paciente aqui nos Estados Unidos. Filho de Michael e neto de Mário, a velocidade é uma coisa que parece estar implícita, fazer parte do DNA, mas até onde isso de “transmissão de informação genética” como habilidade de pais para filhos ser uma realidade é algo que nenhum estudo médico sério conseguiu comprovar.

 

 

Marco seguiu os passos do avô, do Pai, do Tio-Avô, de Tios e Primos, indo para a pista desde cedo, seguindo o caminho do kartismo, as categorias de base de fórmula nos Estados Unidos e chegando na Fórmula Indy, categoria principal de monopostos de seu país aos 19 anos, sendo não só um “Rookie” na temporada, mas sendo o mais novo dos pilotos que disputaram a temporada de 2006.

 

Em seu início, dentro da equipe da família, no dia 26 de março de 2006 no Homestead-Miami Speedway, Marco Andretti largou em 13º, mas quebrou um semieixo em seu primeiro pitstop, eliminando-o da corrida. Foi um grande início que se consolidaria com a performance nas 500 Milhas de Indianápolis, onde ele se tornou o terceiro Andretti a terminar entre os cinco primeiros em sua primeira aparição em Indianápolis 500, depois do pai Michael (quinto em 1984, Indianápolis 500) e do avô Mario, que terminou em terceiro em 1965. Marco terminou em segundo lugar com Sam Hornish, Jr. sendo o vencedor.

 

Alguns meses depois, em agosto, Marco se tornou o mais jovem vencedor de um grande prêmio da categoria ao conquistar sua primeira vitória na Indy Racing League. Infineon Raceway em Sonoma, Califórnia. Ele deteve este recorde até abril de 2008, quando Graham Rahal, outro filho de piloto, venceu o Grande Prêmio da Honda de São Petersburgo de 2008.

 

 

Ao longo de uma década Marco pilotou na equipe da família, de certa forma sob a guarda e proteção da estrutura familiar e mesmo se mostrando rápido, ele também se mostrou inconstante e era comum vê-lo envolvido em acidentes. Assim, os anos foram passando e o mais novo potencial campeão da família foi ficando, temporada após temporada, mais distante do título já conquistado por seu pai e seu avô.

 

Em nossas sessões Marco sempre se mostrou uma pessoa aberta ao diálogo, alguém que busca o equilíbrio e o crescimento, um conceito psicológico difícil de definir e que inclui inteligência emocional, obstinação, resiliência, autocontrole, resistência mental e consciência. É algo que Edison tinha de sobra e a razão pela qual algumas pessoas são capazes de superar qualquer obstáculo, enquanto outras se esmigalham diante dos desafios e das frustrações do dia a dia.

 

 

A capacidade de lidar com emoções e situação difíceis é um indicador importante do nosso sucesso e da nossa felicidade. Os indivíduos mais capazes neste sentido transformam obstáculos em fontes de crescimento e oportunidade. E, apesar de muito se falar do que as pessoas mentalmente fortes evitam fazer, tal como viver no passado, ressentir-se do sucesso alheio e sentir pena de si mesmas. Isso, de certa forma pesou na recente mudança na vida de Marco.

 

Marco Andretti e Alexander Rossi trocaram de vagas na equipes que disputaram o campeonato do ano passado da IndyCar para 2018. Alexander passou a ser piloto da Andretti Autosport, para 2018, com a Marco se mudando para o carro da Bryan Herta Autosport. Nos últimos dois anos Marco não conseguiu ficar entre os três primeiros e isso é algo que o incomoda demais.

 

 

As duas equipes são parceiras desde 2016 e os interesses de ambas acabou promovendo essa “troca de pilotos” entre os times. Esta parceria já deu frutos para Bryan Herta, quando em 2016 Alexander Rossi venceu as 500 Milhas de Indianápolis e agora o piloto vão para uma estrutura maior. Mas como ficou Marco nesta troca? Como ele encarou a troca? Como uma oportunidade, um negócio de família ou uma perda de prestígio em sua própria casa?

 

Marco disse que este está sendo um passo importante para ele, que está sendo uma espécie de “corte do cordão umbilical”. Ao longo de sua vida Marco sempre esteve ou teve por perto a observação, a orientação e – logicamente – a cobrança de “ser um Andretti”, fosse na Fórmula Indy, fosse na tentativa de uma carreira fora da categoria, como na primeira temporada da Fórmula E, mais uma vez na equipe da família.

 

 

Aos 31 anos de idade, Marco não é mais o garoto que parecia vir a ser o seguimento de vitórias do sobrenome da família. Talvez a cobrança interna – de casa e da sua cabeça – tenham pesado e a mudança para uma equipe parceira, mas sem ter seu pai como chefe pode ser a melhor chance de poder mostrar que ele é mais do que um sobrenome famoso e vitorioso e que ainda pode conquistar vitórias por seus méritos.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares