Lá nos idos do meado do século XVII, por volta do ano de 1850, em Kopřivnice, Estado da Moravia, atualmente República Tcheca, nascia uma empresa dedicada a manufatura de veículos de transporte de pessoas e cargas, principalmente ferroviários, a qual com o correr do tempo transformou-se em fábrica de automóveis, e, assim, produziu o primeiro automóvel da Europa Central em 1897, o Presidente. Em 1919 passou a chamar-se Tatra, em alusão às montanhas Tatra as quais ficam na proximidade da fábrica. A Tatra é o terceiro mais antigo construtor de automóveis do mundo, depois da Austro Daimler, Daimler Mercedes-Benz e Peugeot. 
A Tatra tinha como seu chefe de projetos e de “designer” um engenheiro chamado Hans Ledwinka, nascido em Klosterneüburg, no sul da Áustria, nas vizinhanças de Viena, em 14 de Fevereiro de 1878, falecido na Alemanha, em Munique aos 2 de Março de 1967; quem se notabilizou como um “designer” de mão cheia, vindo a ser conhecido como inovador quanto a tecnologia e estética. Na época de seu nascimento, a região do local pertencia ao Império Austro Húngaro, como também partes da então Tchecoslováquia, como os estados da Baviera e a da Moravia. Ledwinka começou sua carreira como um simples mecânico e somente mais tarde veio por cursar engenharia mecânica, em Viena. Desde a juventude trabalhou para a empresa Schustala & Company, depois chamada Nesselsdorfer-Wagenbau, na cidade de Nesselsdorf, e finalmente denominada Tatra, onde dedicou-se à construção da vagões ferroviários, e posteriormente envolvido na produção dos primeiros automóveis montados pela empresa. Desenhou, então, um veículo a motor denominado Type U, com com 5.3 litros de seis cilindros. Em 1917, em meio à 1ª. Grande Guerra deixou a Tatra e foi trabalhar na STEYRMOTORS GmbH, Steyr, Austria, de onde, ao final do conflito mundial retornou ao posto anterior. Entre 1921 e 1937, Hans Ledwinka veio a ocupar, novamente, a posição de dirigente do departamento de engenharia e “design”, retornando a Kopřivnice (Nesselsdorf), então “Czechoslovakia”, ora República Tcheca. Lá, Ledwinka projetou o chassis tubular central sem moldura, chamado “backbone chassis”, com hastes flutuantes, a suspensão independente o motor traseiro de cilindros opostos, hoje chamado de “boxer”. 
O projeto do motor "boxer" de Ledwinka era uma revolução em seu tempo e ainda hoje é admirado por construtores. Outra grande contribuição de Ledwinka ao “design” automotivo foi o desenvolvimento da carroceria “streamlining” e a introdução da mesma em produção contínua em linha de montagem. Junto com seu filho Erich, quem mais tarde assumiu o cargo de seu pai, Ledwinka desenhou o Tatra naquele estilo da carroceria, modelos 77, 87, 97, todos com motores traseiros refrigerados a ar. 
Por outro lado, ou nas proximidades, 31 anos depois, nascia em 19 de setembro de 1909, em Wiener Neustadt, Áustria, naquela época território Tcheco, Ferdinand Anton Porsche, filho de Ferdinand e Aloysia Johanna (Kaes) Porsche. Seu pai, cidadão tcheco, após a guerra foi o diretor técnico da fábrica de automóveis Austro-Daimler, ou Daimler-Benz, a qual se tornou na atual Mercedes Benz; Porsche e seu pai trabalharam como “designers”, e, atualmente, diz-se, ‘colaboraram’ com o desenho do primeiro Volkswagen, o carro mais popular no mundo, como também na criação de carros de corrida. Em 27 de março de 1998, Ferdinand Porsche faleceu, em Zell am See, Austria. E, por qual razão se está referindo a esses dois indivíduos, os quais muito contribuíram para o desenvolvimento do automóvel e da própria indústria automotiva em todas as suas áreas. È porque, algo bastante estranho liga a pessoa de um com a do outro. Nota-se que como, geograficamente ao menos, então natural da Checoslováquia, certamente, o segundo se engajou no “staff” da Tatra, logo depois do retorno do primeiro ao cargo de diretor técnico da empresa como integrante da equipe, e diz-se que “olhava com muita atenção sobre os ombros de Ludvinka” no curso da prática de seu trabalho cotidiano. 
O Tatra de Hans Ledwinka foi inspirador para a criação mais famosa de Ferdinand Porsche: O Wolksvagen. Fato é que os conceitos de Ledwinka foram “assimilados” por Ferdinand Porsche, pois tendo mantido relações pessoais durante certo tempo, além de tudo, certamente trocavam idéias sobre conceitos mecânicos e montagem de veículos automotores. Como se pode constatar pelas fotos acima colocadas, o desenho da carroceria dos Tatra tem o mesmo estilo de traço daquela do Volkswagen Sedan e o aspecto do motor “boxer” de 4 cilindros, com a exceção dos dois carburadores, assemelha-se com o do mesmo carro paradigma, considerando que a mesma solução acontece nos Porsche 356, desde 1952, no 912 , e o mais interessante que o motor seis cilindros adotados desde 1958 pelo 911 tinham a mesma configuração e disposição dos Tatra T2 603, fabricados a partir de 1966. Note-se na segunda foto do Tatra que o desenho da roda é exatamente o daquela de cinco (5) furos antes adotados pela Volkswagen. Fato é que pouco antes da eclosão da Segunda Grande Guerra a Tatra demandou contra a Volkswagen, ante a Justiça Alemã, com base nas evidências das similaridades existentes entre o desenho e motorização do Sedan VW, alegando terem sido virtualmente copiados do Tatra T97. A dita ação judicial praticamente desapareceu quando os Nazistas invadiram a Tchecoslováquia, em 1938, com a agravante que Hitler determinou a imediata cessação da produção do Tatra T97, do qual somente 500 carros foram produzidos. 
Antes de se acusar Porsche de um possível plagio no projeto, melhor ver como uma "tendência"... vemos o mesmo atualmente. Os sucessores do Porsche, mais tarde houveram por reconhecer a “influência” dos modelos Tatra concebidos por Ledwinka exercida sobre o “Kdf-Wagen” de 1938, desenhado por Ferdinand Porsche , o qual veio a ser o VW Sedan que todo o mundo conhece, por força de nova ação judicial proposta, a qual resultou em acordo mediante o pagamento de DM$3,000,000. (TRE milhões de marcos alemães), pagos pela Wolkswagem Werke A.G. a, então, Ringhoffer-Tatra. O mais curioso, no entanto, é que, atualmente, a Tatra tem como uma das principais acionistas a Wolkswagem Werke A.G., o que acontece com a Skoda, também Tcheca, e muito recentemente a empresa Dr. Ing. hc F. Porsche AG. também veio a fazer parte do mesmo conglomerado empresarial. Como fecho e observação, é sabido que depois da Segunda Guerra, Ledwinka foi acusado com o colaboracionista durante a ocupação da Tchecoslováquia pelos Nazistas e lá ficou preso durante cinco (5) anos. Depois de solto em 1951, recusou o convite para retornar a trabalhar para a Tatra, e aposentado foi viver na Alemanha até falecer em 1967. Postumamente, após a queda do julgo comunista, em 1992, Hans Ledwinka foi pluralmente reabilitado pelas autoridades Tchecas. Por último, há uma coincidência a ressaltar, ambos, tiveram como seus seguidores e colaboradores, os filhos Erich e Ferry.
Geraldo C. Meirelles São Paulo,25/08/2009. |
