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Que tal F1 na neve? PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 05 March 2018 19:40

A primeira semana dos testes pré-temporada da Fórmula 1 foi marcada por um fato inusitado: neve! Sim, todo mundo viu em tudo que foi mídia as imagens da neve no autódromo, dos bonecos de neve que o pessoal das equipes fez e no youtube é fácil achar os pilotos fazendo biquinho de estarem tristinhos...

 

Se os testes de inverno (ou pré-temporada) são para testar os pneus que vão ser utilizados ao longo do ano, na maioria das corridas em lugares com sol e calor, porque não fazem em um lugar onde se tenha sol e calor? A Espanha é um pouco menos fria que o resto da Europa, mas este ano, como fala o pessoal do Rio de Janeiro, “deu ruim”.

 

Nos anos 80, os testes foram feitos por muitos anos aqui no Brasil, em Jacarepaguá. Vinha a pilotada toda, as equipes, nada da chatice de hoje de precisar ter sangue real prá poder entrar no autódromo e, a noite, pilotos e mecas iam curtir tudo de bom que o Rio tinha para oferecer naquela época. Hoje só tem tiro, porrada e bomba! E, nessa linha está São Paulo, que todo ano tem tentativas de assalto contra as vans de transporte e que por isso a Pirelli tirou o autódromo que o prefeitinho engomadinho e aquele vereador batuqueiro querem transformar em bairro.

 

 

Mas o assunto é outro: Muita gente chama a Fórmula 1 de “categoria máxima” do automobilismo, mas eu discordo. Uma categoria pra ser “máxima”, tinha que submeter os pilotos a todos os tipos de desafios. Desafios estes que estão cada vez menores, com carros que praticamente andam e se acertam praticamente sozinhos com seus zilhões de sensores, trocentos engenheiros. Ao piloto cabe (por enquanto) conduzi-lo na pista o mais rápido que puderem e enquanto não arranjarem um jeito disso ser feito dos boxes.

 

Assistindo algumas semanas atrás o Rally da Suécia pelo canal foxbola, que nos horários em que não tem futebol (ao vivo ou em reprise) exibe eventos de automobilismo, vi uma disputa num cenário completamente branco e. ao ver as imagens do circuito de Barcelona nesta primeira semana de testes, pensei aqui comigo: porque não submeter uma das etapas do mundial de Fórmula 1 a desafiar a neve?

 

 

Se são os melhores pilotos do mundo (propaganda é a alma do negócio e eles o fazem bem), deveram estar em condições de pilotar sob calor extremo, sob chuva (que hoje se for uma chuvinha média os comissários e o diretor de provas param a corrida), com iluminação artificial para correr à noite... e porque não, correr na neve? Inclusive isso já aconteceu.

 

Em outros tempos em que a Fórmula 1 era uma categoria de automobilismo RAIZ, aconteciam algumas corridas extra-campeonato e uma delas era a “Corrida dos Campeões”, organizada pelo BRDC (British Racing Drivers Club), o muito chique clube dos pilotos britânicos, que era disputado no circuito de sua propriedade, uma pistinha conhecida como Silverstone.

 

Em 1973, praticamente quarenta e cinco anos atrás, a corrida festiva contou com a inscrição de carros da Fórmula 1 e da F.5000 (Era um evento de grande importância, que teve sua disputa iniciada antes mesmo de existir a Fórmula 1, em 1949, assim permanecendo até 1978, quando passou a ser disputada por categorias menores).

 

 

Para poder se encaixar no calendário, a corrida era disputada entre o final de março e o início de abril, uma época em que ainda fazia muito frio na Inglaterra, principalmente sem os efeitos do contestado (por alguns) aquecimento global. Era cena comum ver todo o público encapotado e os termômetros lá embaixo durante o final de semana, mas o que iria acontecer naquele dia 8 de abril de 1973, não há registro até hoje!

 

Apesar do frio da véspera estar maior do que o de anos anteriores, nos treinos quem saiu com a pole foi nosso campeão mundial do país tropical, Emerson Fittipaldi, acostumado a andar no asfalto úmido sob a garoa de Interlagos, com Ronnie Peterson, seu companheiro de equipe e fechando a primeira fila, numa época que ainda de largava no sistema 3-2-3, o grande piloto da casa, o escocês Jackie Stewart.

 

 

O pole, Emerson Fittipaldi, não percorreu nem 100 metros, com um problema de embreagem, colocou o carro pra grama, enquanto Ronnie Peterson tomava ponta, com Jackie Stewart em sua cola para ultrapassá-lo antes de completarem a primeira volta, para vibração dos torcedores britânicos e para silenciar seus críticos após a perda do campeonato do ano anterior para um “moleque brasileiro”.

 

Stewart ia abrindo vantagem de forma segura para seus perseguidores (Peterson, Hulme, Regazzoni, Revson e Lauda) quando o inesperado aconteceu. Stewart rodava sozinho na curva Becketts e – depois de lutar para trazer o carro de volta para a pista – havia caído para a sexta posição, com Ronnie Peterson retomando a liderança da corrida. O que teria acontecido? Um piloto como Jackie Stewart não comete erros bobos...

 

 

A resposta logo chegou para todo o traçado do circuito de Silverstone, boxes, arquibancadas e foi transmitida pela TV para todo mundo. O vento gelado que estava soprando o dia todo estava formando nuvens pesadas de neve e uma, particularmente grande, caiu na área de Becketts e começou a cobrir a pista. Sim, nevou durante a corrida e, eventualmente, ao invés de neve, caíram algumas pedras de granizo.


Imaginem isso numa corrida nos dias de hoje, esse bando de piloto nutella que temos aí iam parar os seus carros e espernear como bebês no meio da pista. O diretor de prova e os comissários, covardemente, dariam bandeira vermelha e parariam a prova, mas naquela época não tinha isso e a corrida continuou, com a pista sendo um grande desafio para os pilotos.

 

 

Jackie Stewart deu um show de pilotagem, recuperou as posições perdidas e aproximou-se de Ronnie Peterson, tomando a ponta novamente quando foi a vez do sueco rodar e sair da pista, mas ainda voltando na terceira posição e vindo retomar o segundo lugar faltando três voltas para o final. Contudo, sem chances de alcançar Jackie Stewart, o grande vencedor deste evento que entrou para a história como a primeira e única corrida sob neve com carros de Fórmula 1

 

Já que o Grupo Liberty Media quer fazer coisas diferentes, aumentar o número de corridas, porque não desafiar os pilotos a mostrar suas habilidades num GP da Finlândia, abrindo o campeonato no início de março em 2019? Está lançada a proposta.

 

Abraços,

 

Maurício Paiva

 

 
Last Updated ( Saturday, 24 March 2018 09:41 )