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E do outro lado do guard rail... PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 28 February 2018 23:18

Caros Amigos, nesta vida em ritmo alucinante que vivemos, cada vez menos as coisas parecem acontecer por acaso. Quem nunca já parou por um segundo para divagar na possibilidade de que tudo parece estar seguindo um plano mestre e levando-nos ao caos completo.

 

Esta sensação aumenta quando vemos estas coisas se desencadeando diante dos nossos olhos nos noticiários e a sensação de que tudo está mesmo organizadamente direcionado contra ou a favor de nossos interesses... e como parecem ter mais coisas acontecendo contra do que a favor é algo impressionante!

 

Para aqueles que militam no cenário do esporte a motor no Brasil, as coisas estão – definitivamente – indo de encontro aos anseios e planos dos que ainda sonham em ver o automobilismo brasileiro resgatar seus melhores anos, apesar de todo o louvável esforço de promotores que tem conseguido enxugar planilhas de custos, atrair patrocinadores de peso (e com eles pilotos de renome internacional).

 

Na semana que passou, após a publicação da minha última coluna, foi matéria de destaque no jornal O Estado de São Paulo a descrição do plano que dentro da lista de privatizações da gestão João Doria, o autódromo de Interlagos, na zona sul da capital paulista, o vencedor do processo de privatização poderá seguir algo próximo do que foi apresentado em anteprojeto, descrevendo um novo bairro com prédios residenciais (aonde hoje está o kartódromo, implicando em seu desaparecimento), um complexo empresarial com escritórios e hotéis (na área do final do antigo retão, às margens do lago e indo até a antiga curva 3) e até um shopping instalado no meio do circuito (entre as curvas do bico de pato, mergulho, junção e café).

 

Ao todo, as três diferentes áreas ocupam, juntas, 14% dos 960 mil metros quarados do autódromo para que o futuro dono de Interlagos promova seus negócios. A proposta permitirá a construção de até 480 mil metros quadrados, com torres sem limite de altura. A maior área (com 70 mil metros quadrados), é a do atual kartódromo Ayrton Senna, que deverá virar um bairro com cerca de 25 prédios para receber até 5 mil famílias.

 

A área destinada aos prédios comerciais também não tem limite de altura, onde o plano é atrair e criar um novo pólo de negócios na cidade, alimentado pelo projeto viário que pretende estender a Marginal pinheiro, criando a via Jurubatuba, com uma ponte sobre o rio Guarapiranga e instalando uma via de alto tráfego sobre um dos mananciais hídricos da cidade.

 

Contudo, o que mais me intriga é o projeto do centro comercial no meio do traçado. Segundo o projeto, a ideia é construir um conjunto de lojas, bares e restaurantes e em edificações baixas com vista para o autódromo. Além disso, o local poderá abrigar shows, com acesso a ser feito por passagem por baixo da pista... e onde seria esta passagem? Mais ainda, como seria a relação entre o funcionamento destes locais com o calendário nacional e metropolitano de treinos, corridas, cursos de direção, etc.

 

Na notícia veiculada, o futuro dono de Interlagos terá de manter a pista oficial para atividades automobilísticas, exigência definida no projeto de lei de privatização do autódromo, instalar um parque público de acesso gratuito dentro do circuito e construir 1.579 moradias populares no entorno. Impressiona-me a precisão do número. Não são 1600 ou 1580... são 1579! O projeto precisa ser aprovado em duas votações por 2/3 dos vereadores para virar lei, contudo, com a ampla maioria na câmara de vereadores com a qual conta o prefeito, isso não será problema para o prefeito. Já para o esporte a motor...

 

Enquanto isso, do “outro lado do guard rail”, nosso hermanos argentinos vão passo a passo consolidando seu plano de tornar-se o principal destino do esporte a motor no continente. Reformando seus autódromos, já firmaram o pé no calendário da MotoGP e do WTCC (a partir deste ano chamado WTCR), no excelente Termas de Rio Hondo, localizado às margens de uma estação hidrotermal, com um complexo turístico instalado antes mesmo do autódromo.

 

Na província de Potrero de los Funes eles tem o belíssimo autódromo de San Luiz, que já sediou etapas do mundial de GT da FIA também andou recebendo melhorias nos úlimos anos e costuma protagonizar algumas das melhores etapas em termos de competitividade e de imagens com o contraste entre a montanha, o verde e o lago central do traçado. Isso sem entramos no mundial de Rally e no Dakar, que alterna outros países, mas não deixa de ter etapas no território argentino.

 

Mas o grande projeto ainda está por ser iniciado e passa pelas mãos do empresário Arturo Rubinstein, presidente da produtora Fenix Entertainment, que garantiu em entevista ao jornal inglês 'The Independent', estar em “conversas avançadas” com o Grupo Liberty Media para ser o promotor da nova fase do GP da Argentina de Fórmula 1. Segundo ele, tudo está acordado com o governo federal para que as obras no autódromo Juan e Oscar Gálvez comecem tão logo o contrato seja celebrado.

 

Não é segredo para ninguém o interesse mútuo para a Argentina voltar a sediar uma etapa do Mundial de Fórmula 1. Charlie Whiting, inclusive, visitou o autódromo em agosto do ano passado de forma informal, mas apontou que caminhos deveriam ser tomados para fazer do autódromo da capital argentina voltar a conseguir a homologação FIA 1, 20 anos depôs do último GP ali realizado, em 1998.

 

Agora é com os promotores e para que o processo tenha início temos ajudado firmemente nossos vizinhos. Tal como todos os circuitos que não receberam a F1 nos últimos 20 anos, existem várias coisas a fazer. O principal é tornar o circuito mais atrativo e rápido do que nos anos 90, algo que é possível diante da variedade de opções de traçado (15 traçados são possíveis), sendo o maior deles com 5,9 Km e o último utilizado, com 4,3 Km tem uma possibilidade intermediária de 4,7 Km. Quando Interlagos recebeu o seu último GP no traçado original, os mais antigos vão certamente lembra das condições do asfalto simplesmente deploráveis.

 

O contrato da FOM com os promotores brasileiros vai até 2020. hoje o calendário da Fórmula 1 tem 21 etapas e existe um – dos vários – pontos de discórdia entre as equipes e o Grupo Liberty Media sobre o número de corridas por ano. Os dirigentes pensam em 25. As equipes consideram 20 até muito. Mas a diferença de tratamento e visão de como a gestão dos autódromos de Interlagos e Oscar y Juan Galvez estão sendo tratadas deixa bem claro aonde habita a cultura do esporte a motor.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva


Last Updated ( Wednesday, 28 February 2018 23:27 )