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Danica e o difícil momento do adeus PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 26 February 2018 15:58

Olá Fãs do automobilismo,

 

Este meio que tanto gostamos como nós sabemos é amplamente dominado pelos homens. Foram raras as mulheres que – ao menos dentro dos carros – conseguiram conquistar um espaço de destaque, serem verdadeiras vitoriosas ao longo de mais de um século de competições pelo mundo.

 

Em novembro do ano passado, quando recebi um telefonema da Danica querendo saber como poderia fazer para ter uma consulta comigo, fiquei muito emocionada. Ela disse que recebeu de Dale Earnhardt Jr. meu número e muitos elogios a respeito do trabalho que tivemos ao longo destes anos.

 

Danica começou a vir regularmente ao meu consultório no início de dezembro do ano passado. A primeira impressão que tive em vê-la fora do ambiente de trabalho foi o de uma pessoa daquelas que você poderia encontrar no supermercado ou na fila do cinema no shopping center (Há alguns anos nos vimos algumas vezes nas etapas da NASCAR aqui na costa oeste, em Sonoma e Fontana, contudo nunca tivemos um contato privado ou uma entrevista exclusiva). Muito tranquila, quase sem maquiagem, nem de longe com a fisionomia da pilota aguerrida que enfrentava todos os demais homens do grid sem abaixar a sobrancelha.

 

O objetivo de Danica era conseguir lidar com a decisão que ela tomou no final da temporada passada, de se “aposentar” como pilota regular de um dos campeonatos mais disputados e mais difíceis do mundo. Afinal, são 36 etapas oficiais e mais duas corridas extra campeonato! Uma decisão difícil, mas que uma hora, mais cedo ou mais tarde, o piloto tem que tomar.

 

O momento de virar a página nas nossas vidas é sempre difícil e não seria diferente para Danica.

 

Ao longo das nossas conversas, Danica revelou que a rotina não a estava mais deixando-a feliz e que a vida era muito curta e sendo assim, era importante fazer coisas que deixem você feliz e que ela tinha muitas coisas a fazer com a sua vida. Em Homestead-Miami Speedway em novembro passado, aos 35 anos ela disputou a última etapa de uma temporada regular da NASCAR depois de perder o seu patrocinador na equipe Stewart- Haas Racing.

 

As duas últimas temporadas foram bem difíceis, Danica não terminou em um top-10 nenhuma das 72 corridas. Bem diferente do que formam os dois anos anteriores, entre 2014 e 2015, onde no melhor período de sua carreira na NASCAR ela conseguiu quatro top-15 consecutivos em julho de 2015. De forma bem consciente ela afirmou ter sido responsável por todas as coisas boas e ruins que aconteceram com ela através das decisões que tomou, que tudo era parte de um processo. Ainda mais firme, disse que não mudaria nada na minha vida!

 

De certa forma questionei os motivos que levaram Danica a migrar da F. Indy para as categorias de turismo rumo a NASCAR, algo que não tinha garantia alguma de que conseguiria chegar na categoria principal enquanto que nos monopostos ela parecia ter mais chances de vencer, inclusive onde conquistou uma bela vitória em Montegi, em 2008, e tinha uma carreira consolidada.

 

A corrida de despedida na NASCAR não terminou como Danica queria... ela foi envolvida no 1º dos 3 grandes acidentes.

 

O desafio sempre foi seu maior combustível e durante dois anos Danica usou o calendário menor da F. Indy em 2010 para disputar algumas provas de turismo. Primeiro na ARCA Racing Series no Daytona International Speedway, terminando em sexto lugar depois de rodar no início da corrida. Depois foi uma prova da Nationwide Series, DRIVE4COPD 300, onde começou 15º e terminou 35º depois de ser apanhada em um acidente de 12 carros. Em 3 provas, seu melhor resultado na Nationwide, seu melhor resultado foi um 19º. Na K&N, em Dover, ela conseguiu um 6º lugar.

 

No ano seguinte foram 12 corridas, onde conseguiu três top-10, tendo como maior feito tornar-se a mulher com o melhor resultado já obtido na história NASCAR de nível superior em Las Vegas quando superou o recorde de 62 anos de Sara Christian para ocupar o quarto lugar na corrida da Sam's Town 300 (o mais alto em sua carreira na série Nationwide). Sua competitividade a credenciou para a categoria principal.

 

Em 2008 Danica conquistou uma inédita (até hoje) vitória feminina na principal categoria da IndyCar Series.

 

Apesar desta divisão entre a Fórmula Indy e o projeto de conquistar espaço para se consolidar na NASCAR, Danica terminou os campeonatos de 2010 e 2011 em 10º lugar, correndo na equipe Andretti, mas o fato de ter sido a primeira mulher a vencer em uma categoria da Indycar na história e a única a vencer na categoria principal até hoje deveria ou poderia ser o maior estímulo a continuar nos monopostos.

 

Danica confessou que ter um desafio maior a estimulou, mas também pesou o fato de como se pensou o projeto norte americano de ingressar como equipe de Fórmula 1, quando Peter Windsor mencionou sua passagem pela F. Ford e F. Vauxhall por três anos, onde seu melhor resultado foi um segundo lugar no festival de F. Ford em 2000, realizado em Brands Hatch, o que rendeu um teste na F3 com a equipe Carlin em 2001, mas retornou para os Estados Unidos em 2002.

 

A história da USF1 poderia ter sido diferente se a equipe apostasse no peso do seu nome para angariar patrocinadores.

 

O jornalista inglês disse que não poderia pensar em Danica como piloto por não ter como dar chances dela ter um carro competitivo, que uma vez que ela estava tomando o caminho da NASCAR, que ficaria rica com resultados e patrocínios, argumentando que ela seria “grande demais” para o projeto sem perguntar a ela se ela pensava assim. Talvez com ela como nome para a equipe o projeto tivesse conseguido o suporte financeiro necessário para acontecer. Era a chance para Danica, algo que com a Haas, com a vida já consolidada na NASCAR, com mais de 30 anos de idade, não era mais hora de mudar de foco.

 

Em 2012 Danica era 100% NASCAR e fez a temporada completa da Nationwide com a JR Motorsports, não tendo continuado com a Stewart-Haas Racing. Ela estabeleceu outro feito quando conseguiu a pole na Drive For Copd 300, repetindo o feito de Shawna Robinson em 1994. No fim da temporada ela teve 4 top-10 e finalizou a temporada em 10° lugar.

 

Em 2013 Danica estreou na categoria principal da NASCAR com uma pole position na Daytona 500.

 

Teria sido a hora de seguir para a categoria principal, apesar da pouca milhagem nas categorias de acesso? Sua antiga equipe, a Stewart-Haas Racing, pensou que não e apostou na sua ida para ao lado de Ryan Newman formar a dupla. O que ninguém esperava – nem ela – era cravar a pole na primeira participação, nas 500 Milhas de Daytona.

 

Danica deixa a cena com projetos pessoais, mas com a sensação de que, talvez pudesse ter feito mais, com uma forma diferente de trabalhar. Sobre Indianápolis ela sorri e diz: “quem sabe? Estarei lá com meu patrocinador que esteve comigo em Daytona, que infelizmente terminou mais cedo do que eu gostaria naquele acidente onde acabei envolvida.”

 

A "chamada" para as 500 Milhas de Indianápolis com a imagem de Danica promete atrair mais mídia do que Alonso.

 

Seria fantástico se ela vencesse as 500 Milhas, não?

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares