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A nova chicane na curva do café PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 05 February 2018 19:30

Um dos primeiros atos (públicos) do Presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, Waldner Bernardo, foi decretar o fim da obrigatoriedade do uso da “chicane” da curva do café, construída no circuito de Interlagos em 2011, após a morte de Ricardo Sondermann em uma etapa da extinta categoria de picapes da VICAR.

 

Ao absurdo custo de um milhão de reais, fizeram uma “ponte de safena” na curva do café que era tão perigosa – potencialmente – ou mais do que contornar o traçado original. A decisão do Presidente, contudo, passava pela liberdade de opção dos promotores de categorias. Como a “chicane” estava lá, não havia uma proibição explícita de uso da mesma.

 

 

A pedido da ABPA (Associação dos Pilotos Brasileiros de Automobilismo), em uma ação junto com a SPObras, empresa de obras da prefeitura da cidade de São Paulo, as obras de preparação para o GP Brasil de Fórmula 1 incluíram a implantação de uma “chicane”, com extensão de 125 metros de extensão e uma área total de 1.805 m², bem maior que aquela “coisa” feita anteriormente, feita com a participação da ABPA que insistiu no argumento da redução do risco de acidentes e que a mesma possibilitaria maior conforto, segurança e visibilidade aos pilotos na curva do Café.

 

Mesmo sendo bem maior que a “chicane” anterior, a SPObras informou que a construção da nova “chicane” contou com um investimento de R$ 300 mil reais. Se considerarmos a inflação do período, o custo foi menos de 25% do valor da obra anterior.

 

Fomos buscar a opinião de pilotos que correm em categorias da VICAR no final de 2017, as únicas categorias a usar a “chicane”. Procuramos pilotos que correram nas provas de Endurance da Porsche Cup no Brasil, categoria que não usa a “chicane” do circuito (nem a anterior e nem a atual) e cujo os tempos de volta são muito próximos dos carros da Stock Car, categoria que através da VICAR, praticamente fez com que as “chicanes” fossem construídas.

 

Felipe Fraga – Piloto da equipe Cimed.

Enquanto corri nas categorias da Stock, tanto na light quanto na categoria principal eu sempre corri com as chicanes. Eles usam a chicane por acharem que é mais seguro. O carro da Porsche é um pouco mais lento que o carro da Stock Car e que são categorias de promotores diferentes. Um acha que deve usar e o outro acha que não precisa usar. O piloto vai lá, senta no carro e anda no circuito do jeito que ele foi determinado.

 

Eu não me incomodo de fazer a passagem pela chicane. Essa chicane nova ficou bem melhor que a outra, que tinha zebras muito altas, que quebrava coisa nos carros e é uma coisa que é igual para todos, todos tem que passar por lá e procurar virar a volta o mais rápido possível.

 

Uma curva que desafia você é uma coisa que eu acho legal, mas tem gente que reclama por que colocam a chicane... tem gente que faz muito caso disso e o motivo da chicane ali no café é por causa da segurança, mas eu não sei se isso realmente muda ou não. Mas a verdade mesmo é que reclamam de tudo que se faz. Se faz corrida na rua, reclamam que é perigoso. Reclamam da chicane, reclamam da reta... o pessoal tinha que reclamar menos e andar mais. Se colocaram uma chicana pra nossa segurança a gente tem que agradecer, dar um voto de confiança. Eu achei legal do jeito que ficou.

 

Ricardo Mauricio – Piloto da equipe Full Time Eurofarma.

O carro da Stock Car é um segundo, um segundo e pouco mais rápido que o carro da Porsche talvez a questão da segurança na curva do café pudesse ser resolvida com a aplicação de uma bandeira amarela no local e a diferença entre as categorias está em em algo que temos há alguns anos na Stock Car e que a Porsche não tem: o “botão de push”.

 

Com o “botão de push” um carro da Stock Car ganha algo perto de 80 cavalos em relação ao competidor que está sem o botão acionado tem uma desvantagem e o carro com o botão acionado tem um ganho de velocidade e pode chegar naquele ponto lado a lado com um competidor mais lento, que instintivamente vendo outro carro se aproximar vai tentar defender a posição, mudando a trajetória e isso pode ficar perigoso. É difícil dizer se é certo ou errado ter a chicane. Uma faixa branca pintada no asfalto poderia delimitar a partir de onde se pode tentar buscar a ultrapassagem, por exemplo.

 

A nova chicane tem mais cara de chicane. A outra era muito rápida e esta não, é bem o que se queria, parar bem o carro, se posicionar, fazer um bom contorno e teve o conceito correto, foi um projeto bem melhor e uma decisão correta. Não comprometeu nada em termos de área de escape uma vez que a primeira perna é bem lenta, tem que reduzir muito para contornar. A outra chicane a gente fazia em terceira marcha, era muito rápido e podia o carro pular na zebra e virar pra dentro e agora não.

 

Sergio Jimenez – Piloto da equipe G-Force.

Desde que eu estou na categoria, 2013, que as corridas são disputadas com a chicane, até o ano de 2016 com aquela primeira e em 2017 com esta nova. Com a chicane anterior a gente virava na casa de 1m38s. com esta estamos virando 1m42s. É uma chicane bem mais lenta. Sem chicane acho que daria para virar na casa de 1m36s, que era o tempo dos mais rápidos na Porsche.

 

A VICAR tem esta decisão de usar a chicane por conta dos dois acidentes que aconteceram naquele trecho da pista e que tiveram fatalidades. As provas FIA não usam a chicane, como é o caso da Porsche GT3 Cup Challenge.

 

Essa chicane nova é bem mais lenta, tem que reduzir para a primeira marcha pra fazer a primeira parte e a anterior tinha um jeitinho de fazer ela bem rápido. Ela era mais rápida, mas destruía muito o carro e houve uma pressão para que se fizesse uma chicane mais travada. Mas a gente tá aqui pra correr. Com ou sem chicane, é sentar no carro e buscar fazer o melhor.

 

Waldeno Brito – Piloto da equipe Carlos Alves Racing.

A resposta está na potência. Durante toda a corrida da Porsche Cup os carros tem a mesma potência enquanto na Stock Car você tem o ‘botão do push’ que te proporciona uma diferença de velocidade entre o carro com ‘push’ e o carro sem ‘push’ desde a saída da junção para chegar no ponto mais perigoso do circuito, que é feito de pé cravado e a mais de 200 Km/h e onde, se houver um acidente este pode ser fatal.

 

O carro com o push chega na curva do café 10 a 15 Km/h mais rápido do que o sem ‘push’ na curva do café. Caso um feche o caminho do outro em uma defesa de posição, o risco de acidente é muito alto. O único motivo para que se use a chicane nas corridas da Stock Car é esse.

 

Quando aconteceram os acidentes com o Sperafico e o Sondermann já havia o uso do ‘nitro’ como recurso para aumentar as ultrapassagens. Quando colocaram a chicane, impediram o ganho antes dela. Hoje, se você aciona o ‘botão de push’ logo na saída da chicane, o ganho só vai se dar praticamente na linha de chegada.

 

Eu achei essa chicane nova muito parada. Eu, particularmente, preferia a anterior, apesar de ser mais arriscado de se ter um acidente na sua saída, onde uma passada mais forte na zebra podia desequilibrar demais o carro, eu gostava mais. Mas se é pela segurança e como a gente precisa ter a chicane para segurar o ‘push’ para depois da curva do café, a gente usa, mas acho que todos os pilotos preferiam fazer sem chicane e de pé cravado.

 

Felipe Giaffone – Presidente da ABPA.

A nova chicane foi uma iniciativa nossa da ABPA junto com o Luiz Ernesto (Nota dos NdG: Luis Ernesto Morales, engenheiro chefe do GP Brasil de F1), junto com a direção do autódromo e também o pessoal do motociclismo porque mesmo sabendo que 95% das pessoas não gostam da chicane, a proposta foi ter a chicane para quem quiser usar, usá-la, como vai ser o caso da Stock Car e das categorias de motociclismo.

 

A Stock Cart tem a questão do ‘push to pass’, que poderia levar dois ou três carros a chegarem juntos na curva do café, em altíssima velocidade e no caso das motos, a falta de uma área de escape na curva do café tornava a curva muito perigosa. A curva, em eu traçado original, continuou intacta e as categorias que vão usar a pista passam a ter a opção: usar ou não a chicane.

 

A chicane anterior não era uma chicane boa. Danificava os carros, as zebras podiam jogar o carro para dentro da pista e o projeto desta nova chicane visava termos uma chicane mais lenta, com zebra mais baixas. O Luis Ernesto apresentou três opções de chicane para nós na ABPA e a nossa escolha foi a viável mais barata. Havia uma outra opção que, tecnicamente, era mais interessante, mas que o custo era muito alto para ser executado.