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Velocidade em 2 desertos e uma estrela a mais no céu PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 14 January 2018 22:56

Olá Leitores,

 

Parafraseando aquele comercial da TV, a chamada da coluna continua a mesma, mas a cara feia aqui do lado, quanta diferença! Apesar de feios e gordos, eu tenho mais cabelo e sou mais simpático!

 

O Alexandre Bianchini está de férias, como é normal nesta época do ano, e nesta semana a responsabilidade de elevar as Rotações por Minuto até bater no limitador está comigo. Sendo assim, chega de encher linguiça e vamos ao que interessa.

 

Começamos nossa coluna falando da primeira competição oficial do esporte a motor, independente do número de rodas envolvido: O “De Cá”, a versão transplantada para a América do Sul do Rally Dakar, que deixou de ser disputado atravessando as areias do deserto do Saara por razões político-religiosas, patéticas e irracionais.

 

Mais uma vez (que surpresa, não?) o Brasil ficou longe do trajeto da competição, que este ano passará pela Bolívia, Peru e Argentina. E este ano as longas e perigosas especiais tiveram a volta das dunas de areia, que eram uma característica de quando a competição era disputada em seu local de origem.

 

O legal do “De Cá” é que ao invés dos desafios originais do Dakar quando este era disputado em quase toda sua totalidade na África onde o percurso era quase todo no deserto, no “De Cá” os desafios são múltiplos. Tem desertos escaldantes com dunas, pedras, montanhas sem fim, trechos em altitude de mais de 4000 metros com frio e gelo, todo o tipo de piso que um piloto de Rally pode enfrentar e especiais de centenas de quilômetros.

 

Seja do lado de lá do oceano atlântico, seja do lado de cá, o grande nome desta competição, com 13 títulos conquistados é Stéphane Peterhansel  e que está na disputa por mais uma conquista ao volante de um Peugeot 3008, na despedida da montadora francesa da competição. O francês tinha a liderança até o sábado, mas como certa vez escreveu Carlos Drumond de Andrade, “no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho” e Peterhansel acertou-a em cheio, danificando o carro com tal gravidade que por pouco não abandonou a competição. Perdeu a liderança para o inoxidável Carlos Sainz, um dos maiores pilotos de Rally da história. A disputa ainda está aberta entre o Monsieur Dakar, O interminável Carlos Sainz e o “Lawewnce das Arábias”, Nasser Al-Attiyah. A disputa do “De Cá” vai até o próximo sábado.

 

Contudo, para mim, o grande personagem não é nenhum desses, mas Yazeed al-Rajhi, um outro nobre árabe que foi protagonista de dois feitos inusitados nesta última semana. Primeiro, ele conseguiu bater de frente, no meio do deserto, com outro competidor da sua própria equipe, Boris Garafulic. Alguém até poderia culpar o outro carro, fazendo uma daquelas piadinhas aqui do Brasil só porque o navegador do piloto chileno era português (Filipe Palmeiro), mas três dias depois ficou claro que quem tinha um sério problema de senso de direção era a dupla formada pelo nobre árabe e seu navegador, Timo Gottschalk. Depois de saltar algumas dunas no litoral peruano eles, literalmente, deram com os burros n’água, mergulhando seu Buggy Mini no oceano pacífico.

 

A participação brasileira nesta edição foi pequena. Apenas 7 bravos competidores estão enfrentando os desafios deste ano, mas nos SxS, denominação dos UTVs, a dupla brasileira, formada por Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin vem ampliando sua vantagem etapa após etapa, com mais de 1 hora e 34 minutos de vantagem para a dupla que vem em segundo lugar. Mas neste tipo de competição, não tem campeão por antecipação.

 

Atravessando o oceano e indo para outro deserto, no Campeonato Mundial de Carrinhos de Pilha, a etapa de Marrakesh trouxe de volta a “normalidade”, aquilo que a gente não viu na rodada dupla de Hong Kong, onde as equipes Renault e Audi foram engolidas pelos concorrentes (e no caso da Audi, que na segunda prova do final de semana de abertura cruzou a linha de chegada na frente com Daniel Abt, mas foi desclassificada por usar uma peça irregular no carro, cometeram um erro grotesco).

 

Na etapa marroquina as coisas “voltaram ao normal”, com os carros das duas equipes andando entre os primeiros, exceto pelo herdeiro do tetra campeão Alain Prost, Nicolas, que não acompanhou o ritmo do seu companheiro de equipe, Sebastien Buemi, mas que protagonizou uma das grandes, senão a melhor, ultrapassagem da corrida.

 

Na corrida, Buemi mostrou porque é um dos melhores pilotos da categoria. Depois de ter feito a pole position, largou bem e tomou a ponta. Contudo, não teve sossego um minuto sequer. Na primeira parte da corrida, antes da troca de carros, O suíço foi perseguido de perto pelo piloto da Virgin, o inglês Sam Bird. Lucas Di Grassi, que largou em 5º, ganhou uma posição logo nas primeiras voltas e vinha em 4° lugar quando o seu carro apresentou o mesmo problema que tirou suas chances de conquistar a pole position e o deixou fora da corrida.

 

O outro brasileiro, Nelson Piquet Jr. largou em 7º, perdeu duas posições antes da segunda curva mas recuperou uma delas ainda na primeira volta e logo voltou para o 7º lugar. Graças a lambança do Daniel Abt que tentou passar pelo meio do carro do Alex Lynn, ganhou mais duas posições e em seguida deu um “olé” no Hermano Kamikase, Pechito Lopez, mas o argentino recuperou a posição antes da troca de carro... e conseguiu perdê-la durante a mesma!

 

Na segunda parte da corrida o Sueco Felix Rosenqvist passou a ser o perseguidor do líder Buemi depois que ultrapassou Sam Bird. Não demorou para a vida do suíço virar um inferno, mostrando-se nos retrovisores todo o tempo. Buemi tinha um “FanBoost” a seu favor, mas a mostra do consumo de bateria mostrava que o suíço teria que administrar o consumo, mas com o sueco no encalço, não seria fácil. Difícil foi acreditar no vacilo que ele deu faltando 3 voltas para o final, abrindo para fazer uma curva deixando espaço para passar um bitrem desses com 30 pneus que vemos na estrada. O sueco não desperdiçou. Passou, abriu uma pequena vantagem e foi para o abraço. Ganhou a corrida e assumiu a liderança do campeonato, 4 pontos à frente de Sam Bird. Piquet Jr. está em 4º, e Lucas DiGrassi continua sem pontos. A próxima etapa vai ser no Chile.

 

As corridas da Fórmula E são no sábado e, no domingo, as equipes colocaram os carros nas mãos de diversos candidatos à piloto da categoria... e não faltou piloto! Diversos pilotos do DTM e do WEC.

 

Pela manhã Paul di Resta, que foi reprovado no “vestibular” da Williams marcou o melhor tempo, com 1m22.343s, usando um carro da Jaguar, 90 centésimos melhor do que o de James Rossiter, segundo colocado com um carro da Techeetah. O terceiro lugar coube a Joel Eriksson, de Virgin. Os três ganharam destaque na segunda metade do treino. Maximilian Günther, que liderou a primeira das três horas de pista. Terminou em quarto e Antonio Giovinazzi, piloto do programa da Ferrari na F1, completou o top-5. Pietro Fittipaldi, também com o carro da Jaguar, foi o 6º, marcando 1m22.791s. 448 milésimos mais lento que o escocês.

 

Na parte da tarde o herdeiro da família real Fittipaldi melhorou e cravou o segundo tempo do período, ficando atrás apenas do alemão Nico Müller, que bateu o recorde da pista, cravando 1m19.651s, quase um segundo mais rápido que Pietro Fittipaldi que marcou em sua melhor volta 1m20.597s, dando o troco em Paul di Resta que ficou em 4º com 1m20.774s.

 

O final de semana terminou com uma notícia triste: faleceu um dos grandes pilotos da F1 dos anos 60, Dan Gurney era um pilotos que não conseguiu ser campeão do mundo (o que pra muito “entendido” aqui no Brasil seria o suficiente pra chamá-lo de perdedor, medíocre e alguns apelidos jocosos), mas como ele é americano e lá eles entendem de automobilismo, sabiam que ele era um piloto respeitadíssimo, tendo vencido corridas na F1, F. Indy e NASCAR, como forte adversário no grid e tendo sido uma das primeiras vozes a se levantar sobre questões de segurança. Aos 86 anos, Dan Gurney vinha sofrendo com problemas de saúde não resistiu as complicações de uma pneumonia. Uma estrela a mais a brilhar no céu.

 

Felicidades e velocidade,

 

Paulo Alencar

Last Updated ( Sunday, 14 January 2018 23:31 )