Olá leitores! Como previa, não foi fácil conseguir uma consulta com o Pai Alexandre, acabei sendo recebido no meio da tarde do dia 30/12, com a chuva que caía de forma intermitente na capital paulista fazendo com que o trânsito se assemelhasse aos dias que a população não foi viajar de férias, e obrigando ao uso do ar condicionado no carro para manter a temperatura interna em patamares decentes. Levando em conta a gasolina a R$ 4,00 o litro na média, e o consumo do motor GM Família II aumentando cerca de 1 a 1,5 km/l com o ar ligado, cheguei meio preocupado à consulta... Pai Alex recebeu-me e fomos para a sala de atendimento, onde ele já estava com a mesa preparada. Coloquei o gravador sobre a mesa, ele serviu dois copos de cerveja importada e começou com os búzios... - Pai Alexandre, e a Fórmula 1 em 2018? “Ah, a categoria de chinelos de dedo? Vai ser mais ou menos o que foi esse ano, o funkeiro (Hamilton) deve conseguir o quinto título, novamente em cima dos coices em falso dos cavalinhos (Ferrari), com os touros bravos (Red Bull) incomodando onde não precisar acelerar muito... e o chiliquento das Astúrias (Alonso) vai continuar reclamando, só que dos franceses e não dos japoneses. A turma do fundão vai continuar apanhando, e a chance dos americanos (Haas) saírem no final do ano é razoável se não aparecerem os resultados. Menos mal que não vamos ter o filho de piloto com nome estranho (Jolyon Palmer) largando, já vai ajudar bastante na qualidade da corrida. O filho do papai (Stroll) vai bater menos, o que deve dar para sobrar um pouco mais de verba para desenvolver o carro, mas dificilmente terá alguma chance de pódio. Os búzios só não estão dando resultado para os rosados, espere um pouco que vou consultar as cartas... é, saiu a carta da roda da fortuna. Basicamente, se um não bater no outro o resultado pode vir. É a grande incógnita...” disse isso e terminou de beber o que tinha servido. - E o que podemos esperar para a Indy? “Tem sangue novo lá, e a parceria com o bicudo na mesma equipe vai ser boa, ele pode aprender muito em uma equipe pequena e com um parceiro que se dá bem em equipes de menor porte. Aposto em um belo ano para o menino Matheus (Leist), a curva de aprendizado dele deve ser muito boa. Também vejo que os novos carros vão deixar de agredir a vista e dar um melhor espetáculo para o público, e acho que com o novo carro a vantagem do cabeça branca (Penske) sobre o barrigão (Ganassi) deve ser menor. Como sempre, alguma das equipes menores pode ganhar provas, mas a decisão do título fica com as grandes. É uma categoria difícil de fazer previsões, mas tem tudo para ser melhor do que esse ano”. Ele quis servir mais bebida, mas como eu fui de carro recusei. Ele me trouxe água com gás gelada e se serviu novamente. - O que podemos esperar das provas de longa duração, Pai Alexandre? “Ah, os japoneses (Toyota) vão ser campeões, mas de novo na corrida mais longa (24 Horas de Le Mans) vão morrer na praia de novo, eles precisam fazer um banho de descarrego forte na equipe toda, colocar uns patuás no carro, muita energia negativa em torno deles... as outras categorias devem dar um bom espetáculo, muita gente boa correndo, gente querendo mostrar serviço, vai ser uma coisa muito bonita de se ver...” E os brasileiros? “Ah, vão ter que mostrar serviço esse ano, a concorrência é muito grande, não vai ser tranquilo de manter a posição de destaque que tiveram esse ano. Precisam trabalhar muito...”. - E nos carros elétricos? “Os liquidificadores com rodas vão continuar dando sono nos espectadores com aquele barulho, então os pilotos vão ter que fazer um grande serviço para manter o interesse na categoria... e nem as cartas nem os búzios mostram que o caminho dos brasileiros vai ser tranquilo, o sucesso vai vir com muito trabalho, principalmente para o filho do campeão (Nelsinho Piquet), ele tem um duro trajeto pela frente... os narigudos (Buemi e Prost) devem dar trabalho.” - O que o futuro reserva para o WRC? “Um ano melhor que esse que acabou. Os franceses (Citroën), ingleses (Ford) e coreanos (Hyundai) devem ter uma briga intensa até o final da temporada, e o título não vai ser decidido por antecipação esse ano não, vai até a última especial. Não se espantem se o belga (Neuville) levar o troféu para os coreanos, o piloto e o carro melhoraram bastante, e o resultado seja das cartas como dos búzios indica que o crescimento pode continuar.” - E na NASCAR, Pai Alexandre? “Muita gente, os autódromos estarão mais cheios esse ano. A disputa pelo título deve ser mais acirrada, mas o atual campeão (Truex Jr.) pode repetir o feito, tem tudo para isso, ele e a equipe estão em um momento iluminado... mas tem que ter cuidado com o Homem do Sete (Jimmie Johnson), ele está motivado para se tornar o maior de todos, e tem o Odiado por Todos (Kyle Busch), que cresce e renova as forças quanto mais a torcida odeia ele, quase deu para ele esse ano, e pode ser de novo ano que vem...” - e o Mundial de Carros de Turismo, o WTCR? “Ah, o Mundial de Carros de Combate vai ter mais gente correndo, portanto mais gente batendo, e por isso fica difícil prever o campeão. Mas não deve ser esse sueco que ganhou não (Björk), ele teve sorte esse ano, não vejo a sorte favorecendo ele de novo com tanta força. Talvez algum piloto que fale francês ou espanhol, as chances aparecem iguais para ambos...” - E aqui no Brasil, Pai Alexandre, como será a Stock Car? “Vai melhorar em relação a esse ano, mais gente de boa qualidade na pista, deve dar para trazer mais público para os autódromos, e ajudaria se fizessem um acordo para que a largada das provas transmitidas pela TV começasse uma hora mais tarde, tem vezes que assisto a corrida ainda de pijama, isso não ajuda a levar as pessoas para a pista.” - E os caminhões? “A categoria dissidente (Copa Truck) começou muito bem, e vai crescer muito, até o final do ano deveremos ter excelentes notícias para a categoria, os búzios só pedem para que tenham cuidado com a inveja e a dor de cotovelo, maus fluidos podem estragar o ambiente positivo. A categoria original não deve voltar, olha só, saiu a carta do Enforcado, e os búzios também não dão um bom cenário.” - O que o futuro aponta para as outras categorias? “Muita dificuldade, ano de Copa do Mundo, o pouco dinheiro que tem deve ser investido em futebol, mas se sobreviveram a 2016 e 2017 a tendência é conseguir sobreviver a 2018 também. O pessoal dos regionais já sabe como é essa vida dura, o de algumas categorias nacionais vai ter que aprender a fazer muito com pouco também. E as melhores saídas para o jovem piloto brasileiro ainda são Cumbica e Galeão, esse é um país que não gosta de automobilismo, gosta de ver brasileiro andando na frente, o que é bem diferente. Triste isso”. Dito isso, terminou com a garrafa de saquê. - E nossos autódromos, Pai Alexandre? “Vão ter o destino que a população quiser. Se a população quis a preservação, vai ser preservado, onde votaram para transformar em condomínio ou centro comercial, vai ser transformado... infelizmente o povo não tem inteligência para entender esporte mais complicado que futebol, então a única praça esportiva que vai para frente aqui são os estádios, qualquer outra coisa não tem futuro...” e saiu da mesa, cambaleando até o sofá para se deitar. Achei que era o momento para me despedir e ir embora. Desejo a todos vocês um 2018 mais leve e com energias melhores que as de 2017, que no geral não foram das mais proveitosas. Agradeço a todos por prestigiarem a coluna, e continuarei fazendo meu melhor por vocês. Até a próxima! Alexandre Bianchini
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