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Felipe, um verdadeiro campeão PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 28 November 2017 19:51

Olá fãs do automobilismo,

 

O fato de eu estar morando há alguns anos em San Diego, na California, fez com que eu ficasse mais acessível para os meus pacientes do que quando eu morava em Cuiabá, devido a nossa maravilhosa malha aérea do Brasil. Em todo caso, aqui onde eu estou ainda fica um pouco fora de rota para meus pacientes virem até aqui, especialmente quando as corridas acontecem com o intervalo de apenas uma semana entre uma e outra.

 

Mas existem exceções, como foi o caso entre as corridas dos Estados Unidos e do México, quando tive que trabalhar três expedientes entre segunda e quarta-feira para conseguir atender todo mundo. Naquele intervalo, uma das consultas me deixou bastante triste foi quando Felipe Massa avisou que aquele era seu último ano na Fórmula 1 e que, desta vez, não teria mais “desaposentadoria”.

 

Antes de seguir para Abu Dhabi, Felipe retornou ao meu consultório e estava bastante tranquilo. Sabe aquela serenidade que que sempre tomou a iniciativa, fez a sua parte e o máximo possível para sua equipe? Mesmo quando o resultado não é o esperado, muitas vezes por forças externas fora do seu controle. Felipe pode seguir a vida com o imenso prazer de todos os dias o imenso poder dormir com a tranquilidade de ter feito tudo para dar certo.

 

Apesar do volume financeiro trazido pelo seu novo companheiro de equipe – o canadense Lance Stroll – e de nomes de peso como o de Paddy Lowe para liderar os trabalhos da equipe, o projeto do FW40 foi feito praticamente pelo mesmo time que fez o FW39, carro que deu mais dores de cabeça do que alegrias no ano passado. A probabilidade é que o sofrimento continuasse... e continuou. Foram raras as corridas em que a Williams conseguiu ser competitiva, mesmo no bloco intermediário.

 

Assim como em 2016, em 2017 a Williams não construiu um carro eficiente e isso pesou nos resultados.

 

Felipe disse, não apenas aqui, mas ao longo de todo ano a quem quisesse ouvir que a equipe trabalhou com o que podia, mas que não conseguia fazer o carro melhorar e, dependendo da pista, os problemas do carro ficavam mais acentuados e assim o plano de ficar à frente da Force Índia, equipe que também recebe o motor Mercedes, foi ficando inalcançável. Pior que isso, a proximidade que Renault, Toro Roso e Haas estavam e, salvo quando não tinham problemas de motor, a McLaren. Esta última especialmente a partir da segunda metade do campeonato, quando a diferença de potência pareceu estar menor.

 

Para conseguir estar entre os 5 primeiros Felipe e a Williams precisava que algum fator fora do convencional acontecesse, como foi o caso do GP de Baku e este Felipe falou algumas vezes durante o ano. Afinal, não fosse um problema em uma das barras da suspensão, ele sabe que poderia não só ter terminado no pódio, bem como conseguir uma surpreendente vitória.

 

Em todos estes anos de relacionamento aqui no consultório Felipe sempre foi uma pessoa extremamente educada e sempre procurou trabalhar de forma a que nós, juntos, pudéssemos encontrar as respostas que ele buscava. 2010 foi um ano difícil, com o retorno após o acidente e com a condição que Fernando Alonso conseguiu implantar na equipe. Mas ele conseguiu erguer-se e voltar a ser competitivo.

 

Em Baku, o improvável poderia ter acontecido e Felipe ter vencido a prova. Foi traído por uma barra de suspensão.

 

Felipe, pela sua maneira de ser, simples e acessível, tornou-se uma pessoa querida em todo meio da Fórmula 1. A maior prova disso foi o que vimos no ano passado no GP Brasil, quando Felipe voltou caminhando desde a saída da curva do café até os boxes e passando pelas equipes que tinham boxes antes da posição reservada aos carros da Williams, ele foi aplaudido por todos os integrantes ao menos visíveis da Mercedes, Ferrari, Red Bull, Force Índia...

 

Ainda tentei provocá-lo, mais uma vez, mencionando as críticas e comentários que alguns brasileiros fazem em redes sociais e que não refletem em nada a trajetória de um piloto que foi vice campeão mundial de Fórmula 1, que foi um vitorioso em todas as categorias de acesso até a chegar a ser contratado pela Ferrari, que esteve na categoria por 15 anos sem ser piloto pagante. Polido e educado como sempre, Felipe preferiu lembrar que as pessoas tem direito de pensar diferente do que pensam as pessoas que fazem a Fórmula 1, a mídia esportiva que acompanha a categoria e as pessoas que vão aos autódromos sempre o apoiaram e a reação do público por onde ele passa transmite uma energia muito positiva.

 

Na sua despedida deste ano em Interlagos, Felipe foi aplaudido pelos torcedores que invadiram a pista.

 

Mas nem tudo são sorrisos e reconhecimento. A Williams demorou a tomar uma posição sobre qual seriam seus pilotos para 2018 e Felipe viveu uma expectativa de continuar o trabalho deste ano e por isso não estabeleceu negociações com outras categorias. No ano passado Felipe por pouco não assinou contrato para correr na Fórmula E. Este ano ele não buscou uma posição na emergente categoria e, com a demora na definição do futuro na Fórmula 1, as vagas disponíveis foram preenchidas e com uma equipe de fábrica a menos no Mundial de Endurance, as opções também são menores.

 

O tamanho do papel de Felipe é tamanho a nível mundial que o presidente da CBA, Waldner Bernardo, convidou-o para ser o representante do Brasil no Conselho Mundial do Esporte a Motor na FIA. Finalmente temos um piloto, um representante que entende as dificuldades que todos os pilotos passaram e passam no seu trabalho para ser reconhecido e respeitado. Uma prova deste respeito também vem do exterior. Felipe teve seu carro direcionado para a reta de chegada após o final da corrida em Abu Dhabi. Foi aplaudido de pé nas arquibancadas e abraçado por todos na saída para os boxes.

 

Em Abu Dhabi, a FOM homenageou Felipe, dirigindo seu carro para a reta, junto com os vencedores.

 

Felipe, você é um grande homem! Seja feliz, viva feliz, obrigado por tudo e se puder, faça ainda mais por quem ama o automobilismo como nós.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares