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A Síndrome de Holofotes PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 10 November 2017 11:18

Antes de escrever essa coluna eu mandei um twitter para nossa “chefinha” como ela mesmo falou que agora é (Catarina Soares, colunista aqui do site), que é psicóloga e perguntei se existia alguma coisa na área dela que eu pudesse chamar de “Síndrome de Holofote” ou coisa parecida para aquelas pessoas que tem uma carência de estar sempre em manchetes de jornais, revistas, televisão e na mídia eletrônica.

 

Ela disse que desconhecia, mas que riu muito do nome da tal “Síndrome” e perguntou em quem eu a tinha diagnosticado. Eu falei que era no Bom Velhinho, que se ela não conhecia algum caso parecido a gente também ia poder chamar de “Síndrome de Ecclestone”. 140 caracteres de “hahaha” depois, ela disse que ainda vai botar o Bom Velhinho no Divã. Essa eu não perco... na verdade, leio todas.

 

Mas voltando ao problema psicológico do ex-mandatário da Fórmula 1, pense num cara que tem a necessidade sem tamanho de “aparecer”... como ele agora é casado com uma brasileira e é amiguinho do prefeito Ralph Loren, não duvido que apareça em Interlagos para desfilar pelo apertado paddock e fazer aquilo que ele adora: criar “factoides!” Como ele fazia isso na época que mandava na categoria, que ele ditava regras, que tinha força pra depor e colocar presidentes na FIA.

 

Acontece que o tempo passa, o tempo voa, e o Banco Bamerindus deixou de existir 20 anos atrás e a propaganda deixou de passar na televisão. E foi exatamente isso que aconteceu com o Bom Velhinho neste ano de 2017: ele deixou de passar na televisão. Deixou de passar na televisão, na rádio, na internet, nas revistas, nos jornais... ele está virando passado mais rápido do que ele mesmo não imaginava, provavelmente.

 

A porta da rua é serventia da casa. Bernie Ecclestone anda longe dos autódromos em "tempos de liberdade".

 

Tá na cara de todo mundo que acompanha a Fórmula 1 que o time do Bigodão e seus Cowboys começaram a mudar  cara da categoria de uma maneira que para o “bom Velhinho” é motivo para cortar os pulsos. Como assim ir buscar um moleque chorão na arquibancada e colocar na área vip? Como assim quebrar os protocolos e o piloto que ganha a corrida no seu país deixar de dar entrevistas e cair “nos braços da galera”? Como assim fazer uma “apresentação tipo NBA” para os pilotos antes da corrida?

 

No começo do ano o “Bigodão” até tentou ser educado com o “Bom Velhinho”. Convidou-o para algumas corridas, pendurou um monte de crachá no pescoço dele para ele transitar por onde quisesse, mas não demorou muito pra perceber que tratava-se de um “velhinho-problema”, comentando negativamente e tumultuando o ambiente. Aquela coisa de “presidente de honra” ou sei lá que termo foi usado acabou antes do meio da temporada.

 

A relação de Bernie Ecclestone com a Ferrari era, no mínimo, muito íntima.

 

Mas daí a esperar que o “Bom Velhinho” fosse cuidar dos seus negócios em Londres, da sua plantação de café aqui no Brasil ou fosse passear na praia de mãos dadas com a esposa que poderia ser sua neta... ah, mais fácil espera que caia uma nevasca no Ceará! E como qualquer um poderia esperar, bastava uma boa oportunidade para ele criar um mundo de conspirações, armações e podridões no mundo da Fórmula 1, e patrocinadas, articuladas, por ele!!!

 

Terreno mais fértil ele não poderia arranjar para isso que não a histérica mídia italiana. No final do mês ele deu uma longa entrevista para o jornal La Repubblica, o segundo diário da Itália por tiragem depois do Corriere della Sera de Milão, dizendo que a Ferrari só ganhou tudo o que ganhou nos últimos 25 anos porque ele ajudou e que, no tempo que o Max ‘Chicotinho’ Mosley era o presidente da FIA, entre 1993 e 2009, era mais fácil fazer e que a Ferrari precisa estar sempre vencendo e que uma Ferrari forte, mesmo quando derrotada, o título da equipe adversária tem mais valor.

 

Até 2008/2009, Bernie Ecclestone e Max Mosley eram muito amigos... Mosley foi apoiado por ele para a FIA.

 

Numa coisa, no meio do monte da absurdos que ele falou, ele tem razão: o fato da Ferrari estar na Fórmula 1 desde 1950 faz da equipe italiana um patrimônio da categoria e do automobilismo, e sendo assim, um tratamento diferenciado precisa ser dado ao menos como forma de agradecimento a toda esta longevidade e parceria, mas também não é para baixar a cabeça e dizer “amém” para tudo o que o pessoal lá de Maranello quiser.

 

Até chegar ao ponto de que a Mercedes ajudou a melhorar o motor da Ferrari para esta ser mais competitiva e dar uma “endurecida” na disputa do campeonato o “Bom Velhinho” falou, dizendo que as duas equipes se juntaram para que a Red Bull não tivesse condições de brigar com elas e que, no passado, a Honda já tinha feito isso também (pelo visto a grande inimiga é a Renault!).

 

Segundo Ecclestone, nesta época eles "ajudaram muito" a Ferrari, mas diante das câmeras, brigavam sempre.

 

Lendo isso eu me lembrei de uma daquelas entrevistas bem sacanas que o Nelson Piquet gostava de dar quando ele pegou uma jornalista que vivia dentro dos boxes da equipe onde ele estava e num daqueles dias que ele estava com o saco arrastando no chão ele virou pra jornalista e falou que ali na Fórmula 1 era tudo arranjado, que era um jogo de comadres para todo mundo ganhar, fazer parecer que era competitivo, mas que não era nada daquilo. A coitada, inocente, escreveu tudo e publicou... deu uma confusão sem tamanho e o Piquet quase morre de tanto rir.

 

A metralhadora giratória do “Bom Velhinho” teve mesmo o gatilho disparado pelo que ele viu no Grande Prêmio dos Estados Unidos, com aquela apresentação de pilotos estilo jogo da NBA ou do Futebol Americano, com os pilotos perfilados na frente dos boxes. Aquilo que todos aplaudiram – os presentes e nós que vimos pela televisão – deixou o ‘véio’ indignado. Até críticas aos macacões dos pilotos da Force India ele fez... “onde já se viu piloto de macacão rosa”? Aqui o pessoal dos grupos LGBTs iria cair matando nele.

 

A política e a forma de gestão da Ferrari mudou, mas segundo Ecclestone, ele fazia tudo para ajudar.

 

Como ele quer ver mesmo o circo pegar fogo, ele está torcendo para que aconteça a maior briga entre o Grupo Liberty do “Bigodão” e o Sergio Marchionne, ‘Capo’ Supremo da Ferrari com relação aos motores para a temporada de 2021 e, claro, a redistribuição de renda que os americanos querem fazer para que as equipes menores fiquem mais fortes e que haja possibilidade de novas equipes entrarem na categoria.

 

Como de costume, a Ferrari – independente de quem a esteja presidindo – está ameaçando deixar a Fórmula 1, algo que não vai acontecer. Afinal, é a Fórmula 1 a maior vitrine, o maior canal de publicidade que a Ferrari tem para vender seus carros, atrair olhares e abrir mercados. No final, eles vão abrir mão de menos do que a FOM deseja e vão ainda deixar algumas coisas do jeito que ela quer no futuro pacto da concórdia.

 

A verdade é que o outrora "gigante" Ecclestone tornou-se um anão, carente de holofotes e atenção.

 

E o que será de Bernie Ecclestone? Se ele pensa que vai um dia voltar, reconduzido ao seu antigo trono de quem mandava na categoria, que proibiria Fernando Alonso de correr as 500 Milhas de Indianápolis, que não permitiria a punição de Max Verstappen ou que continuaria sua briga contra Jean Todt, presidente da FIA, tenho certeza que a única coisa que ele conseguirá é continuar a produzir seus “factoides” para que possamos dar umas boas risadas.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva