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Felipe, o grande PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 08 November 2017 19:47

Caros Amigos, no ano passado, enquanto o país estava em “clima olímpico”, escrevi sobre aquilo que pouco tempo depois foi anunciado oficialmente: Felipe Massa estava fazendo sua última temporada como piloto de Fórmula 1. O contrato de três anos com a Williams, por todos os sinais que a equipe estava dando, não seria renovado, mas nenhum posicionamento oficial havia sido tomado por nenhuma das partes até setembro, quando um comunicado oficial confirmou o que estava evidente nas entrelinhas.

 

Felipe, alvo de todo tipo de chacota por parte dos que dizem gostar de automobilismo, ficando apenas atrás do “insuperável” Rubens Barrichello no quesito depreciação de um esportista nacional, acabou tendo uma “sobrevida”, com a “aposentadoria” de Nico Rosberg e a ida de Valtteri Bottas para a Mercedes. Com a recusa de Jenson Button em deixar a McLaren, Felipe foi convidado a assinar um novo contrato com a equipe inglesa. Teria ele feito a coisa certa?

 

Um piloto, como a maioria dos profissionais que fazem aquilo que querem na vida profissional, é um apaixonado pelo que faz e Felipe Massa ouve ronco de motores desde o útero, quando seu pai, Titônio, era piloto de categorias nacionais de turismo. A bicicletinha e o kart são contemporâneos em sua vida então, ninguém tem o direito de julgar Felipe por nenhum dos seus atos.

 

Se no ano passado as coisas não foram tão boas, este ano estão sendo terríveis. A Williams perdeu a mão na concepção do carro e os carros brancos com faixas vermelhas e azuis desde 2015. Em 2016 deixaram de frequentar as primeiras filas do grid de partida e nem mesmo o poderoso motor alemão tem conseguido fazer a diferença, com a Williams andando atrás de Ferrari, Red Bull e mesmo da Force Índia, que também usa motores Mercedes e em 2017 ficou pior ainda, brigando contra Renault, Haas e Toro Rosso.

 

Sendo bem realista, por maior que fosse a paixão pela Fórmula 1 ou mesmo pela Williams, Felipe Massa tinha boas possibilidades de ingressar na promissora Fórmula E. Assim como no ano passado, as outras equipes já definiram suas duplas para o ano que vem com uma boa antecedência. Ao invés disso, a Williams ficou, mais uma vez, fazendo joguetes e agora, de forma impressionante, andou testando pilotos que não deram certo na categoria como Paul di Resta ou o fisicamente limitado Robert Kubica em testes privados para ver quem poderia ser o piloto para estar ao lado de Lance Stroll, o grande financiador da equipe, independente de sua capacidade técnica.

 

Felipe Massa está completando sua  15ª temporada na categoria (seria a 16ª, mas em 2003, Felipe perdeu seu lugar na Sauber, ficando como piloto reserva dos alemães Nick Heidfeld e Heinz-Harald Frentzen). Ao longo de 12 de seus 16 anos de carreira na categoria, esteve ligado ligado à Ferrari, onde certamente aprendeu muito e tornou-se um piloto valioso como conhecedor de projetos e desenvolvimento, algo que não sei até onde os candidatos à sua vaga, que também inclui Pascal Vehrlein, aposta da fornecedora de motores onde um arranjo daria à Williams uma despesa a menos.

 

Ao longo desta semana, pude assistir os programas na televisão e a declaração do “nosso piloto” pela internet e percebi uma diferença: se em 2016 Felipe Massa havia conversado e, bem antes do final da temporada já havia sido decidido por sua não continuidade, desta feita deu-se a impressão que a situação foi sendo postergada até o período entre os GPs dos Estados Unidos e do Brasil.

 

Os mais esquecidos podem não lembrar, mas a Williams tem um “histórico” de falta de consideração com seus pilotos que vem desde os anos 80, quando saiu do final do grid (isso no final dos anos 70) para as primeiras filas. Em 1981 Carlos Reutemann foi praticamente “sabotado” na luta pelo título da temporada. No GP Brasil recebeu ordem – corajosamente desobedecida – para dar passagem ao então campeão do mundo, Alan Jones. Na etapa final, em Las Vegas, os membros da equipe comemoraram quando Jones – Australiano – colocou uma volta sobre o argentino.

 

Fatos piores se seguiram. Em 1986 a equipe perdeu o campeonato ao tentar favorecer um piloto mentalmente limitado (Nigel Mansell), o mesmo Mansell que, após a conquista do título em 1992 não teve o contrato renovado por conveniências com a Renault que queria o quarto título mundial de Alain Prost. Na mesma década, a equipe demitiu dois campeões do mundo: Damon Hill em 1996 e Jacques Villeneuve em 1997. Sendo eu um piloto, pensaria duas vezes antes de assinar um contrato com eles, a menos que tivesse grande salvaguardas, caso da conta bancaria da família Stroll ou dos motores da Mercedes.

 

A demora em uma definição sobre o futuro deixou Felipe Massa sem opções para a Fórmula E, mas ainda abre para ele perspectivas no Mundial de Endurance em seu novo formato. Quem sabe seja este o melhor caminho, por enquanto. Ao contrário de Rubens Barrichello, aos 36 anos seria um enorme desperdício de talento e capacidade técnica se ele vier a optar por vir correr na Stock Car em 2018, mesmo que em um esquema vencedor.

 

Quem conhece a história do menino do interior de São Paulo que foi correr na Itália sem dinheiro para toda a temporada e que dependia dos prêmios das vitórias para continuar correndo e que, vencendo, conquistou seu espaço e escreveu sua história, sempre irá respeitar você, Felipe. Quem não sabe, pode ficar postando coisas ridículas na internet. Você é muito maior que isso.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva