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Mediocridade e megalomania PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 07 October 2017 00:31

Nos meus tempos de aluno do ginasial no colégio estadual que frequentava aqui em Contagem, aprendi que o Brasil e a Argentina tinham uma rivalidade histórica, quase bélica, que precisavam competir em tudo para ter a supremacia do continente, que há um bom tempo é nossa, uma vez que os ‘Hermanos’ faliram e nós nos coroamos os reis dos esfarrapados da América Latina.

 

No automobilismo essa rivalidade era um massacre para eles até a segunda metade dos anos 60, quando conseguimos sair do ovo da mediocridade político-esportiva dos nossos cartolas e cruzamos as fronteiras, passando a rivalizar com o país e os ‘volantes’ do berço de Juan Manuel Fangio. A partir dos anos 70, atropelamos os portenhos com os títulos de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna e mesmo com os que vieram depois, não teve mais para eles.

 

Como “donos do pedaço”, a megalomania tupiniquim vem proporcionando há quase uma década um “fenômeno” chamado “Campeonato Sulamericano”. A finada Fórmula Truck, a Stock Car e até mesmo a Classe AAA Porsche GT3 Challenge Cup andaram fazendo regularmente corridas no país vizinho, que tem mais do que o dobro de autódromos (em número) do que nós, apesar de que, em uma grande parte deles, as condições de segurança “padrão FIA” simplesmente não existem. Algo que vem mudando nos últimos anos.

 

 

A Porsche GT3 Challenge Cup é um caso a parte: Uma categoria que faz corridas para eles mesmo, sendo seu “público” os próprios pilotos e, quando muito, seus familiares e alguns convidados. Diferente de outras categorias que correm atrás de meios para sobreviver, os carros são comprados pelos próprios pilotos e preparados pela mesma equipe técnica. A festa é boa e eles sabem escolher bem onde correm. Além do Autódromo Oscar e Juan Galvéz em Buenos Aires, eles também vão “passear” na estância hidrotermal de Termas de Rio Hondo, onde corre a MotoGP e o WTCC.

 

Tanto a Fórmula Truck nos seus anos em que correu em Córdoba e em Buenos Aires como a Stock Car que correu sempre na capital argentina, fizeram parte de uma programação com outros eventos locais, o que seria a garantia de um grande público presente, porque o argentino adora o automobilismo enche os autódromos em todas as categorias que lá são disputadas, ao contrário do que acontece aqui no Brasil, que nem a Stock Car consegue lotar um autódromo hã muito tempo.

 

 

Só que o que eu vi nesta última etapa disputada na Argentina, algo que há tempos não acontecia desde 2007 foi um autódromo às moscas, um atraso de uma hora na programação devido aos eventos locais e, quando chegou a hora da Stock Car correr, os argentinos já tinham indo embora fazer o seu churrasco! Eles (pilotos, donos de equipe, engenheiros e mecânicos) devem ter se sentido como o pessoal das categorias que correm com no “pacote VICAR” quando a corrida é passada pela TV aberta. Acabou a Stock, vai quase todo mundo embora e as outras categorias correm para arquibancadas praticamente vazias.

 

Um outro detalhe interessante é que, sendo a principal categoria argentina, a Super TC 2000 equipada com motores V8, com carros de SETE montadoras (enquanto nós somos uma “monobolha”), os hermanos não tem a menor pretensão de tornar seu campeonato “sulamericano” e de trazer corridas da categoria para nossos autódromos, mesmo os do sul do país. Em termos de comprometimento com o esporte a motor, eles estão quilômetros na nossa frente.

 

 

Até em “autodromosauros” eles também estão na nossa frente. O palco da corrida da Super TC 2000 e da Stock Car, apesar de terem sido no mesmo autódromo, não foram no mesmo circuito... porque o Autódromo Internacional Oscar y Juan Galvez tem QUINZE opções de traçado, enquanto nossos autódromo, quando muito, tem duas! Uma vergonha e uma falta de visão sem tamanho.

 

Mas agora Interlagos vai ser diferente... depois daquela coisa orrenda que nós batizamos de “a chicane do milhão” (por ter custado à época um milhão de reais) está ganhando uma “irmã mais velha”. Uma “chicanezona” enorme, engolindo a anterior para os menos habilidosos ou menos corajosos ou usuários de carros feitos com caixas de papelão usarem na subida do café.

 

 

Além desta “nova opção de traçado”, vai ter também um “atalho” no bico de pato. Uma obra que foi feita em 2014 para servir como pista de apoio para socorre e serviços em 2014 vai virar pista, criando assim uma enorme área de escape no bico de pato. O que estão dizendo é que estas duas chicanes vão ser uteis para as competições de moto e track days. O nosso reluzente presidente da CBA disse que a chicane do milhão não seria mais utilizada nas competições nacionais... mas e se os pilotos e promotores quiserem usar, a entidade vai impedir?

 

Nas últimas semanas tem um grupo de cabeças aparentemente pensantes conversando sobre o futuro de Interlagos. Desde a sua sobrevivência como autódromo como a sua adequação para poder passar pelas obras que são necessárias para atender a Fórmula 1 bem como fazer estas obras sem paralisar as competições nacionais e sem fechar o autódromo por meses como acontece todos os anos. Até o promotor do GP Brasil de F1, Tamas Rohonyi, desceu do pedestal para falar com os pobres mortais... afinal, se não tiver mais autódromo, onde é que ele vai ter o seu prejuízo anual de milhões de reais?

 

 

Além da necessidade de se fazer o autódromo funcionar, ainda tem a briga entre a liga de automobilismo que foi criada pelos insatisfeitos com a federação paulista e esta junto à administração do autódromo para saber quem vai poder correr em quais datas, o que já está sendo discutido em tribunal ao invés de se juntarem e correrem juntos (ver cópia dos documentos abaixo).

 

Em um recente programa de televisão, nosso companheiro colunista e diretor de provas, Sergio Berti, esclareceu como estão sendo as conversações e o alinhamento de ideias em torno de como usar melhor o circuito... isso quando não foi atrapalhado por um comentarista mala sem alça e sem rodinha que acha que Interlagos ainda estaria ali, intacto, sem a F1 no Brasil.

 

Salvo algumas poucas almas, nosso automobilismo é um antro de mediocridade e megalomania e quando se junta a este cenário um pseudopolítico como o atual prefeito da cidade, que vive a viajar – literalmente e na maionese – a situação só piora. Depois da não venda do autódromo para Bernie Ecclestone (que muito bem orientado por seus advogados brasileiros sabe que por aqui não pode confiar nos movimentos políticos e de quem com ele se movimenta), agora ele está dizendo que a Pirelli, empresa que fornece pneus para a F1 e praticamente todas as categorias nacionais e que os diretores da imprensa consideram a compra um excelente negócio.

 

Se o negócio é tão bom assim, porque ele mesmo não compra? E assim fico eu aqui morrendo de inveja dos vizinhos argentinos que tem automobilismo de verdade e autódromos de verdade.


 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

 

Last Updated ( Sunday, 15 October 2017 20:24 )