Ninguém nega a importância do Autódromo de Interlagos para o automobilismo brasileiro. Este fato é indiscutível. É a pista mais antiga e a que mais charme tem. Até por isso, e por receber a Fórmula 1 há vários anos, é chamado de o Templo do Automobilismo nacional. Charme, traçado que já foi melhor, mas acabou destruído, e o tempo instável são fatores que dão um toque especial a Interlagos.

No entanto, o grande problema, por mais paradoxal que possa parecer, é justamente receber a Fórmula 1, a mais badalada categoria de carros de corrida do mundo. Como receber a F1 é um problema? Incoerência de sua parte! Não. Infelizmente não é, pois se a categoria é boa para os cofres da Prefeitura e daqueles que ganham dinheiro com obras e mais obras, é péssima para o automobilismo brasileiro, inclusive o de base.

O grande problema é que Interlagos vive à mercê da Fórmula 1. Nada do que é feito ali é pensado para as categorias nacionais. Nada. Elas só usufruem, por poucos dias no ano, do que a F1 exige da Prefeitura de São Paulo para manter a corrida na cidade. Interlagos se prepara o ano inteiro para um evento e que se danem os outros. Esse é o lema do autódromo!

Ninguém se lembra, ou faz de conta que não lembra, que outras categorias menos importantes do que a F1 mantêm a pista em atividade e pagam muito, mas muito caro para utilizá-la. Sakhir, Baku, Marina Bay e Sepang entre outras menos concorridas realizam uma festa sem igual, mas gostaria de saber qual desses países (Bahrein, Azerbaijão, Cingapura e Malásia) possui categorias como aqui no Brasil? São circuitos de rua e tal, mas e o que nós, tupiniquins, temos a ver com isso?

Além do mais, eles gastam essa dinheirama toda por que podem, diferentemente de nós deste esquecido lado do Atlântico. Os brasileiros em geral, especialmente os paulistanos, pagam muito caro pelas inúmeras reformas de Interlagos e ainda têm de arcar com um preço exorbitante dos ingressos. Pagam duas vezes.

Ou a F1 para de exigir mais e mais reformas em Interlagos ou, em breve, a pista se tornará exclusiva da categoria, pois outras menores já têm buscado alternativas como fez a grande Stock Car no Velo Cità nesta temporada. Andam um pouco mais até Mogi Guaçu, mas pelo menos não pagam caríssimo e conseguem datas. É muito triste ver Interlagos largada na mão de vários prefeitos que só pensam na F1 em detrimento de todo o automobilismo brasileiro. Está na hora da se dar um basta nisso! Custe o que custar.

Milton Alves