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Breno Fornari PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 03 September 2009 00:44

 

Breno Fornari nasceu em 25 de março de 1925, em Arroio do Meio RS. Breno conheceu o primeiro carro de sua vida ainda garoto, no qual era uma reluzente Ford Modelo “T” 1925. O carro na realidade era do pai, mas quem tomava conta era Breno, onde não saia de cima montando e desmontando todas as partes para conhecer o que tinha dentro. Nascia assim a sua grande paixão, a mecânica e os carros.  Anos mais tarde, passou a morar e estudar em Porto Alegre, onde tirou o curso de Artífice Mecânica na Escola Técinica Parobé, mesmo este curso não ser direcionado para os automóveis, Breno conhecia tudo a respeito e com sua habilidade, rapidamente abriu o seu próprio negócio em 1944/45 de portas abertas sua oficina mecânica, na Av. Sertório, onde veio a recuperar carros que ficaram guardados por anos no porto de Montevideo. Este seria o primeiro passo em direção as corridas e a própria velocidade. 

 

Neste período, a coragem era a metade do caminho para as competições, onde não se tinha macacão específico, capacete era algo improvisado, tipo sobra de Guerra, capacetes de "tanquista", cinto ainda não existia. 

 

O velho Ford... vai ser recuperada mas, infelizmente, Breno não vai poder acelerar a máquina. Nem a viu, na verdade.

 

As primeiras vitórias vieram na categoria Mecânica Nacional, meramente umas denominações, pois os carros e motores nesta época eram todos importados e nesta categoria a característica externa dos carros não se podia alterar em nada. A base é que não se podiam misturar marcas, se o chassi fosse um Ford, a mecanização também deveria ser a mesma. Mas uma receita mais do que saborosa na época, Breno cita até os dias de hoje: “Um belo Ford V8, com seus 250 HP, alimentados por Três carburadores e uma caixa de quatro marchas do Jaguar XK 1956. Tudo isso, montado em uma Ford Cupê 1940, sairá uma bela de uma Carretera”. E não deu outra, já em fins dos anos 50, a combinação de vários equipamentos já era permitida. 

 

A Carretera Ford com a qual Breno fez sua última apresentação, em 2007. 

 

Para Breno, as corridas de estradas sempre foram as mais emocionantes, a onde se tinha um conjunto mecânico perfeito: carros com seus 260hp e toca-los a mais de 260 km/h, por estradas de terra, cheias de buracos (lombo-de-burros) e quando se tinha um piso melhor podia-se tocar mais no acelerador. Na verdade mesmo não havia estradas de terra, mas sim estradas de poeiras. Imaginem como se poderia ultrapassar? O melhor era acelerar mesmo às cegas, rezar e se pudesse dar uma olhada nos fios da linha telefônica, como se fosse um corrimão para a ultrapassagem segura! 

 

Pódio das mil Milhas Brasileiras de 1956. Breno Fornari e Catharino Andreatta venceram a prova três vezes! 

 

Já nos áureos anos das Mil Milhas, as coisas já estavam muitas boas e muitos dos gaúchos que participaram da primeira edição, sequer conheciam um circuito fechado como era o de Interlagos. Breno e Catharino, tiveram que comprar faroletes extras, pois sentiram a dificuldade de pilotar a noite com pouca luz. Para todo o piloto, participar de uma Mil Milhas, era uma grande aspiração, o máximo na época. Uma Corrida que misturava tudo e bom foi conhecer outros volantes. Fornari recorda com muito carinho das várias amizades feitas por lá entre tantas cita as de Wilson Fittipaldi, o Barão, pai de Emerson Fittipaldi, Chico Landi e Camilo Cristófaro. Ao lado de Catharino Andreatta, a dupla gaúcha conquistou 3 vitórias, em 1956/58/59.  

 

Ao lado de seu conterrâneo e grande piloto Catharino Andreatta, com a mítica Carretera Nº 2, de tantas vitórias conquistadas. 

 

A década seguinte, muita mudaças aconteceu, entre elas a que mais destacou foi o surgimento dos carros de fabricação Nacional e Breno mudou-se de ”mala e Cuia” para a SIMCA. Certamente por ser um carro que possuía a mecânica V8, próxima dos antigos motores 8BA da Ford. Com carros da Simca, Breno realizaria grandes corridas entre elas a sua participação nas 24 horas de Interlagos e um fato até hoje não esqueceu: “as rodas do Simca quebravam, e chegou até saltar fora com pneu e tudo, ficando pressa somente a estampa”, fatores este que mais tarde os Simca receberam rodas mais reforçadas, diferentes das francesas usadas. As duas Edições das 12 Horas de Porto Alegre, a primeira em 1962, com um heróico Primeiro Lugar e as de 1963 com um Segundo posto. Mas o que marcaria mesmo os Simcas Foram à participação em competições fora do Brasil, as que aconteceram em meados dos anos 60, no qual se pode medir o que realmente rendia os carros brasileiros em comparação a muitos carros europeus usados pelos uruguaios. A vitória de Breno em 1964 mereceu o destaque por ser a primeira vitória de um carro turismo de fabricação brasileira, fora das nossas fronteiras. 

 

Acima, com o protótipo Sabben, projeto desenvolvido por Breno. Abaixo, O SIMCA nº 35 de tantas vitórias nos anos 60. 

 

 

Aproveitando-se da experiência adquirida, desde o tempo das Carreteras, a partir de 1965, Fornari passou a trabalhar em cima, dos carros SIMCA, onde começou a adaptar modelos mais leves e com novas linhas aerodinâmicas. Em 1966 Breno abriu uma revenda e oficina da SIMCA na Av. Farrapos, Entre os seus trabalhos de maior sucesso, o Protótipo Regente! Feito bem a moda “fundo–de-quintal”, já para o ano de 1967 trazia algo bem revolucionário em relação a carros de competição. O Pequeno Regente unia boa dirigibilidade a potência final.  Breno Fornari, oficialmente saiu das pistas em 1975/6 no qual competiu neste período com Fórmula FORD e na categoria Turismo com uma Maverick.

 

 

 

Na realidade Breno Fornari nunca se afastou do automobilismo, acompanha as carreiras dos filhos Antônio Fornari, Carlos Alberto, Alexandre Fornari e os Netos Zeno Fornari e Luciano Fornari.

Breno Fornari, no encontro de Carreteras de Passo Fundo-RS, promovido pelo Museu Brasileiro de Automobilismo. 

 

Em abril 2007, Breno participou da competição , Subida da Borrussia,  prova esta para carros especiais desenvolvida na cidade de Osório/Rs onde pilotaria pela última vez sua Carretera Ford, companheira de tantas competições.  

O protótipo Sabben, no Parque da Redenção, o maior da cidade de Porto Alegre, a divulgação da excelência gaúcha nas pistas.

 

Durante a entrega de prêmios desta competição em companhia de antigos companheiros de corrida e amigos, Breno Fornari manifestou a todos os presentes que jamais se arrependia em momento algum, por dedicar-se à vida inteira ao automobilismo. 

 

 

Ao lado de Alexandre, seu filho, uma das últimas fotos de Breno Fornari em público.  

 

Na madrugada do dia 31 de agosto de 2007, o automobilismo brasileiro perderia um dos seus mais dedicados homens da velocidade. Breno com seu entusiasmo fez de sua vida a própria referência ao esporte automotor, exemplo vivo para as demais gerações que vieram e estão por vir para atuar no cenário brasileiro e mundial.   

 

Agora ficamos, só a imaginar, Breno nas pistas do céu, de milhões e milhões de milhas, o que poderá estar acontecendo, pois a rádio estrelar certamente já anunciara que mais uma vez formou-se a dupla Fornari e Andreatta para correr mais um Raid Automobilístico e o ronco daqueles super motores das envelhecidas Carreteras ecoará como um hino por todo o espectro.

 

 

Texto e fotos enviados por Alexandre Fornari, filho do grande campeão.

 

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Last Updated ( Saturday, 07 August 2010 19:55 )