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Fórmuia. Truck: a luta pela sobrevivência PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 11 May 2017 12:18

Caros Amigos, as nossas vidas – de todos nós, sem exceção – é feita de ciclos. Alguns se renovam, temos os momentos altos, os baixos, retomamos uma curva ascendente e assim a vida segue. Quem trabalha no mercado mobiliário, como eu, consegue acumular ao longo de praticamente duas décadas uma coleção de ciclos e curvas ascendentes e descendentes.

 

Há um outro tipo de ciclo. Aqueles que tem início, meio e fim. Basta olharmos a história da humanidade para vermos o que aconteceu na Mesopotâmia, no Egito, Grécia, Roma... e no mundo corporativo o caso de grandes empresas que tiveram suas marcas conhecidas no mundo, como a PANAM, que já foi a maior companhia aérea do mundo (ou mesmo a VARIG, que já foi a maior companhia aérea do Brasil) e que hoje não existem mais.

 

Neste último final de semana o site dos Nobres do Grid enviou um dos integrantes da Sucursal do Paraná para a terceira etapa da Fórmula Truck, realizada no último final de semana em Londrina. Antes disso, houve muita conversa para que houvesse um “entendimento”. O integrante não queria ir! O argumento (lógico) referia-se aos custos (800 Km de combustível, 110 reais de pedágio, mais hospedagem e alimentação). Fazia sentido não gastar mais de um mês de verba recebida via Google Adsense para cobrir uma categoria que teria menos de 10 caminhões para largar no domingo. Mas eu insisti... e ele cedeu.

 

Pedi que ele apenas fizesse um registro fotográfico do evento. (Boxes, arquibancadas, áreas VIP, Grid, paddock). Eu assistiria a corrida pela TV e acompanharia os releases enviados pela a assessoria de imprensa. A outra pauta a ser feita era a segunda parte da enquete que estamos tratando no momento, sobre o novo quadriênio na CBA. Cinco pessoas a serem ouvidas.

 

Tenho pedido fotos do público dos eventos de automobilismo que nos fazemos presentes desde 2012. Há tempos venho observando a queda de público nos eventos de automobilismo, mas no caso da corrida em Londrina, era preciso ver o tamanho do impacto que o esvaziamento do grid tinha provocado na Fórmula Truck. O gigantesco público de Rivera, etapa anterior, contrastava com os relatos recebidos da etapa de abertura no Velopark.

 

As fotos (vou colocar todas no final do texto) mostram um cenário completamente distinto do que há 5 anos era, sem discussão, a categoria mais popular do país, mesmo tendo a sua “concorrente direta”, a Stock Car, pilotos de maior história no automobilismo brasileiro e mundial. Autódromos lotados, acampamentos de uma semana, verdadeiras “invasões” de fãs.

 

O que foi documentado foram dois lances de arquibancada montadas na reta oposta que não encheram. Um pequeno acampamento no alto do morro próximo à caixa d’água e as áreas que sempre foram reservadas para montagem dos camarotes dos patrocinadores, tinham um público pequeno, sem a estrutura que sempre foi marca da categoria, exceção feita ao espaço da fornecedora de pneus, o único que reuniu um bom público.

 

Após uma corrida “atípica” no Velopark (onde vou usar o adjetivo “atípica” para não precisar falar muito sobre a “grande disputa pela liderança” entre os caminhões da equipe ABF Mercedes), onde a disputa ficou restrita aos dois pilotos, fato que se repetiu na corrida de Rivera, mas sem as trocas de líder. Algo que me foi relatado respondeu minhas perguntas ao longo de pouco mais de uma hora de corrida, onde os caminhões andavam muito próximos.

 

Antes da corrida, todos os pilotos foram chamados para uma reunião em um dos boxes. O conteúdo da conversa – a portas fechadas e longe da imprensa – não foi divulgado, mas reuniões com os pilotos antes de uma largada podem acontecer. Isso não seria nada anormal. O “anormal” foi o que se viu depois de acionada a bandeira verde. Os líderes, os caminhões da ABF Mercedes, Pilotados por Paulo Salustiano e Valmir Benavides, que substituiu Welington Cirino, que pilotava caminhões desde 1997 e deixou a categoria após duas etapas, após meses defendendo a Fórmula Truck na disputa entre as partes que provocou a cisão na categoria.

 

Vou explicar com números. Paulo Salustiano fez a pole position com o tempo de 1m38.932s. No ano passado, a pole de Felipe Giaffone foi de 1m36.935s, mesmo usando um restritor de admissão de ar para o motor menor (74mm) do que o normal (80mm). A melhor volta na corrida 2016 foi marcada por Paulo Salustiano, 1m38.369s. Assim como no ano passado, cada etapa da Fórmula Truck tem duas corridas em uma.

 

Assistindo a corrida deste ano, observei, pelo menos achei, que os caminhões que lideravam a corrida estavam fazendo o contorno das curvas de baixa a uma velocidade menor do que poderiam estar desenvolvendo. Só que eu não tinha o tempo de volta. Este só apareceu na segunda corrida, quando Paulo Salustiano marcou 1m43.340s.

 

Como não houve entrada do Pace Truck durante a prova, com todas as voltas sendo com bandeira verde, foi fácil calcular o tempo médio de volta nas duas partes da corrida. Foi 1m44.916s na primeira parte e 1m44.731s na segunda. Um tempo de volta muito acima das voltas dos líderes do ano anterior, quando o mesmo Paulo Salustiano marcou, em corrida, 1m38.369s.

 

Seria leviano da minha parte dizer que os pilotos da equipe ABF Mercedes “tiraram o pé”, deliberadamente, para criar uma “condição de corrida”, permitindo a aproximação dos demais caminhões, agrupando-os na pista. Mas as imagens me levam a pender neste sentido.

 

A Fórmula Truck está na sua vigésima primeira temporada. Assisti a todas elas e lembro dos tempos em que as coisas eram mais “românticas”. Que os pilotos eram ex-caminhoneiros e mesmo personagens folclóricos como Mad Macarrão, Vignaldo Fizio, José Cangueiro, Beto Napolitano, entre outros. Era uma disputa entre competidores de um mesmo nível, com um grid que foi, ao longo dos anos, popularizando a categoria e criando uma identidade própria.

 

As pessoas que hoje ainda fazem a categoria vão continuar lutando, não tenho dúvidas. Assim como marcas sumiram no mercado ao longo dos anos, outras que passaram por grandes revezes conseguiram se reerguer e a Fórmula Truck hoje luta por sua sobrevivência e a manutenção do legado de Aurélio Batista Felix. Torço muito para que consigam.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva