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WRC México: Apimentado e caliente além do esperado PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 15 March 2017 19:52

Para muitos, o verdadeiro WRC começa agora, com a realização das provas em cascalho, as mais tradicionais do campeonato, e de fato, a etapa mexicana acabou por mudar o panorama apresentado durante as duas primeiras etapas, as quais foram realizadas em diferentes tipos de pisos,  gelo de Monte Carlo e neve da Suécia.

 

O rally do México começou com uma super especial inédita, realizada em um asfalto liso, molhado por uma forte chuva, dentro da cidade do México, uma das cidades mais populosas do mundo.

 

Mas mesmo diante do clima adverso uma multidão calculada pela organização em cerca de 200.000 pessoas prestigiou o evento e viu o finlandês Juho Hanninen da Toyota surpreender a todos e vencer a especial, seguido de perto pelo britânico Kris Meeke da Citroen.

 

Mas um grande imprevisto aconteceu em seguida, visto que os carros deveriam ser   transportados em vários caminhões ao longo da noite pelos mais de 400 km de distância que separam  a cidade do México  da cidade de Leon, onde a competição iria começar para valer na manhã seguinte. Ocorre que  que  alguns acidentes  fecharam a estrada por algumas horas, o suficiente para causar um atraso na chegada dos  carros, e consequentemente do início do rally.

 

Com isso, as primeiras passagens pelo temido estágio "El Chocolate" com quase 55 km e "Las Minas" tiveram que ser canceladas.

 

Desde o início na sexta-feira, Kris Meeke acelerou forte, tomou a liderança e foi abrindo vantagem.

 

Mas quando a competição começou pra valer, Kris Meeke partiu para o ataque. Valendo-se do fato de largar de trás, devido a sua (má) situação no campeonato, consequentemente pegou a estrada mais limpa pela passagem dos primeiros competidores, e mostrou que iria disputar a vitória a qualquer custo,  já que precisava de um bom resultado após um desempenho frustrante nas duas primeiras etapas devido a dois acidentes  e pelo fato de, ao lado de Ogier e Neuville, ser considerado um dos favoritos a conquista do título.

 

E o início da prova teve um enredo digno de novela mexicana. O drama começou  logo depois que os primeiros pilotos foram para a primeira passagem pela especial "El Chocolate".  A alta temperatura, próxima de 30 graus, aliado a altitudes superiores a 2700 metros,  levou competidores e automóveis a situações extremas.

 

Os Toyota Yaris foram a grande decepção da etapa mexicana.

 

Mas não foram só os carros que sofreram com a altitude e o calor. O piloto da Toyota Juho Hanninen passou mal durante boa parte da prova. Nascido na gélida Finlândia Hanninen não está muito habituado as altas temperaturas do México.

 

Devido ao ar rarefeito, a perda de potência dos carros chegou a até 30%, e a maior parte dos pilotos teve que administrar o superaquecimento dos motores , amortecedores , transmissão e freios, de forma a conseguir chegar ao final  do trecho sem maiores danos ao equipamento.

 

E, conforme o previsto, Meeke imprimiu um ritmo forte desde o início e assumiu a liderança da etapa, seguido de perto por Sébastien Ogier com seu Ford Fiesta.

 

Sebastién Ogier tentou, mas não conseguiu superar Kris Meeke.

 

Já os Toyota não tiveram um bom início de rally. Além de enfrentarem vários problemas, o então líder do campeonato Jari-Matti Latvala, também foi prejudicado pelo fato de ser o primeiro carro a entrar na estrada, ou seja, pegou o trecho sem um "trilho" feito, nem um traçado ideal. Além disso, reclamou e muito, da falta de potência de seu Yaris, talvez em virtude da altitude das montanhas mexicanas, mas foi um problema relatado também pelos demais concorrentes.

 

A passagem pelo estágio "Las Minas" foi menos problemático para todos os competidores, que em seguida seguiram para o já tradicional estágio  de pouco mais de 1 km pelas ruas de Guanajuato, que vale muito mais como um show para a aficionada torcida mexicana do que como um trecho de rally propriamente dito, apesar de contar tempo.

 

E nos trechos seguintes, as posições se mantiveram, com Meeke na frente, sendo seguido de perto pelos Hyundai i20 de Sordo e Neuville, os quais logo na sequência  enfrentaram problemas, assim como o terceiro carro da equipe, de Hayden Paddon.  Problema causado, segundo a equipe, devido ao mal funcionamento dos filtros de combustível, mas Neuville, apesar disso, conseguiu manter-se na terceira posição na classificação.

 

Os HB 20 da Hyundai não conseguiram acompanhar o ritmo dos ponteiros.

 

Tudo corria normalmente com Meeke controlando uma vantagem até certo ponto confortável, na casa de 20 segundos em relação a Ogier, até que na SS13 o francês acabou cometendo um erro e rodou, o que o fez perder mais  10 segundos em relação a Meeke.

 

E quando tudo parecia decidido, faltando pouco mais de 1000 metros para a chegada, o inacreditável aconteceu: Kris Meeke abusou em um salto em uma velocidade superior a 150 km/h, o que o fez perder a tangência da curva seguinte, e despencando barranco abaixo, onde havia centenas de carros do público que estava prestigiando a prova chegando, inclusive, a atingir um deles de raspão. A reação da equipe Citroen divulgada na imprensa é hilária, ninguém acreditava no que estava  acontecendo, nem mesmo o navegador de Meeke, Paul Nagle, pois era inegavelmente surreal.

 

Momento tensão e comédia: Meeke sai da pista, vai parar num estacionamento a pouco mais de 1000 metros da vitória.

 

Em meio a apreensão geral, e após fazer um tour pelo estacionamento tentando voltar a estrada, Meeke ainda conseguiu vencer o rally por 13,8s em relação a Ogier, em uma das chegadas mais eletrizantes da historia da modalidade.

 

E arrisco a dizer que  se não fosse a rodada de Sébastien Ogier na SS 13 a diferença poderia seria de cerca de 1s para aumentar ainda mais o drama que parecia história de novela mexicana. Depois dessa, Meeke só deve ter conseguido dormir após tomar algumas tequilas para relaxar.

 

Não é a toa que Kris Meeke, ainda menino, foi considerado por ninguém menos do que o mito Colin McRae como seu sucessor. Como McRae era conhecido pelo estilo "Win or Wall", podemos dizer que Meeke já está superando o mestre, pois conseguiu fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

 

Meeke e Nagle comemorando o triunfo mexicano.

 

O campeonato ganha novo fôlego com  três pilotos de três diferentes marcas vencendo as primeiras etapa e para alegria dos milhões de entusiastas de rally pelo mundo, tudo leva a crer que esta será mesmo a temporada dos sonhos de todos.

 

Até a próxima pessoal!

 

Marcos Tokarski