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O Automobilismo de Gerações PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 18 August 2009 21:46

 

Toda criança do sexo masculino aqui no Brasil – e em muitos outros países – costumam ganhar como seus primeiros brinquedos a bola (no nosso caso, o “país do futebol”, nada mais natural) e o carrinho. 

 

Esta magia exrecida, tanto pela esfera como pelas primeiras quatro rodas, alimentam sonhos e por vezes ambições que, nos anos seguintes fazem surgir os craques... dos campos e das pistas! 

 

Há poucas semanas tivemos a oportunidade de presenciar dois destes momentos que demonstram quão grande é a influência desta “cultura automobilística” e de seus efeitos em gerações e gerações de pilotos: Estamos falando da etapa do Campeonato Brasileiro de Kart e dos 500 Km de Interlagos. 

 

Um Brasileiro de Kart dos 14 aos 50! 

 

Entre os pilotos que enfrentaram o frio (a temperatura oscilou durante os cinco dias do evento entre oito e catorze graus), a chuva (uma frente fria estacionada na altura da divisa dos estados do Paraná e São Paulo proporcionou duas semanas frias e úmidas em praticamente todo território destes estados) e o exigente traçado do Raceland, o kartódromo de São José dos Pinhais, na grande Curitiba, encontramos desde jovens promessas como Felipe Fraga, da Graduados B como alguns participantes na faixa dos 50 anos, na categoria Super Senior para esta que foi a 44º edição do Campeonato Brasileiro de Kart. Sendo este ano o ano do cinquentenário da chegada do primeiro kart ao Brasil, os Nobres do Grid não podiam deixar de estar presentes. 

 

Largada de algumas das baterias do Brasileiro em Pinhais-PR. Nas acirradas disputas, os paranaenses se deram bem.

 

Se em parte – devido às condições meteorológicas – não podemos deixar de registrar o “caráter família” da competição. Eram pais mães, avós, namoradas, noivas, esposas e filhos que vieram para aplaudir, torcer, sofrer, preocupar-se... tudo o que se possa imaginar num turbilhão de alegrias e aflições por conta daqueles que lá estavam na pista. 

 

Na etapa realizada em Pinhais correram as categorias Graduados A; Graduados B, Senior A, Senior B e Super Senior. Além destas, correram a T4, para motores de 4 tempos e a Parakart, um grande incentivo àqueles que possuem necessidades especiais mas que não deixaram de lado o sonho de serem pilotos. 

Lico Kaselmodel, piloto da Stock Cars, foi um dos que questão de participar do brasileiro de Kart. 

 

Uma dos registros mais gratificantes para nós foi ver na lista dos competidores alguns pilotos já consagrados por correrem de diversas categorias, terem disputado mundiais de kart, por terem corrido no exterior... Estavam em Pinhais Lico Kaselmodel, Andre Nicastro, Pedro Bianchini, Suzane Carvalho, Sergio Jimenez... entre outros.Conversando rapidamente com Lico, ele foi muito feliz em suas palavras, resumindo este sentimento que só o kart provoca: “Minha escola é o kart. Sempre que posso ando de kart, antes de tudo por gostar e, tendo um campeonato brasileiro aqui onde moro, não podia deixar de participar”. Se a pista estava repleta de estrelas, o paddock também não ficou atrás, com a presença do grande Pedro Muffato, de Ricardo Zonta, Geraldo Piquet e – como diretor de provas – Felipe Giaffone. 

Geraldo Piquet (a esq) e Ricardo Zonta vieram ao Raceland. Cleyton Pinteiro, presidente da CBA também veio prestigiar os kartistas em Pinhais.

 

Nos boxes, era interessante a mescla de adolescentes adultos, trintões, quarentões e até cinquentões... que não perderam o ímpeto e a paixão nas disputas, que por vezes só foram  terminar dentro do pátio fechado! 

 

E não tinha essa de “aliviar” nas disputas. Debaixo do capacete não tem nome ou amigo. É adversário! A jovem promessa paranaense Sabrina Kuronuma que o diga. Foi uma das que acabou ficando fora da disputa na bateria final da categoria Senior B devido a um acidente onde ela foi atingida por outro kart. 

 

Além do arrojo natural dos kartistas, a chuva e alguns problemas de drenagem identificados no circuito contribuiram para aumentar o número de acidentes. Dois deles com a necessidade da entrada da equipe médica. Felizmente sem consequências mais graves. 

 

Carreras son Carreras... 

 

A célebre frase de Juan Manuel Fangio acabou sendo uma marca do que aconteceu na baterias finais das categorias com motores de dois tempos. Felipe Fraga, na Graduados B, André Nicastro, na Senior A e Renato Russo na Super Senior demonstraram uma enorme superioridade ao longo dos treinos e baterias classificatórias. A conquista do título parecia ser apenas a consequência do trabalho apresentado até então por eles, mas...  

Felipe Fraga, Renato Russo e André Nicastro eram franco favoritos em suas categorias... Apenas Russo confirmou o título.

 

A chuva que caiu pesada na hora da bateria final da Senior B criou em alguns pontos da pista verdadeiras lagoas e os kart chegavam a sumir ainda assim, mas foi depois que ela diminuiu e na final seguinte – a Senior A – que ocorreu o primeiro acidente grave, envolvendo a entrada da equipe médica para socorrer o piloto Maique Papareli. Para a felicidade de todos, apenas algumas dores nas costas e no pescoço e nenhuma fratura. Quem estava com feições de dor e incômodo era André Nicastro. Visivelmente contrariado com uma punição tomada, segundo o piloto, por seu kart estar “fazendo barulho demais” (na verdade, uma peça soltou-se dentro do escapamento mas não chegou a cair) e sendo obrigado a largar no fundo do grid, o consagrado piloto teria que escalar todo o pelotão para chegar a liderança. Ele poderia ter conseguido, face ao domínio que exercera nas baterias anteriores... mas uma quebra da corrente logo na segunda volta tirou o carioca do campeonato. Sem o franco favorito, a disputa foi dura e o título acabou nas mãos de Fernando Scotti.

 

Na Graduados B, a chuva apertou novamente e a água voltou a empoçar. Logo no início da prova, Felipe Fraga e Sabrina Kuronuma foram atingidos em acidentes e acabaram fora da disputa. Se a jovem paranaense ainda estava buscando espaço para se afirmar, andando sempre entre os 6 primeiros, Felipe Fraga estava caminhando a passos largos para o pentacampeonato... que terá que aguardar 2010. 

O resgate de Maique Paparelli preocupou a todos. Felizmente nada de mais grava aconteceu ao piloto. 

 

O único dos favoritos disparados que conseguiu ratificar a sua superioridade foi Renato Russo, na Super Senior. Durante todo o torneio ele simplesmente ignorou a concorrência e venceu as baterias com sobras. Renato conquistou um feito inédito em Pinhais: o heptacampeonato brasileiro de kart! 

 

Se para alguns a chuva foi um problema, para outros ela foi muito bem vinda: O paranaense Rodrigo Sarot, vencedor na Senior B era só felicidade! “Eu torcia para chover, pois era a melhor maneira de compensar os 15 quilos a mais que eu carrego dentro do macacão. E antes da competição fiz um regime duríssimo e perdi outros 16 quilos. Eu estava um piloto de peso”, comentou bem humorado.  

 

Janor Bianchini, pai de Pedro Bianchini, estava preocupado com as condições (chuva e noite) durante a final da Graduados A. 

 

Na Graduados A, tivemos uma das mais equilibradas e eletrizantes disputas envolvendo dois dos maiores kartistas brasileiros pós Rubens Barrichello. Pedro Bianchini e Sergio Jimenez. Durante todas as disputas os dois disputaram décimo a décimo, centésimo a centésimo, em todas as baterias até a final, que foi disputada com a pista ainda muito molhada da pancada de chuva que caiu antes de durante a final da Graduados B e que foi cenário do acidente mais espetacular do campeonato: Victor Caliman que – segundo ele – ao colocar uma roda na grama perdeu o controle do kart. O kart nº 14 passou por sobre os bueiros de drenagem, na área gramada, e decolou, capotando espetacularmente e arremessando o piloto paulista para fora do banco. Mais uma vez – felizmente – o susto foi maior do que o acidente e o piloto, que precisou ser atendido pela equipe médica (novamente tivemos uma bandeira vermelha e a paralisação da prova), mas cujo as consequências não foram além de algumas escoriações e algumas dores nas pernas. Retomada a prova, Jimenez pareceu ter problemas com seu kart e caiu para terceiro, deixando o caminho livre para a vitória de Bianchini que, no final, administrou a distância para o goiano Gabriel Navarrete. Apesar de feliz com o título do filho, o pai do piloto, Janor Bianchini mostrou-se preocupado e inconformado com o fato da prova estar sendo feita sem luz natural “O problema é que ninguém treinou sem luz natural e isso passa a ser um risco extra”! Estas palavras foram antes do acidente com Caliman... Janor parecia estar prevendo um problema mais grave. 

 

 

Os Campeões: Pedro Bianchini, Marco Sarot, Jonathan Louis (centro), Fernando Scotti e Renato Russo. 

 

No final, dos 5 títulos em disputa na etapa paranaense, 4 ficaram com pilotos paranaenses, exceção a Renato Russo, de SP. 

 

Além da presença dos pilotos de renome, dentro e fora das pistas, um outro evento aconteceu durante a realização do campeonato: Suzane Carvalho comemorou 20 anos de automobilismo voltando a correr e lançando a segunda edição de seu livro “Curso de Pilotagem de Kart”. O Coquetel foi nas próprias dependências do Raceland e contou com a presença de diversas personalidades que compareceram ao campeonato. Além da simpatia e da jovialidade, a piloto mostrou um entusiasmo de iniciante durante as provas. Um belo exemplo do que é o amor pelo automobilismo. 

 

Charme, velocidade e emoção em Interlagos. 

 

Se no Paraná as condições meteorológicas foram um tanto ingratas para o espetáculo, o domingo seguinte, em São Paulo, foi o primeiro dia de tempo firme após quase duas semanas de instabilidades. O sol brilhou e foi um verdadeiro prêmio àqueles que há mais 50 anos vem fazendo um dos mais tradicionais eventos automobilísticos do país: os 500 Km de interlagos! 

Pilotos de todas as gerações e carros históricos levaram emoção e saudades a Interlagos no Domingo. 

 

Quem foi a Interlagos entre sexta-feira 31 de julho e domingo dia 2 de agosto testemunhou um verdadeiro desfile, uma viagem no tempo. Estiveram no autódromo José Carlos Pace algumas carreteras, vários esportivos de época e mais uma coletânea de carros antigos que marcaram época na história e na memória do automobilismo nacional, em uma programação extremamente democrática, repleta de protagonistas históricos. Mesmo aqueles que foram apenas para prestigiar o evento, não resistiram e trataram de perpetuar aquele momento – muitas vezes de reencontro – como foi o caso de Lian Duarte, que não escondeu sua emoção ao rever o Dauphine com o qual disputou inúmeras corridas em parceria com seu amigo e ninguém menos que Emerson Fittipaldi. 

Boa parte dos maiores nomes do nosso automobilismo prestigiou o evento organizado pelo Automóvel Clube Paulista.

 

Além de Lian Duarte, pudemos encontrar diversas personalidades do automobilismo nacional e da impensa especializada como Bob Sharp, Walter “Tucano” Barchi, Graziela Fernandes Santos, Francisco Lameirão, Paulo Gomes, Rubens Carpinelli, Lito Cavalcanti, entre outros, fizeram questão de prestigiar o anfitrião desta festa, Emilio Zambello. 

Boa parte das arquibancadas estavam vazias, contudo, o interesse do público podia ser medido na quantidade de visitas aos boxes.

 

Na última hora que antecedeu a largada do evento principal foi feira a premiação das provas preliminares, com carros históricos e era possível ver nos boxes, enquanto os pilotos não profissionais recebiam seus trofeus, toda a preparação dos carros e equipes antes dos 500 Km. A área de boxes estava repleta de pessoas que antes da prova puderam transitar e fotografar à vontade as máquinas que iriam para a pista em poucos minutos... o triste foi ver uma grande parte da arquibancada vazia. Um evento como este precisa ter mais massificação por parte dos meios de comunicação e muito pouco se falou do evento antes do final de semana. 

 

Bob Sharp fez, antes da largada, a leitura do manifesto pro Interlagos antigo, resaltando ser possível termos os dois traçados. 

 

Minutos antes da largada, que teve uma Ferrari F1 como “pace car”, a Comissão Pro Interlagos Antigo leu um manifesto diante das tribunas que tinham o público concentrado e os jornalistas e fotógrafos concentrados, na mureta e plataformas para imagens. Bob Sharp resaltou que a proposta da comissão e apoiada pela grande maioria dos pilotos em atividade no país não coloca em risco o atual traçado e/ou a realização do GP do Brasil de Fórmula 1, mas que irá proporcionar aos pilotos das categorias nacionais poder terem opções de traçado com a volta do anel externo e uma pista longa, com quase 8 Km de extensão. Os pilotos estavam acompanhados do Vereador Antônio Goulart, PMDB-SP, que tem sua base eleitoral na região de Interlagos e apoia a proposta da Comissão dos Pilotos. 

 

500 Km de Emoção. 

 

A Ferrari de Daniel Serra e Chico Longo travaram a disputa pela vitória com o Porsche de Max Wilson, Nonô Figueiredo e Caparelli.

Abaixo, os carros alinhados após a volta de apresentação, prontos para a largada lançada. 

 

A prova poder ser – literalmente – descrita com estas palavras. A disputa acirrada começou ainda nos treinos entre Ferraris, Porsches e Fords GT... mas a mecânica nacional (essa é para relembrar os tempos dourados onde fazíamos nossos carros em oficinas de nomes que hoje maculam a nossa história nas pistas como Gino Bianco, Jorge Lettry e tantos outros) foi quem falou mais alto com os gaúchos da equipe Moro colocando o protótipo nacional MRX, equipado com um motor Audi Turbo, na pole position com um tempo muito abaixo do obtido pela Ferrari de Daniel Serra e Chico Longo. 

 

 

 

Ademar Moro conversou conosco e com Lito Cavalcanti sobre o abandono e mostrou o filtro de óleo avariado. Uma pena. 

 

Após a largada, Juliano Moro evitou as disputas e deixou que Serra (na Ferrari), Max Wilson (no Porsche 911) e Ricardo Rosset (no Ford GT) brigando pela ponta com o Porsche tomando levando a vantagem no início. A grande decepção daqueles que esperavam ver o protótipo nacional vencendo foi o abandono na 11º volta... o MRX encostou lentamente no final da reta oposta e voltou rebocado para os boxes. O motivo do abandono foi simplesmente inusitado: Uma pequena fissura em um filtro de óleo, uma peça de custo irrisório, mas que poderia provocar a perda do motor levou a equipe a desistir da prova. “Até poderíamos permanecer na prova, mas o risco de perder o motor era muito grande e optamos por abandonar. Foi uma grande infelicidade”, declarou Ademar Moro, o chefe da equipe gaúcha, mostrando o filtro para nós e para o jornalista Lito Cavalcanti. 

 

Os pneus foram decisivos. 

 

Foi uma furada... literalmente. Na verdade foram várias, afinal, o Porsche da Stutgart teve dois pneus furados e a Ferrari da Via Itália teve um. Em todo caso, foram decisivos para o desfecho da prova uma vez que no fim do primeiro terço da prova o Ford GT de Rosset, Walter Salles e Clemente Lunardi abandonou com problemas de motor, polarizando a disputa. Os dois carros deixaram longe todos os demais concorrentes. 

Os Ford GT de Walter Salles e Ricardo Rosset (12) abandonou e o de Eduardo Souza Ramos não foi um real candidato à vitória.    

 

Final eletrizante e acidentado. 

 

 

A 3 voltas para o final, um acidente com o vicelíder Nonô Figueiredo provocou o final da prova. Queirolo também se envolveu.

 

Ver uma prova tão longa ser decidida nas últimas voltas, como uma prova de curta duração não é algo comum. Após o furo no pneu, a Ferrari voltou quase 1 minuto atrás do Porsche 911, mas a corrida não estava decidida: após a parada para troca de pilotos na equipe, uma bandeira amarela na volta seguinte agrupou os carros e a distância que era de 18 segundos faltando pouco mais de 20 voltas caiu para pouco mais de 8, com alguns retardatários entre os dois líderes. Com pneus mais novos a Ferrari (naquela altura conduzida por Daniel Serra) aproximou-se do Porsche (com Nono Fiqueiredo) e conseguiu fazer a ultrapassagem a 11 voltas do final. Os dois carros continuavam próximos e a disputa estava em aberto date que, faltando 3 voltas para o final, um acidente envolvendo Nono e o retardatário Claudemir Barros, ao volante de um Aldee VW, se tocaram na subida dos boxes e o Porsche foi seriamente avariado. O protótipo nacional, mais avariado ainda, foi direto para o muro e – na volta – atingiu a Ferrari de Pedro Queirolo. A quantidade de destroços na pista levou a direção de prova a interrompê-la e encerrá-la, dando contornos finais a disputa. Faltava apenas saber quão grave fora o acidente, mas – para a felicidade de todos – nenhum dos pilotos envolvidos feriu-se gravemente e a festa do pódio pode ser como deve ser: Com sorrisos, fotos, troféus e champagne.

 

 

Acima, o Pódio com os 5 primeiros colocados, abaixo, Daniel Serra e Chico Longo comemoram a vitória! 

 

Last Updated ( Saturday, 29 August 2009 15:55 )