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Foco, Lewis... foco PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 24 February 2017 08:51

Olá fãs do automobilismo,

 

Tem uma coisa que costuma acontecer com alguns colegas de profissão aí no Brasil e que comigo não era diferente: Bastava chegar o verão e a temporada de praias para alguns pacientes “tirar férias da terapia”. Como, no meu caso, a grande maioria dos pacientes moram no hemisfério norte, onde neste período é inverno, em teoria isso não devia acontecer. Afinal, em agosto, que são as férias de verão por aqui, fica difícil arranjar a grade de horários.

 

Neste período, tive alguns pacientes que “tiraram férias”. Logicamente, preocupo-me com todos que fazem isso, em especial com aqueles que fazem sem avisar. Mas o caso do Lewis foi algo mais sério. Foram mais semanas sem vir aqui, sem telefonar, sem retornar telefonemas e como ele leva uma vida nada discreta, não foi difícil acompanhar seus passos.

 

Lewis só voltou a entrar em contato com meu consultório dia 15 de fevereiro, perguntando se teria como programarmos nossa agenda de sessões quinzenais. Como ele é um paciente antigo (desde 2011 ele já ia até Cuiabá), alguma preferência ele teria que ter. Assim, agendamos sua primeira consulta para esta semana antes do carnaval e antes dos primeiros testes com os novos carros da Fórmula 1, que acontecerão durante o carnaval.

 

Lewis veio para o All Star Game. Sua presença em alguns jogos dos Raptors na NBA é comum.

 

O agendamento foi bem conveniente, para coincidir com sua passagem pelos Estados Unidos e sua ida ao All Star Game para ver alguns dos seus amigos famosos por aqui. Aliás, amigos famosos não faltam na sua lista de contatos. Não só por aqui, mas pelo mundo inteiro. Lewis tornou-se com o passar dos anos uma pessoas “extremamente sociável”, e está praticamente em todas... mas andou deixando de estar no alto do pódio em alguns momentos cruciais!

 

Uma coisa que felizmente ele não perdeu foi a pontualidade britânica. Pouco antes das 13 horas ele já estava na recepção em toda a sua indumentária... e com um presente para meu pai: um capacete autografado. Veio fazer média, mas eu sei perfeitamente que este ano pode não ser algo tão tranquilo como ele talvez esteja esperando encontrar depois do título e da aposentadoria de Nico.

 

Durante o ano passado, em alguns momentos Lewis parecia "desconectado" do seu mundo profissional. 

 

Ao longo do ano passado Lewis “oscilou”, psicologicamente falando. Em dados momentos ele parecia ter perdido completamente o foco, distraindo-se e desviando-se daquilo que deveria ser o objetivo de um piloto profissional que tem Ayrton Senna como ídolo, um piloto que “deixava o mundo em segundo plano” para focar e atingir seu objetivo.

 

Ao longo do ano passado e durante estas “férias”, Lewis foi visto nos quatro cantos do mundo, ao lado de outros esportistas famosos, ao lado de personalidades da música, sendo presença garantida em diversos eventos badalados... mas em muitas corridas andando atrás do companheiro de equipe, o hoje aposentado, Nico.

 

Mas como fazer um atleta que tem na necessidade de manter um nível de concentração altíssimo a fazer isso? Se nos últimos anos Lewis tinha uma dura luta interna contra um piloto alemão em uma equipe alemã, para 2017 o companheiro de equipe será outro, o finlandês Valtteri Bottas, que está tendo “a chance da vida” ao poder sentar no carro mais cobiçado do grid.

 

As companhias femininas, de anônimas a celebridades são constantes.

 

O desafio que se apresenta para mim, como terapeuta, é fazer com que Lewis não caia numa armadilha, montada pelo seu ego (algo enorme em todos os pilotos), pela condição de ser possuidor de dois títulos mundiais pela equipe e de ter – teoricamente – uma posição definida de “primeiro piloto”, uma vez que o contrato de Valtteri, com duração de apenas um ano, mais parece um “contrato tampão” do que uma oportunidade de mostrar serviço.

 

Lewis não pode se sujeitar novamente a oscilações emocionais como aconteceu no ano passado. Existe uma expressão que reflete este pensamento: O nosso ego por vezes passa cheques que o nosso corpo não pode pagar. Bem, o ego está simplesmente a seguir ordens da nossa mente, por isso devemos colocar o fracasso/falha exatamente onde pertence: Na nossa força de vontade para agir. Por vezes não seguimos em frente porque nós simplesmente “não sentimos isso.” Quando deixamos os nossos sentimentos tomarem o controlo, a nossa mente “adormece”, e fazemos correr o programa automático, reagindo todos os dias à constante tagarelice na nossa cabeça.

 

Lewis tem circulado por todos os ambientes, em todas as companhias.

 

Há algum tempo alguns colegas passaram a usar a expressão “musculatura emocional”. Um trabalho contínuo, com propósito e comprometimento, é exatamente aquilo que cada um de nós tem de fazer: praticar e exercitar os poderes da concentração. No caso do cérebro, para o desenvolvimento do equilíbrio emocional, é o lobo frontal inibe os comportamentos fortuitos (através de um processo chamado de controlo dos impulsos), de forma que cada pensamento não provoque um ato sem previamente ter sido pensado sobre as suas consequências. Este processo certamente evitaria a todos nós muitos problemas provocados pela ausência de raciocínio lógico de grande parte das nossas ações menos ajustadas.

 

O desenvolvimento da musculatura emocional e consequente fortalecimento do foco atencional, permite que tomemos decisões que suportam os nossos desejos em relação a um determinado objetivo. Quando temos um elevado equilíbrio emocional, os nossos comportamentos correspondem ao nosso propósito, e as nossas ações correspondem às nossas intenções. A nossa mente e corpo são apenas um.

 

Meu alerta para Lewis é: Foco! Não dá pra relaxar achando que 2017 vai ser um ano tranquilo.

 

Sei que será um ano difícil com Lewis, mais difícil para mim do que muitos dos meus queridos leitores conseguirão compreender, mas eu vou conseguir. Vou fazer Lewis manter o foco e conquistar seu quarto título... mas não vai ser fácil. Lewis não estava muito sorridente e eu perguntei se ele estava chateado com alguma coisa: ele disse que iria perder o Mardi Gras, o carnaval de New Orleans, por causa dos testes pré-temporada, justamente no carnaval, que os amigos dele estariam lá enquanto ele trabalhava.

 

Foi impossível conter um sorrisinho de canto de boca. Disse-lhe que lamentava muito e que traria uns colares pra ele, por que eu estava indo! 

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares


Last Updated ( Saturday, 25 February 2017 13:00 )