|  Olá leitores,
Decidi começar a coluna com a mesma chamada de seu titular, o Jornalista Alexandre Bianchini, que encontra-se em férias. A coluna das segundas-feiras costuma tratar dos eventos de pista, dos resultados do final de semana e dos excelentes comentários do titular desta coluna sobre o que acontece entre uma etapa e outra. Vou pedir a devida licença para tratar de um outro assunto, de extrema relevância, que tomou conta dos fóruns de discussão nas redes sociais ao longo da semana e abarrotou nossa caixa de emails: a eleição para presidência da CBA. Ao longo do ano que passou, a equipe do Projeto dos Nobres do Grid acompanhou os movimentos dos dois grupos que vieram a disputar a eleição ocorrida nesta última sexta-feira, dia 20 de janeiro, com interesse e profissionalismo que cabe a um projeto que trabalha pelo automobilismo nacional e que tem sua voz no portal de mídia www.nobresdogrid.com.br Durante este período, abrimos nosso canal de mídia aos dois candidatos de forma justa e igualitária. Questionando, cobrando posições, projetos e compromissos. Tivemos a honra de entrevistá-los por 90 minutos (cada um) e participamos – de forma crucial – no debate promovido pelo portal de esportes do Grupo Globo. Ambos os candidatos se portaram com pessoas extremamente educadas, civilizadas, abertas a propostas e entusiasmadas com o desafio que buscavam. Esta caminhada teve a sua bandeira quadriculada agitada na manhã da última sexta-feira, quando o candidato da situação, Waldner Bernardo de Oliveira recebeu 10 dos (inicialmente) 19 votos habilitados na eleição, sendo estes votos vindos das Federações dos estados de Santa Catarina, Minas Gerais, Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Maranhão, Ceará, Paraíba e Sergipe. Milton Sperafico, candidato de oposição recebeu 7 votos, respectivamente das Federações dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás, Pará e São Paulo. Além destes, recebeu o voto da Associação Brasileira dos Pilotos de Automobilismo – ABPA – representada na eleição por seu presidente, o piloto Felipe Giaffone. Não votaram a Federação do Espírito Santo, por pendências financeiras, e do Mato Grosso do Sul, que não se fez representar. Se a postura dos dois candidatos, sempre que se apresentaram diante das câmeras e microfones foi irrepreensível, a postura de alguns dos apoiadores do candidato da Chapa Bandeira Verde nas redes sociais e no processo eleitoral foi simplesmente lamentável, tendo o seu ápice na véspera da eleição, quando a Federação Gaúcha de Automobilismo entrou com uma ação para impugnar o voto da Associação Brasileira dos Pilotos de Automobilismo – ABPA. E eu sei que outros presidentes de Federação são contra o voto dos pilotos. Por consideração a eles, não citarei nomes, mas sei que eles leem o que publicamos. Convido-os a vir a público e externar seu pensamento. Ainda sobre a FGA, relatarei um episódio que vivi em 2013, quando da realização da F. Indy em SP. Naquele final de semana, transitava pelo pavilhão, onde estavam instaladas as equipes, circulava ao lado do então Presidente da CBA o Sr. Carlos Rodrigues de Deus. Fui apresentado a este pelo então Presidente Cleyton Pinteiro e não me furtei de perguntar o que ele estava fazendo ali, uma vez que em Curitiba, no mesmo final de semana, estava acontecendo a abertura do Campeonato Brasileiro de Arrancada e ele era o Presidente da Comissão de Arrancada. No meu entender, ele teria que estar lá, e não em São Paulo. Ele ficou sem resposta! Ao invés de estar cuidando e prestigiando um evento de sua Comissão, estava “passeando” em SP pra ver a Indy. A mudança que o automobilismo brasileiro precisa vai mais além de nomes. É preciso mudar mentalidades. A Chapa Bandeira Verde pregava a mudança, e seus apoiadores repetiam este mantra. O questionamento que fazíamos na nossa redação era: mudar com quem? José Aloizio Cardoso Bastos está há quantas décadas na FASP? São Paulo só tem um autódromo para se correr (Interlagos). O Velocittà não pode receber arquibancadas. O ECPA em Piracicaba não tem uma pista para se fazer uma etapa do regional. Vamos mais adiante: Djalma Faria Neves (FAERJ) está no cargo desde os tempos do Dr. Paulo Scaglione. Ney Lins (FAUGO) está no poder desde 1991. Os presidentes da FGA e FPRA estão no poder há pelo menos 10 anos. Não temos questões pessoais contra estas pessoas, pelo contrário, todos os integrantes do Projeto Nobres do Grid sempre foram muito bem tratados, mas como pode haver uma renovação se as pessoas – e as ideias – são as mesmas? Desde que começamos o trabalho no Projeto Nobres do Grid mantivemos e manteremos sempre uma relação cordial e profissional com as autoridades do automobilismo, contudo, não podemos fugir ao nosso dever de questionar. É preciso que mudanças aconteçam, sim, e a pedra fundamental desta mudança é a atuação dos pilotos. Foi decepcionante saber que apenas 35 dos pouco mais de 200 associados da Associação Brasileira dos Pilotos de Automobilismo – ABPA votaram na eleição interna para decidir o voto da Associação na eleição desta sexta-feira. Isto é 1/6 dos associados. A CBA propala há tempos que temos mais de 10 mil pilotos afiliados no Brasil. Contudo, não fala que 2/3 destes são pilotos do Rally Universitário (e aí já temos que somar os navegadores), “jipeiros” de Raids e pilotos de kart indoor. Se formos ver quem são os pilotos, somando os que correm regularmente em velocidade na terra, rally, kart, velocidade no asfalto, e arrancada, sejam profissionais ou amadores, talvez cheguemos a 2.000. Apenas 10% destes estão associados a APBA. Destes todos, quantos participam ativamente, cobrando e votando nos presidentes dos seus clubes? Ver 15 ou 20 pilotos e ex-pilotos trocando mensagem de apoio a um candidato e falando em “estamos todos com você” é um micro universo que precisa ser ampliado e, como pilotos ativos, é preciso seja feito um corpo a corpo com os que não se comprometem. Os pilotos são a base de tudo, não podem ficar inertes. Como falei no início do texto, a bandeira quadriculada foi agitada e esta corrida terminou. Agora começamos outra onde o Presidente Waldner Bernardo vai ter que mostrar que não venceu uma eleição para 10 federações, mas para todos os militantes do automobilismo brasileiro. Suas promessas de campanha serão cobradas... e nós iremos cobrar, pode ter plena certeza. Após o resultado da eleição ser divulgado, falei com os dois candidatos por telefone. Parabenizei a ambos pela postura pessoal ao longo da campanha, lembrei o vencedor de que ele tem no Projeto Nobres do Grid um aliado, mas também um vigilante e um exigente cobrador de suas promessas e projetos, bem como ao falar com o Sr. Milton Sperafico, pedi-lhe que, mesmo não tendo sido eleito e sem ocupar cargos na próxima administração, fosse ele um ativo participante deste processo de instalação de uma nova gestão da CBA, que precisa começar pela união de esforços pelo bem do automobilismo. Afinal, este é o desejo de todos, certo? Na próxima semana, Alexandre Bianchini estará de volta. Grande abraço, Flávio Pinheiro |
