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Abandonar o navio? PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 17 December 2016 09:51

Segundo o Capitão Flavio, em uma de nossas divertidas conversas quando ele está em terra firme, o Capitão é o último a abandonar o navio, mas o mais honroso é afundar junto com ele. É um ato de grandeza. Em contrapartida, os ratos são os primeiros a pular fora do barco quando a coisa está preta... e a nau da Fórmula 1 está “fazendo água” (outro termo que aprendi) faz tempo.

 

Depois de, finalmente, ter divulgado seu calendário, vimos a confirmação de que o “rato alemão” (ou pelo menos um deles) já pulou na água. Na verdade, o “rato de Nurburg” está com água – e dívidas – até o pescoço há tempos e já deixou de sediar a corrida em 2015. Eu mesmo escrevi uma matéria extensa e detalhada sobre o problema do autódromo (leia aqui) e a solução não seria fácil de se resolver, nem fazendo um congestionamento de track days no circuito original.

 

Com isso, o calendário ficou com “apenas” 20 corridas, uma vez que não foi fechado nenhum “contrato tampão” para cobrir a data vaga, apenas deram uma arrumada no mesmo. Melhor (para nós) é que o asterisco ao lado de Interlagos saiu... pelo menos por mais um ano e teremos (exceto em caso de venda por parte do prefeito engomadinho) a corrida em São Paulo. Alguém devia apresentá-lo ao Johnatan Palmer e gravar uma conversa sobre cortes e cores de camisas pólo... fica a pauta para o pessoal da TV.

 

 Entre as "obras de modernização", a melhor delas foi a de Nurburgring, mas com suas dívidas, F1 nem pensar!

 

Voltando para a Alemanha, existe o risco de que Hockenheim também pule fora do barco. Este ano eles quase fizeram isso, muito bem justificados com a insatisfação por parte dos moradores da cidade em ter que pagar uma fortuna para o ‘Bom Velhinho’ fazer sua corrida e ganhar milhões com os HCs e áreas vip, vendidas a peso de ouro enquanto o promotor local fica com as arquibancadas – cada vez mais vazias – diante das sonolentas corridas.

 

Assim sendo, o país que tem mais títulos mundiais conquistados – sem a malandragem de que o “Reino Unido” é um só pra juntar Stewart, Clark, Hill, Hamilton e cia – na Fórmula 1, além de terem sido feitos alcançados nos últimos 22 anos, pode vir a ficar sem GP em 2018 também. Afinal, quem em sã consciência paga o tanto que se paga para se sediar esta Fórmula 1 decrépita? Só se estiver jorrando petróleo pelos poros (a fisiologia original foi censurada), como o presidente do Azerbaijão ou os árabes de Bahrein e Abu Dhabi.

 

 Os políticos da região de Hochenheim não estão dispostos a pagar uma fortuna para ter a F1... e ainda estragaram a pista!

 

O engraçado nessa estória toda é que, no ano que vem, o ‘Bom Velhinho’, em mais um de seus “factóides” midiáticos, lançou a possibilidade de a França voltar a sediar um GP de Fórmula 1 – o que não acontece desde 2008 – e o mais impressionante é que a corrida aconteceria no circuito de Paul Ricard. Agora adivinhem quem é o dono do circuito... sim, ele mesmo, o ‘Bom Velhinho’!

 

Vamos então pensar juntos: se ele é o dono do circuito (e é o dono há muito tempo), porque a França nunca voltou ao calendário desde a saída de Magny Cours? Porque não usaram a “pista do dono” em 2015, quando os administradores de Nurburgring informaram que não fariam a corrida por lá? Nessas horas eu me divirto vendo, ouvindo e lendo o “chororô” sobre a futura saída de Interlagos do calendário.

 

 Bernie Ecclestone é dono do circuito de Paul Ricard há décadas e nem por isso tem GP na França. Vai ter em 2018 por quê?

 

Assim como os autódromos alemães estão saltando do barco do ‘Bom Velhinho’, tem outros promotores tomando o mesmo caminho. Há não muito tempo, os concessionários de Singapura, a ilha da prosperidade e dos rios de dinheiro, pode estar fazendo sua última corrida em 2017, mesmo depois de todo o dinheiro investido pra fazer aquela iluminação absurda, além de todos os preparativos para se fazer uma corrida de rua.

  

Acontece que, quem investe rios de dinheiro, não o faz apenas por prazer ou capricho: faz pra ganhar um rio de dinheiro ainda maior e, pelo visto, a conta não está fechando. Conta essa que, pelo vale de lágrimas do “brasungaro” Tamas Rohonyi, também não fecha pelas bandas de cá já faz um bom tempo. No caso de Singapura, dependendo do interesse do ‘Bom Velhinho’, um descontinho pode acabar saindo, uma vez que tem um problema logo ali do lado.

 

 Os dirigntes do governo malaio foram diretos ao ponto: a Moto GP é mais barata e mais emocionante que a Fórmula 1.

 

Singapura é vizinha da Malásia e as duas corridas estão separadas por duas semanas e o estiloso autódromo que sedia a categoria desde 1999 tem seus administradores também considerando largar de mão o campeonato da categoria. O motivo? Com a Fórmula 1 dominada completamente por uma equipe ou outra – atualmente o ‘problema’ é a Mercedes – as corridas sem graça e previsíveis não estão proporcionando uma atração tão divertida quanto em outros tempos (que a chuva ajudava). Com isso a procura do público vem caído ano a ano.

 

Apesar dos organizadores tenham assinado um contrato de extensão contratual que segue até 2018, o diretor-executivo do circuito de Sepang, Datuk Ahmad Razlan disse para a imprensa local, o jornal 'New Strait Times', que a queda de venda de ingressos e audiência fez a Malásia considerar o fim da parceria. Pior que isso, a posição do promotor foi endossada pelo ministro de esportes e juventude do país, Khairy Jamaluddin, que apontou a queda no turismo e a audiência da TV, além do alto custo para um retorno limitado. Na contramão da categoria das quatro rodas, o público só cresce com a Moto GP, que é mais barata e além do fato de haver malaios correndo nas categorias de acesso!

 

 Greg e Chase, a "jovem dupla" da gestão country que agora manda na Fórmula 1 vao mesmo modernizar a categoria?

 

Sair perdendo clientes certamente não é uma boa imagem que a categoria poderia estar passando para seus novos proprietários, mesmo com a “lista de interessados em sediar um GP”, tão propalada pelo ‘Bom Velhinho’. A impressão que se tinha é que o antigo proprietário, o Grupo CVC deixava a coisa correr ao sabor do vento que descabelava o grisalho octogenário... e eu duvido que os ianques do Liberty Media deixem o ‘Bom Velhinho’ fazer o que bem quer.

 

Dentro desta estratégia, eles compraram mais uma fatia, de mais de um bilhão e meio de dólares com um grupo de associados (Coatue Management, grupo Shaw, JANA Partners, Ruane, Cunniff & Goldfarb, Soroban Capital Partners, SPO Advisory e Viking Global Investors), o que animou ainda mais o manda chuva, Chase Carey e seu bigodão, que tem em outro norte americano – Gregory Maffei – a direção executiva do grupo.

 

Não dá pra ver esses dois caminhando na mesma direção... é esse mesmo o futuro da Fórmula 1? 

 

É evidente que a Fórmula 1 precisa de uma mudança de rumo porque parece estar indo de encontro ao iceberg que afundou o Titanic. O ‘Bom Velhinho’ parece estar apavorado com a possibilidade de ver o Neguin não ter adversário no ano que vem e o campeonato acabar na Itália... ou antes! Caso isso aconteça, o prejuízo é certo, com ingressos encalhados. É bom quem ainda está e quem está chegando abrir bem os olhos.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 


Last Updated ( Friday, 30 December 2016 10:28 )