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Written by Administrator   
Sunday, 20 November 2016 23:59

Olá leitores!

 

Esse mês de novembro está cheio de surpresas, em todos os aspectos. E para ser sincero, estou gostando (e não apenas por ser o mês do meu aniversário). Foi o mês em que o Grupo VW anunciou a retirada da Audi do WEC e da VW do WRC, como efeito colateral do Dieselgate, aquele momento em que os alemães acharam que podiam ser como os brasileiros e “levar vantagem em tudo”, deram um “jeitinho” nos motores para passar no teste de emissões, mas foram descobertos e se deram muito mal. O mês em que após décadas o Salão do Automóvel de São Paulo (encerrado nesse domingo) saiu do Anhembi e foi para um novo espaço de eventos, maior, com ar condicionado (que o Anhembi nunca teve) e com espaço para eventos paralelos à exposição de carros – como foi o caso da entrega do prêmio Capacete de Ouro, da revista Racing, que merece o GIGANTESCO mérito de ser a única publicação impressa a circular nas bancas de revistas que dá destaque para o automobilismo, esse esporte tão sofrido em um país de monocultura esportiva que só pensa e valoriza o futebol como o Brasil. Capacete de Ouro onde, aliás, foi feita uma belíssima homenagem ao gigante Pedro Muffato, que ao final de 2016 se aposenta após uma vida dedicada às pistas, provavelmente por pressão da “dona patroa” em casa, mas tudo bem. Assim como também foi merecidamente homenageado Felipe Massa, em processo de aposentadoria da F-1, mas que espero que continue ano que vem em outra categoria – e uma inédita exposição de carros antigos, para que o visitante possa ver os lançamentos do presente no mesmo espaço físico em que estavam as máquinas que fizeram ele ou seus pais e tios sonharem no passado. O mês em que o GP do Brasil teve uma corrida mais movimentada que o padrão – embora esse vosso colunista reconheça que a profusão de entradas do safety car e as bandeiras vermelhas tenham funcionado como anti clímax para mim. O mês em que uma grande categoria foi correr em uma pista que parece coisa improvisada. O mês em que a história foi escrita na NASCAR. Mas vamos explicar melhor esses eventos todos, que esse parágrafo ficou gigantesco, quase coisa do Saramago – embora eu, felizmente, não me utilize das construções estilísticas do escritor português, que não coloca pontos finais tampouco vírgulas.

 

Comecemos com a última etapa do WRC, que (previsivelmente) teve vitória da VW em sua corrida de despedida (ao menos como equipe oficial), mas não com o piloto que esperaríamos. Sim, dessa vez não foi o Ogier a subir no degrau mais alto do pódio, e sim seu companheiro de equipe Andreas Mikkelsen, que fez por merecer a vitória, já que no segundo dia suportou bem a pressão do seu companheiro tetracampeão da categoria. Nada me tira da cabeça que o erro cometido pelo Ogier no último dia de prova foi na tentativa de correr mais rápido para alcançar o Mikkelsen, ou seja, o garoto estava pisando muito fundo no acelerador. Atrás de Mikkelsen chegaram Ogier em 2º e em 3º o belga Neuville, que somando a pontuação do pódio com os 2 pontos extras por ganhar no Powerstage acabou garantindo o vice campeonato. Como já escrevi antes, pena que a Hyundai acertou a mão no carro muito tarde, poderia ter sido mais apertada a disputa esse ano.

 

Outra prova com cheirinho de despedida foi as 6 Horas do Bahrein, com uma dobradinha (1-2) de ponta a ponta da Audi, com o trio Duval/Jarvis/Di Grassi se sobrepondo ao trio Fässler/Lotterer/Tréluyer por menos de meio minuto de vantagem. Uma corrida maiúscula dos protótipos das quatro argolas, convenhamos. Completando o pódio chegou o Porsche pilotado pelo trio Webber/Bernhard/Hartley, uma bela despedida das pistas do australiano Mark Webber, que se afasta das pistas com uma bela exibição. O título de marcas já estava decidido, mas o de pilotos ainda estava em aberto, e mesmo terminando apenas em 6º lugar o trio do Porsche nº 2 (Sarrazin/Kobayashi/Conway) levou o título sobre o Toyota de Dumas/Jani/Lieb, que tinham que fazer uma corrida muito melhor do que fizeram para conseguir efetivamente brigar pelo título. Contudo, se levarmos em conta que a Toyota caiu razoavelmente de produção após a decepção das 24 Horas de Le Mans, até que o vice ficou de bom tamanho para eles. Na categoria LMP2 tivemos brasileiros na pista, com Bruno Senna terminando em 2º lugar e Pipo Derani  em 4º. Nada mal, nada mal mesmo...

 

Tivemos também a tradicionalíssima corrida de F-3 de Macau, uma das pistas mais deliciosamente insanas do mundo, com vitória do português Antonio Félix da Costa (um dos melhores pilotos que já saíram de Portugal, em minha modesta opinião) e o brasileiro Sérgio Sette Câmara em 3º lugar, em uma bela apresentação. O outro brasileiro que participou da prova, Pedro Piquet, terminou em 9º lugar.

 

A penúltima rodada do Brasileiro de Stock Car aconteceu no recém inaugurado Circuito dos Cristais, em Curvelo (MG), e foi uma etapa interessante. Ao menos pela TV, para mim ficou claro que a pista foi inaugurada sem estar efetivamente terminada. A aparência de alguns muros de proteção não me inspirou muita confiança, admito, e ainda bem que nenhum acidente mais sério aconteceu, pois eu acho que poderia ter sido bem complicado... Na primeira corrida, vitória maiúscula de Felipe Fraga, que duelou bravamente com o veterano Rubens Barrichello, seu rival na disputa pelo título, e levou a melhor. Ainda teve a sorte do seu companheiro de equipe (e atual campeão) Marcos Gomes chegar em 2º lugar, ampliando sua vantagem na pontuação para o Barrichello, que teve de se contentar com o 3º lugar na corrida. A segunda corrida era o tudo ou nada para Barrichello, que tinha que arriscar para chegar à ultima etapa do ano com melhores condições para disputar o título... e ele arriscou: não parou para reabastecer, apostou todas as cartas que conseguiria economizar combustível o suficiente para terminar a corrida sem completar tanque. Por pouco não deu certo: a gasolina acabou na última curva do travado circuito mineiro, entregando a vitória no colo do Ricardo Maurício, que finalmente encerrou um incômodo jejum de vitórias. Em 2º lugar chegou Tuka Rocha, que entrou na equipe RZ no meio da temporada, ainda briga para conseguir patrocinadores corrida a corrida, mas fez uma prova muito boa e mereceu muito essa colocação. Ao final da prova ele reclamou um pouco do toque entre ele o Ricardo Mauricio, mas é complicado você ultrapassar e na freada logo em seguida começar a fechar a porta. Em minha opinião, o Ricardo não teve culpa alguma no toque. Fechando o pódio chegou Daniel Serra, outro que não vem frequentando assiduamente a cerimônia para os 3 primeiros colocados.

 

E agora vamos ao motivo da coluna ter atrasado, aborrecendo meus fiéis leitores do Oriente: a História. A História (com H maiúsculo mesmo) sendo escrita em Homestead. Sim, o Tony “Smokey Bear” Stewart fez sua última prova, recebeu belas homenagens antes da corrida, mas não foi esse o motivo. O motivo foi um quarentão nascido na Califórnia, bem longe das tradicionais pistas da NASCAR no sudeste norte americano, chamado Jimmie Johnson, que nesse domingo sagrou-se heptacampeão da NASCAR. Sim, SETE títulos, igualando a marca das lendas Richard Petty e Dale Earnhardt Sr., inclusive conquistando esses títulos em menos tempo do que eles haviam conquistado. E mais importante: como o carro teve problemas para passar na rigorosíssima vistoria da categoria, ele precisou largar em último. De 40º lugar para a vitória, esse foi JJ, o MONSTRO (em caixa alta mesmo), o piloto que em 30 voltas saiu da última posição e chegou ao Top 10 da corrida. Não adiantou Joey Logano e Carl Edwards liderarem voltas e mais voltas no meio da corrida, no momento em que efetivamente era necessário liderar, lá estava Jimmie Johnson, o piloto que melhor se adaptou a todos os formatos de Chase já feitos, com 10 pilotos, com 12, com eliminações em parciais do Chase, sem eliminações... ele e seu chefe de equipe Chad Knaus são monstros do esporte, e merecem ser louvados por isso. Aliás, por falar em Carl Edwards, pelo jeito no final da prova a orelha cresceu dentro do capacete e ele fez aquela largada ridícula pra cima do Logano (que não foi, não é e nunca será flor que se cheire, talvez o maior “Dick Vigarista” da categoria na atualidade) e provocando o acidente que resultou na última bandeira vermelha. A vitória e o título merecidamente ficaram com Jimmie Johnson, com Kyle Larson em 2º, Kevin Harvick em 3º, Joey Logano em 4º e Jamie McMurray fechando o Top 5. Defendendo seu título, Kyle Busch não passou de um 6º lugar.

 

A história também foi escrita no sábado, na Xfinity Series, com o mexicano Daniel Suárez se sagrando o primeiro estrangeiro campeão da NASCAR. O garoto correu muito bem a temporada inteira, e agora é torcer para que ele possa mostrar seu talento na Sprint Cup. Bom de volante, definitivamente ele é.

 

Próximo final de semana a novela Rosberg acaba, com a última etapa da F-1 esse ano, e provavelmente acaba também a participação brasileira na F-1, com a aposentadoria do Massa e a falta de patrocínio do Nasr para continuar ano que vem, já que seu patrocinador principal avisou que se retirará da categoria em 2017. Dias (mais) sombrios aguardam o automobilismo brasileiro...

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini