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Clermont-Ferrand PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 19 November 2016 21:26

Antes de apresentar o primeiro dos achados que fiz nos arquivos do meu tio-avô, gostaria de pedir desculpas por não ter o seu conhecimento e nem a sua capacidade de escrever tão bem quanto ele escreveu sobre outros circuitos do passado. Não apenas por não escrever como ele, mas por não ter o mesmo conhecimento.

 

Levei muito tempo vendo e separando as fotos e textos que ele tinha sobre os autódromo que vi ainda não estarem no espaço que ele tinha no Nobres do Grid e pensei muito antes de decidir entrar em contato com os amigos do meu tio-avô no Brasil.

 

Meu irmão, Sven, já havia enviado a narrativa sobre o circuito de Pescara, que estava quase pronta e pouco havia a ser complementada. Conversamos muito sobre o acervo que nosso tio-avô nos tinha deixado como herança. Foi com ele que aprendemos a gostar de história e automobilismo. Foi com ele que fomos aos autódromos, conhecemos pilotos e aprendemos o pouco que sabemos.

 

Sven disse que não gostaria de se “arriscar” neste trabalho e apenas depois de conversar por algum tempo e enviar este primeiro texto sobre Clermond-Ferrand, feliz pela receptividade que tive dos amigos no Brasil, concordei em que este fosse publicado no site dos Nobres do Grid. Acho que Tio Willy – como o chamávamos – ficaria feliz em ver o que fiz.

 

Apesar do primeiro automóvel europeu ter sido construído na Alemanha e a Itália ter uma relação de extrema intimidade com o esporte a motor (não apenas o automobilismo, mas também o motociclismo) foi na França que o espírito da competitividade aflorou ainda no século XIX, com os precários carros da época sendo colocados à prova em corridas que podiam ser tanto no entorno de cidades como também entre cidades, percorrendo estradas, uma vez que não existiam autódromos.

 

O Automóvel Clube da França tem o registro de mais de 90 circuitos urbanos, de estrada e – logicamente – os autódromos em si onde foram realizadas competições automobilísticas nestas 13 décadas. Esta sede insaciável significa que o país está cheio com os restos de circuitos incríveis, trilhas orgânicas que evoluíram a partir da paisagem, assim como a nova indústria do automobilismo foi semelhante evoluindo nas oficinas ao redor destes locais. De norte a sul do país, em todo lugar as corridas aconteciam.

 

Alguns destes circuitos que podemos chamar de históricos e que tinham parte ou sua totalidade de traçado composto por estradas locais que eram fechadas para as corridas, sediaram e sediam ainda hoje grandes eventos até hoje. Le Mans, Reims, Linas-Montlhéry, Rouen e nosso circuito deste artigo: Clermond-Ferrand.

 

Vista por satélite da região de Clermont- Ferrand com os traçados do circuito histórico e do atual traçado.

 

As primeiras propostas para uma corrida nas estradas da região de Auvergne surgiram em 1908, embora estas em última análise, não tivessem ido adiante, mas diante das corridas que vinham sendo feitas em outras regiões do país, o desejo de realização continuou existindo.

 

A região de Clermont-Ferrand está localizada no centro da França, nas profundezas da região montanhosa no maciço central do país. A paisagem acidentada que circunda as vilas e cidades que ali cresceram parecem ter sido forjadas erupção após erupção dos vulcões extintos ali localizados, formando – à distância – uma espécie de serra dentada. Um detalhe interessante é que a Michellin, famosa fabricante de pneus teve origem em Clermont-Ferrand em 1888 e tem sua sede por lá até hoje. O processo de vulcanização que permitiu dar a resistência à borracha para se produzir pneus teve como uma das matérias primas as rochas negras de origem vulcânica da região.

 

Em 1955, surgiu a primeira proposta concreta, com um circuito urbano, mas a ideia foi logo descartada.

 

A segunda tentativa foi feita após a Segunda Guerra Mundial, quando o presidente da Associação de Esportes do Automóvel Clube de Auvergne, Jean Auchatraire e o consagrado piloto francês, Louis Rosier, começaram a planejar um novo circuito, algo com extensão entre 4 e 6 Km. A proposta era usar as ruas da periferia da cidade de Clermont-Ferrand. Em 1955, tudo parecia no lugar para a corrida. Depois veio o desastre Le Mans e de repente o apetite por corridas de automóveis nas ruas da cidade diminuiu e a corrida foi cancelada.

 

Apesar deste revés, o desejo de uma corrida continuava a queimar forte e as atenções se voltaram para as estradas ao redor do vulcão extinto que dominou o horizonte da cidade. Ao adaptar as estradas aqui, o primeiro curso de montanha na França poderia ser criado e não havia espaço suficiente para pit adequada e instalações paddock a ser construído. A atração do que era a certeza de ser o circuito mais exigente do país revelou-se demasiado forte para resistir às autoridades nacionais e locais.

 

No final do mesmo ano, o piloto Louis Rosier propôs um traçado usando as estradas da região. Jean Auchataire, outro piloto, tanbém fez uma proposta de circuito que não foi aceita. Um pela extensão e outro pelo percurso acidentado demais.

 

Uma outra proposta de circuito surgiu no final de 1955, com um circuito enorme, usando as estradas da região e com mais de 12 Km de extensão. Seu idealizador, Jean Auchataire, apresentou seu esboço para o Automóvel Clube francês, mas o percurso foi considerado acidentado e extenso demais e acabaram tomando a decisão de alterar para um traçado de 8.055 metros, serpenteando as montanhas de onde em vários pontos tinha-se a vista para a cidade que deu o nome ao circuito, localizada no vale entre as mesmas.

 

O traçado que acabou homologado em 1958 teve, novamente, a ajuda de Louis Rosier que trabalhou na elaboração e acompanhou a construção, iniciada em maio de 1957. Gradualmente, as estradas em torno do Puy de Gravenoire e Puy de Charade foram adaptadas para poder receber corrida. A área dos boxes e a torre de controle, além de uma arquibancada modesta, foram construídas à oeste, perto da aldeia de Saint-genes-Champanelle.

 

O circuito homologado em 1958 permaneceu inalterado por 30 anos, sendo um dos palcos a conquistar espaço na França.

 

O circuito estava pronto para sua primeira corrida em 27 de julho de 1958, quando 60.000 entusiasmados espectadores ocuparam todos os locais disponíveis ao longo do traçado para assistir a corrida inaugural. Após o corte da fita tricolor cerimonial pela esposa do prefeito da cidade de Puy-de-Dôme, Madame Perony, os carros alinharam para as três horas endurance GT, vencida por Innes Ireland no Lotus 1100, e uma corrida de Fórmula 2, vencida por Maurice Trintignant em um Cooper.

 

 

A desafiadora e sinuosa pista, quase sem áreas de escape em suas subidas e descidas foi considerada perigosa por muitos pilotos da época, mas ainda assim foi ficando famosa e no ano seguinte – 1959 – recebeu o Grande Prêmio da França de motociclismo, além das corridas de automóveis. John Surtees, que anos depois viria a correr na Fórmula 1, venceu o GP da França na categoria 500cc, vitoria que repetiria em 1960.

 

Outro que viria a ser piloto de Fórmula 1, Mike Hailwood, também venceu nas duas rodas entre as curvas de Charade, bem como o legendário Giácomo Agostini. As montanhas da região de Auvergne foi palco das corridas até o ano de 1974. Apesar de todo o sucesso que o mundial de motovelocidade conquistava ano a ano em Clermont-Ferrand, as corridas de automóveis eram relegadas a corridas regionais, com carros de turismo.

 

 

O primeiro grande evento de automobilismo e Clermont-Ferrand aconteceu apenas em 1964. Naquele ano foi criado o Grande Prêmio da França, mas ainda uma competição tipicamente nacional, mas que contou com a pilotos de outros países, sendo o palco de uma “Copa das Províncias” com jovens pilotos como Patrick Depailler e Henri Pescarolo. Foram realizadas uma corrida de Fórmula 3, vencida por Silvio Moser. E o Grande Prêmio da França de Fórmula 2, cujo o vencedor foi o neozelandês Dennis Hulme, com Jackie Stewart e Jochen Rindt completando o pódio.

 

A corrida de Fórmula 2, realizada com sucesso de público e organização, credenciou o circuito de Clermont-Ferrand a receber a Fórmula 1 e em 1965 o Automobile Club de France confiou à Associação Desportiva do Automóvel Clube de Auvergne a organização do Grande Prêmio do ACF Fórmula 1 como prova oficial para o campeonato mundial. A França tinha grandes circuitos e a entrada de Clermont-Ferrand neste seleto meio de sedes para a Fórmula 1 era uma vitória.

 

Na primeira das quatro corridas da Fórmula 1 em Clermont-Ferrand, Jim Clark não deu chance aos adversários.

 

A corrida teve um grande sucesso, mas acabou frustrando os torcedores locais ao ver um pódio 100% Britânico, com a vitória de Jim Clark, seguido por Jackie Stewart e Graham Hill. Durante o período da estada na região de Auvergne, o cineasta John Frankenheimer utilizou as cenas da corrida e fez, após seu término, diversas sequências para o clássico filme “Grand Prix”, que foi lançado nos cinemas no ano seguinte. Ao menos no filme, a vitória foi de um francês: Yves Montand interpretava o piloto da Ferrari Jean-Pierre Sarti.

 

Nos anos que se seguiram o circuito entre as montanhas continuou recebendo corridas nacionais, como a Taça Nacional Renault 8 Gordini e corridas de carros esporte, como o Grand Touring, que era uma das corridas de esporte-protótipos em que Jean-Pierre Beltoise foi o mais rápido e acabou derrotando os adversários, dando este prazer aos torcedores locais. As motos, contudo, continuavam correndo por lá.

 

Em 1969, foi Jackie Stewart o piloto dominante e uma das grandes disputas da prova foi entre Jacky Ickx e Jochen Rindt. 

 

Quando a Fórmula 1 voltou para Clermont-Ferrand em 1969, encontrou um circuito um pouco diferente do que viu quatro anos antes. Uma inovação foi introduzida no novo pit lane, com a construção de uma mureta de concreto separando a pista dos boxes, que anteriormente – e comumente – era apenas uma linha pintada no asfalto a fazer esta separação.

 

O retorno à Clermont-Ferrand também entrou para a história do automobilismo francês com a vitória de Jackie Stewart, levando um carro francês (Matra MS-80) à vitória no Grande Prêmio da França desde 1947, antes do início da Fórmula 1. Para aumentar a festa, foi com direito a dobradinha, com Jean-Pierre Beltoise conseguindo ultrapassar o belga Jacky Ickx na penúltima volta e segurando o adversário bravamente atrás de si.

 

Em 1970 Jochen Rindt atropelou os concorrentes e venceu com o revolucionário Lotus 72.

 

Mudando a rotina de revezamento que o Automobile Club de France fazia entre seus autódromos desde 1964, Clermont-Ferrand recebeu também a edição de 1970 da Fórmula 1 e só não recebeu a etapa de 1971 porque os diretores do automobilismo francês decidiu levar o evento para o então moderno e seguro recém construído autódromo de Le Castelet, também conhecido como Paul Ricard.

 

Assim, em 1971 foram disputadas quatro corridas no circuito: A R12 Gordini, a Fórmula Renault, Fórmula 3 e os 300 Km Auvergne aberto a Protótipos . Na prova da Fórmula 3, Patrick Depailler conquistou sua primeira vitória na Charade. Helmut Marko ganhou os 300 Km de Auvergne. Gérard Larrousse conseguiu a melhor posição de um francês, chegando em terceiro lugar, ao volante de seu Matra 660.

 

Um dos problemas de Clermont-Ferrand era a ausência de áreas de escape e as pedras vulcânicasnos lados da pista.

 

Em 1972, finalmente, aconteceu na etapa da Fórmula 1 um problema que era recorrente em Clermont-Ferrand, e que era queixa de muitos pilotos. Devido ao tipo de solo da região, os pedriscos de origem vulcânica eram comuns nas pequenas áreas de escape das curvas e nos trechos de reta fora do asfalto. Já havia um histórico de mais de 10 pilotos que foram atingidos por pedras em seus capacetes, com maior ou menor gravidade.

 

No GP da França de 1972, vencido por Jackie Stewart, o piloto austríaco Helmut Marko (hoje consultor e responsável pelo programa de jovens pilotos da Red Bull) foi atingido por uma pedra, lançada pelo carro de Emerson Fittipaldi. A pedra perfurou a viseira e atingiu seu olho esquerdo. Helmut Marko perdeu a visão do olho e encerrou sua carreira naquele domingo.

 

Depois de uma úlcera estourada, Jackie Stewart correu para a vitória na que seria a despedida de Clermont-Ferrand da F1.

 

A construção do circuito de Le Castelet foi um golpe mortal não apenas para Clermont-Ferrand, mas também para Reims e Rouen. Depois, com a inauguração de Dijon Prenois, os “autódromos clássicos” saíram do calendário da Fórmula 1 para não mais voltar. Clermont-Ferrand continuou a sediar corridas para o Trophées d'Auverne durante a década de 70, embora cada vez mais passasse a ser evitado como sede de Corrida internacionais. Uma preocupação que crescia em relação à natureza perigosa dos circuitos que utilizavam trechos de estradas públicas.

 

Em 1980 três fiscais de pista foram mortos durante uma corrida de carros de turismo e as pressões cresceram por conta das paredes de pedra que eram as “áreas de escape” de muitas curvas do circuito. Sem espaço para serem criadas áreas de escape no trecho de montanha do traçado, o clássico circuito finalmente fechou para corridas, mesmo locais, em 1988, apesar da paixão por corridas neste tipo de circuitos arrastarem multidões de quase 100 mil espectadores.

 

 

Felizmente, este não foi o fim da história. A comunidade automobilística e a Associação Desportiva do Automóvel Clube de Auvergne trabalharam junto ao Conselho Regional de Puy-de-Dôme, que reconhecendo a importância da faixa para a economia local, financiou a construção de um circuito encurtado, com 3.975 metros, mais moderno e utilizado somente as seções inferiores, com um novo (e também desafiador) trecho de pista aberta que faz a ligação entre os trechos antigos remanescentes e modernos. O novo circuito de Charade foi devidamente aberto com uma grande cerimônia em 1989, com a presença de grandes pilotos como Juan Manuel Fangio, Stirling Moss e Jack Brabham.

 

Mesmo com a reforma, as áreas de pit e paddock não tinha como sofrer ampliações relevantes em suas instalações devido à topografia local e com isso, permaneceram relativamente modestas para os padrões modernos e a nova pista nunca foi novamente o palco para sediar corridas internacionais, no entanto, rapidamente voltou a ser uma adição valiosa para a cena nacional de corrida.

 

 

Em 1996. A assinatura de um Memorando de Entendimento entre o presidente do Conselho Regional de Puy-de-Dôme, prefeitos de municípios vizinhos de Saint-Genes Champanelle e Royat eo Presidente da Associação para a definição Charade proteção do local condições de uso do site. Em maio de 2000 tiveram início os trabalhos de realização de infra-estrutura de circuito permanente, fechando definitivamente as ligações com os trechos de rodovias.

 

A inauguração do novo circuito de Charade acorreu em 2001. Com grandes festividades em torno do “New Charade” teve lugar no final entre os dias de 25 a 27 de setembro. cerca de 2.500 jovens de escolas primárias, colégios e universidades do Puy-de-Dôme esperavam o passeio para descobrir a segurança rodoviária vila, orientação, uma iniciação à pista de karting e a exposições históricas. O corte da fia inaugural foi feito por Pierre-Joël Bondade, presidente do Conselho Regional de Puy-de-Dôme, na presença de Jean Ragnotti, Mathieu e Jean Zangarelli Auchatraire, fundador do circuito, no dia 26. No final de semana (dias 29 e 30) aconteceram as disputas da Taça da França, karts de 250cc e da Fórmula Renault Campus, com carros voltados para a energia limpa.

 

 

Hoje, o circuito ainda é mantido ocupado com um calendário de corridas locais, track days e cursos de pilotagem, garantindo a atividade durante todo o ano. Para aqueles que desejam uma visão do passado, a antiga rota nas colinas ainda existe como vias públicas, permitindo a todos a oportunidade de seguir por alguns trechos um dia percorridos por grandes heróis das corridas em um dos mais desafiadores circuitos já construídos.

 

O ‘Circuit du Charade’ está localizado na Charade, a uma curta distância para o oeste de Clermont-Ferrand, no centro da França. O aeroporto mais próximo é Clermont-Ferrand Auvergne Airport, cerca de 30 minutos para o oeste do circuito.

 

 

De carro, o circuito está localizado fora da estrada D767, que passa a oeste de Clermont-Ferrand, até a montanha através de alguns entroncamentos, é possível percorrer algumas curvas e hairpins para a vila de Charade. Apesar do crescimento urbano, o centro de Clermont-Ferrand está distante cerca de 20 minutos de carro. Para aqueles que querem provar o antigo traçado, estrada D5F até o morro da própria Charade e depois, vire na rota D5, no trecho descendente. Esta junta-se para a nova estrada de ligação D767, de volta à entrada do circuito.

 

Uma volta entre o passado e o presente.

 

 

A partir de volta para os boxes, o início do Circuito Louis Rosier rola suavemente descendo a montanha...

... Antes de entrar em um esquerda rápida, os carros, então, precisam trocar marcha para a subir com força para a segunda perna da curva, no topo do morro Manson, e para entrar na estrada pública D5F.

 

 

Um muro de concreto aqui na borda da pista parou vários carros que cairiam fatalmente do precipício e para a estrada local em direção a aldeia de Charade.

 

Os carros então continuam acelerando através de um trecho sinuoso feito de pé cravado até uma curva cega, fechada, para a esquerda, deixando a vila de Charade à esquerda com a velocidade, faz-se uma curva suave e acelera-se em seguida, num curto trecho em linha reta até o complexo Belvedere.

 

 

Olhando para o mapa, você acha que esta foi talvez a parte mais desafiadora do circuito... que nada! Está só começando. Um grampo de velocidade média com a entrada comprometida por uma curva em descida é apenas o começo e nada comparado com o que vem a seguir.

 

No entanto, o hairpin, obviamente, oferece uma localização ideal para a maquinaria mais moderna! Saindo do hairpin, a velocidade aumenta, a estrada cai fora e o desafio só se torna maior. Duas esquerdas rápidas em descida levam a uma sequência terríveis de curvas.

 

 

 

Um erro e o piloto vai para a “área de escape”... quase sempre uma parede pedra vulcânica. Afinal, ali repousa um vulcão extinto. A Les Jumeaux é uma direita-esquerda-direita apertada seguido por uma sequência de esquerda-direita-esquerda rápida.

 

 

É uma seção impressionante para pilotar até mesmo dentro do limite de velocidade de uma rodovia como aquela. O nome significa ‘gêmeos’, e você pode ver o por quê: duas entradas de curva aparentemente idênticos em rápida sucessão, mas uma com uma saída lenta e outra rápida.

 

Imagine isso em uma Lotus 72 ou numa Tyrrell 005, lutando contra a força centrífuga e com a traseira tentando sair fora do asfalto. O equilíbrio entre o quanto de freio e acelerador, ladeado por barreiras minúsculas entre você e precipícios, na maior velocidade possível. Dá pra imaginar?

 

 

A sequência de curvas parece não terminar. É algo tão intenso que dá para se sentir tonturas em um carro moderno andando por esta estrada. Agora imagine aquela bolinha da força G que aparece nas transmissões indo de um lado para o outro... certamente houve efeitos sobre os pilotos dos carros de F1.

 

Quando você sair da Les Jumeaux, a descida não acabou: há uma pequena lombada em declive antes da dupla curva à direita seriamente enganosa e extremamente desafiadora de Gravenoire na parte mais baixa do traçado, com vista para a cidade.

 

 

O ápice entrada e a primeira são rápidas, mas a segunda perna aparece quase de imediato e é muito mais apertada e mais lenta. A manutenção de velocidade devia ser crucial embora, a partir desse ponto, a pista muda drasticamente de característica, para um impulso de dois quilômetros de subida.

 

Esquerda, esquerda, esquerda, direita ... mantendo o acelerador pressionado para baixo, à deriva o carro através das curvas que parecem não ter fim. Neste ponto, o Carrefour de Champeaux é onde a pista foi cortada pela moderna rodovia. Os ramos D767 para a direita e à esquerda, com o traçado original do circuito seguindo em frente.

 

 

Agora muros de pedras fecham a estrada, e um portão impede o acesso ao moderno perímetro pista inaugurada em 2001. Mas, por outro lado, esta ligação serpenteia por uma encosta ... antes de chegar ao ponto onde a pista moderna junta-se a partir da curva à direita, em seguida através do da curva de La Ferme à esquerda, um longo (para Charade) trecho de reta que é trecho de estrada continua a descida suave.

 

Le Petit Point foi o único pedaço de estrada que não seguiu a natureza: aqui a pista recebeu, artificialmente, uma ponte sobre o precipício do vale em forma de V.

 

 

 

Após a parte de alta velocidade, o trecho final da pista é uma série de ziguezagues fluidos e curvas que deixam você embriagado. Considerando que a partir Gravenoire a força do motor pode ser aplicada em uma linha reta, aqui o carro nunca anda em linha reta, o que significa que mesmo passados tantos anos a superfície do asfalto é coberta de linhas pretas.

 

Tertre De Thèdes segue, é uma rusga majestosa de uma curva de carrossel que se eleva a um ápice antes de rolar ladeira abaixo novamente. E ainda não acabou! Nunca há temporizador para relaxar: uma esquerda rápida contornada com forte esterço, lança o piloto para a última curva... o hairpin parabólica que vai tentar o seu melhor para jogá-lo no cascalho vulcânico que o rodeia.

 

 

Então, entra-se no que hoje é parte do circuito moderno, que utiliza a parte final desta surpreendente pista, e acrescenta em uma curva que parece um abridor de latas, pontudo, seguido por um desce-sobe saindo em frente ao ponto onde se ler a palavra Charade.

 

Quando eles projetaram o percurso menor, eles certamente buscaram manter o espírito da velha pista e seus ecos. Uma série de chicanes apertadas e curvas cegas, subindo e descendo, serpenteando o relevo, buscando a sintonia com o ritmo do original.

 

Até a próxima,

 

Ian Möller


Last Updated ( Sunday, 20 November 2016 19:48 )