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O renascimento de Kvyat PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 28 October 2016 14:49

Olá fãs do automobilismo,

 

Quando meus queridos leitores estiverem lendo esta coluna, deverei estar de volta à San Diego (ou pelo menos estarei a caminho) depois de passar 12 dias dentro do “circo” da Fórmula 1.

 

Quando tinha meu consultório no Brasil, na semana do Grande Prêmio, eu me mudava para São Paulo e passava alguns dias na cidade para acompanhar a reta final do campeonato e poder atender melhor os meus pacientes. Agora que estou nos Estados Unidos e tendo duas corridas em sequência por aqui, com o GP do México, fica mais fácil antecipar este processo e poder ficar mais tempo com eles, especialmente nesta fase de definição de futuro.

 

O Nobres do Grid não pediu credenciamento de imprensa, mas em Austin, na sexta-feira, apareci no paddock com a camisa do site e uma assessora do Matteo Bonciani (pelo menos ela assim se identificou) perguntou porque eu não estava com credencial de imprensa. Eu disse que estava ali como convidada, não como jornalista. Fiz o mesmo na Cidade do México e lá, foram pessoas que viram a camisa e me identificaram. Chefinhos, nós somos famosos!

 

Na verdade não faltaram convites para estar nos paddocks e áreas de hospitalidade. Daniil Kvyat, Sebastian Vettel, Nico Hulkenberg e Niki Lauda me ofereceram credenciais para estar nos espaços de suas equipes e poder conversar com os pilotos durante este período. Muito gentil, Christian Horner me cedeu uma sala para eu usar como consultório, apesar o do olhar estranho do Helmut Marko sempre que me via, aceitei a oferta.

 

E justamente neste período, mais uma vez foi gratificante ver um paciente meu dar mostras de recuperação após um revés psicológico que poderia trazer graves consequências para seu futuro profissional, até mesmo abreviando sua carreira nas pistas, tamanho foi o impacto sentido por ele, Daniil Kvyat, quando foi “rebaixado” para a Toro Rosso, cedendo seu lugar para Max Verstappen na Red Bull.

 

O mundo de Daniil Kvyat ruiu quando foi comunicado sobre a sua troca com Max Verstappen e o retorno à Toro Rosso.

 

Cair e levantar. Na teoria o mecanismo parece fácil. Na prática, as coisas são bem diferentes. Ao passar por uma situação que traz sofrimento – como o término de um relacionamento, a morte de um parente querido ou uma demissão – o processo de recuperação nem sempre é simples. A sensação de desânimo e perda podem durar um bom tempo e é fácil sentir como se nada mais fizesse sentido.

 

Porém, há indivíduos que enfrentam grandes percalços e, precisam reagir rapidamente, vencer a dor e se reestabelecer em pouco tempo do contrário os danos serão ainda maiores. Essa habilidade em superar-se é chamada na psicologia de “resiliência”. O termo foi sabiamente emprestado da Física, que define a resiliência de um objeto como sua capacidade de sofrer pressão ou impacto e, depois, voltar à forma original.

 

Não bastasse o constragimento intarno, no GP seguinte, na Espanha, Daniil foi escalado para a coletiva ao lado do "algoz".

 

Quando Daniil foi informado da mudança, a sensação de ter um buraco aberto sob seus pés foi inevitável e ele sentiu o efeito disso. Ele vinha bem na Red Bull. Na corrida da China lutou muito e conseguiu um bravo terceiro lugar, mas a suposta pressão por estar correndo em casa na etapa seguinte e os erros cometidos nas primeiras curvas pesaram na decisão tomada pela chefia da equipe (ambas), somadas à pressão de um assédio de outras equipes sobre a potencial estrela que eles haviam levado da Fórmula 3 europeia para a Fórmula 1, Max Verstappen.

 

O abalo da troca ainda foi ampliado com a inesperada vitória do recém promovido Verstappen fez com que entrássemos numa corrida contra o tempo para recuperar Daniil mentalmente e impedir uma queda de rendimento e mesmo a perda do lugar na Toro Rosso no final ou antes mesmo do final da temporada.

 

Foi preciso força pra voltar a por a cabeça no lugar. O baque foi forte e potencializado pela vitória de Verstappen na Espanha.

 

Foram meses duros de trabalho até chegarmos no estágio em que chegamos, mas Daniil foi capaz de se recuperar, fortalecendo a sua “musculatura emocional” com coragem e disciplina. A Resiliência ou a capacidade de ser resiliente funciona como qualquer músculo no nosso corpo. Sua construção se dá gradualmente e exponencialmente com a exposição repetida aos obstáculos e às forças externas.

 

Trabalhamos muito este aspecto, mas a trajetória natural de um piloto que vem desde o kart até a Fórmula 1 é uma excelente academia. Desde meninos os pilotos são submetidos à prática no enfrentamento dos obstáculos (como quando você escolhe evitá-los), se você decidir ainda assim propor-se ao desafio de tentar, a coisa certamente correrá mal, um evento traumático pode derrubá-lo. Como tudo na vida, a preparação é amiga da eficácia e do sucesso. Sem preparação o fracasso é uma possibilidade muito forte.

 

Mas Daniil conseguiu colocar os pés no chão e voltar a focar o desempenho na Toro Rosso e foi retomando o ritmo.

 

Daniil mostrou-se forte, recuperou-se com o passar dos dias e retomou um bom ritmo de corrida, inclusive colocando seu substituto – Max Verstappen – sob pressão e sem conseguir ultrapassá-lo ao longo de intermináveis voltas durante o GP de Cingapura.

 

Superar as adversidades é um dos nossos principais desafios na vida. Quando resolvemos enfrentar e superar, tornamo-nos especialistas em lidar com ela e, consequentemente, promovemos o triunfo sobre as nossas lutas do dia-a-dia e essa superação foi reconhecida pelos diretores da equipe, que decidiram por renovar o contrato de Daniil para 2017, ao lado do espanhol Carlos Sainz Jr.

 

Neste final de temporada, Daniil já voltou a sorrir e a arenovação de contrato para 2017 foi uma consequência disso.

 

Parabéns, Daniil! Esta vitória tem um troféu que linguém vai tirar, quebrar, que não precisará ser polido e o pó não vai se acumular.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares