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Lewis: Em busca do foco perdido! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 12 October 2016 18:13

Olá fãs do automobilismo,

 

Na semana passada estive em um seminário sobre a dislexia em adultos e as consequências que este mal causa em suas atividades. Foi muito interessante, inclusive para o assunto desta coluna, apesar de – aparentemente – não se tratar do caso, mas os sintomas são tão parecidos que não tive como evitar uma associação com a consulta de Lewis esta semana.

 

Eis que na quarta-feira, dia das crianças e de Nossa Senhora Aparecida no Brasil, antecipando-se em um dia ao habitual, Lewis esteve no meu consultório para aquela que deveria ser uma de suas consultas quinzenais (agendadas para as quintas-feiras), mas que ele vinha faltando com uma preocupante frequência devido a “outros compromissos”, como sempre alegava.

 

Foi preocupante a expressão em seu rosto quando fui recebê-lo na sala de espera. Ele tinha um olhar perdido, como se estivesse distante, pensando em outras coisas, mas a forma como falou comigo e disse: “eu precisava antecipar a consulta porque preciso buscar meu equilíbrio” simplesmente não encaixava com a sua expressão corporal. Algo estava muito errado.

 

 

Lewis saiu da Alemanha para as férias de agosto da Fórmula 1 com 19 pontos de vantagem sobre Nico Rosberg, depois de estar 43 pontos atrás. Fizemos um trabalho de fortalecimento muito sólido onde ele demonstrava a calma de sempre e uma confiança de que “uma hora o carro ia parar de dar problemas”. Bastou isso acontecer e ele vir superando Nico corrida após corrida como fez nos anos anteriores.

 

A força com que se impôs foi tamanha que Nico veio para meu consultório completamente devastado. Sim, Nico é mais instável emocionalmente DO QUE Lewis, mas também responde bem aos processos e metodologias de tratamento a que é submetido. Tanto que voltou das férias com “outra cabeça”. Focado em correr da melhor maneira possível. Buscando não errar e não fazer coisas que nunca habituou-se a fazer, como “espremer os outros pra fora da pista”.

 

 

Se por um lado Nico voltou pronto para tentar recuperar-se, Lewis parecia ter voltado “relaxado demais” dos dias de sol e festas por onde andou com seus amigos. Em agosto, inclusive, ele não seu sequer sinal de vida, deixando para a sua assessoria de imprensa na Mercedes desmarcar as consultas que ele não poderia vir devido a “outros compromissos”.

 

Um dos grandes problemas – ou soluções – do mundo moderno, especialmente pra quem se dispõe a expor a vida nas redes sociais é que normalmente, por serem celebridades, eles deixam as mesmas em aberto. Assim, qualquer pessoa em qualquer lugar do planeta vai saber o que ele está fazendo, aonde e com quem... e Lewis não tem sido nada discreto em suas postagens, nem ele e nem seus amigos famosos aqui nos Estados Unidos, principalmente.

 

 

Essa “dispersão” de Lewis parece ter tomado força após o GP da Bélgica, quando ele fez, junto com a equipe, a opção de trocar o motor e todos os componentes possíveis de vir a apresentar algum problema nas corridas seguintes e assim, com isso, poder ter um equipamento renovado para as etapas restantes do campeonato e fazendo isso numa pista com diversas possibilidades de ultrapassagem, o que permitiria uma boa recuperação e assim, minimizar a perda de pontos para uma vitória de Nico, como aconteceu. Chegar em terceiro lugar foi até além das expectativas de que largava em último.

 

O problema é que não adianta nada largar na primeira fila e largar tão mal como foi nas corridas da Itália e do Japão. Este tipo de erro em uma disputa tão acirrada não pode acontecer e Lewis praticamente entregou duas vitórias nas mãos do seu adversário perdendo tantas posições como perdeu. É bom lembrar que ele teve problemas com a embreagem no início do campeonato, mas estes haviam sido – aparentemente – resolvidos.

 

 

Lewis estava contrariado e confuso. Um efeito disso foram as declarações depois da corrida na Malásia quando questionou a própria equipe sobre a quebra de seu motor quando liderava tranquilamente a prova. Não é uma atitude sensata alguém falar o que ele falou quando depende da equipe para ter sucesso. Até onde voltar atrás e pedir desculpas vai resolver é algo que nem ele nem ninguém pode mensurar.

 

Lewis – ainda – tem consciência de que pode derrotar Nico na pista como já fez anteriormente. A questão agora está em encontrar o foco e colocar em prática o que precisa ser feito para que esta esperança sobreviva até a corrida final em Abu Dhabi. Contudo, qualquer coisa que ele faça, mesmo vencendo as quatro etapas restantes, não será suficiente para compensar o terreno perdido, especialmente os 25 pontos que se foram junto com o motor na Malásia.

 

 

O que podia ser feito nesta semana e será feito na próxima (Lewis voltará aqui na próxima quarta-feira, antes de ir para Austin) depende mais dele do que da sua terapeuta. No caso de qualquer paciente, a vontade de recuperar-se precisa ser maior da parte dele do que da de qualquer outra pessoa. Lewis precisa mostrar o quanto ainda quer conquistar este título e mais: o quanto ainda quer ser um piloto vencedor na Fórmula 1.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares