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Mudanças nada suaves PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 13 September 2016 18:03

Pra esse mês não faltava assunto pra gente conversar por aqui. O “tchau querido” do Macarroni, o “Indynic” da nossa dupla pé gelado lá pelos Estados Unidos, mas com essa venda da Fórmula 1 para um bando de caubóis endinheirados tinha que ser o assunto do mês. Afinal, a sequência de fatos, declarações e confusões mal começou.

 

A sócia com maior participação na empresa que controla a F1, Formula One Management (FOM), o grupo de investimento CVC Capital Partners, que tem como CEO o Donald Mackenzie e que tem sua sede na Inglaterra, acabou mesmo vendendo seus 35,5% para o Liberty Media Corporation, sediado nos Estados Unidos, e comandado por John Malone.

 

No meio desta negociação, o ‘Bom Velhinho’, que é dono de 5,3% das ações fincou o pé e declarou que a parte dele não está a venda (pelo menos por enquanto). Pelas ações do Grupo CVC, o Liberty Media, pagou a bagatela de 8,4 bilhões de dólares por um negócio que anda colocando as rodas na grama em termos de gerenciamento e apelo popular. Com um campeonato previsível e com cada vez menos gente na arquibancada.

 

E de tudo que foi falado nos últimos anos, John Malone, do grupo Liberty Media tem agora 35,5% da FOM,

 

Misto de temor e esperança é que, como o Liberty Media tem uma forte ligação com a FOX, e de lá está sendo colocado como novo Presidente da F1 o executivo Chase Carey, que é CEO da rede de entretenimento norte americana, uma das emissoras que em seu seguimento de esportes transmite a NASCAR e também a Fórmula Indy. Até onde o modelo de “Show Biz” dos ianques vai ser implantado na europeia F1 é o que veremos.

 

O ‘Bom Velhinho’, como bem sabemos, é carne de pescoço e vai usar todos os seus argumentos para impor sua maneira de gerir, ainda mais depois do anúncio de que ele irá continuar à frente da categoria como “Diretor Executivo” por mais 3 anos, até que os americanos preparem um substituto para entender todas as coisas que rolam por trás do que vemos e que a imprensa jura que está sabendo de tudo... haja inocência!

 

A relação entre Bernie Ecclestone e Donald Mackenzie era relativamente tranquila... mas as coisas vão mudar!

 

Para jogar uma lenhazinha na fogueira, o ‘Baixinho Narigudo’ parabenizou o negócio e considerou positiva a compra da Fórmula 1 pelo grupo Liberty Media Corporation, mas afirmou que a entidade que regular o esporte segue mais interessada em saber sobre os detalhes com relação aos planos dos novos proprietários, certamente com o desejo de finalmente poder controlar os descontroles criados pelo ‘Bom Velhinho’ nas brigas dentro do “Grupo de Estratégia”. Além disso, a FIA é o órgão que detém os direitos esportivos e esse ponto sempre foi complicado. Quando Max ‘Chicotinho’ era o presidente – entre 1991 a 2009 – tendo sido colocado lá por força do ‘Bom Velhinho’, a coisa era meio nebulosa. Com a eleição do ‘Baixinho Narigudo’, as coisas mudaram.

 

O negócio como negócio tem suas particularidades e nessas a grana rola solta e com mais zeros do que pneus no grid. Quem compra uma participação na FOM tem direito a receber proporcionalmente no montante faturado pela empresa no fim do ano. Ela explora os direitos comerciais da categoria.

 

Para novo Presidente da F1, o executivo escolhido foi Chase Carey, CEO da FOX. Olha a cara de xerife do velho oeste...

 

Pelas regras atuais, qualquer alteração na Fórmula 1 tem que seguir um caminho específico: Grupo de Estratégia, Comissão da categoria e Conselho Mundial. Seja quem for que irá ser sócio da FOM terá de acatar o pré estabelecido. Além disso, as relações entre as equipes, a FOM e a FIA serão regidas pela última versão do Pacto da Concórdia, válido até o fim de 2018. Isso inclui também o quanto cada integrante do show recebe na temporada seguinte a sua participação no Mundial.

 

Além disso tem a questão da venda dos direitos de TV, a cobrança de uma taxa de cada promotor de GP (que Vaira de país pra país), a exploração do espaço publicitário nos autódromos e do “Paddock Club”, aquele lugar cheio de gente que vai “passear no autódromo” e tá cagando pra corrida, comprado por fortunas pelas empresas que fazem destes os “espaços nobres” nos circuitos, Há outros meios de arrecadação, como o licenciamento do nome Fórmula 1 e a associação de nomes, como está sendo a Heikinen no momento. Com isso a FOM fatura 1,2 bilhão de dólares por ano.

 

O "jeito Bernie" de administrar tem tudo para entrar em conflito com o novo grande acionista... e já começou.

 

Atualmente metade dessa bolada vai para as equipes. A outra metade é dividida entre os seus sócios, como dividendos do investimento que fizeram, a FIA e para pagar suas despesas operacionais. O problema adicional para os novos donos é que tem muita insatisfação nessa divisão, especialmente por partes das equipes menores, que tem um processo correndo em comissão da união europeia.

 

Uma coisa é certa: vão acontecer mudanças e os americanos vão tratar de assuntos como a exploração da marca e dos meios eletrônicos – a internet em particular – que não estão previstos no Pacto da Concórdia, algo não pensado pelo “cérebro analógico” do ‘Bom Velhinho’, que completa 86 anos este ano. Na contramão do resto do mundo, ele acha que expor imagens na rede será ruim para a categoria.

 

Jean Todt já tratou de aumentar a pressão sobre o agora diretor executivo da FOM, saudando os novos compradores.

 

Bom, estes três anos de “transição” vão ser pra lá de animados... em menos de uma semana já entrou em rota de colisão com seu novo chefe, John Malone e o chefão americano também comprou briga com a Ferrari de Sergio Marchionne, uma vez que não está disposto a manter a bonificação para times históricos. Como a Ferrari é a maior beneficiária, é lógico que ia dar briga. Na contramão, o presidente da Mercedes, Dieter Zetsche, considera investir em se tornar acionista minoritário da categoria.

 

Talvez os três anos de “transição” acabem sendo encurtados se o ‘Bom Velhinho’ resolver chutar o balde e ir contar os seus ‘zilhões’ na fazenda de café gourmet que tem aqui no estado de São Paulo, revivendo os tempos dos “barões” que fizeram do grão o maior produto de exportação do país no passado.

 

É possível que o modelo de gestão norte americano (vide a NASCAR) seja em parte implementado na nova F1.

 

Preparem-se: ainda vai chover muita manchete na mídia sobre as brigas entre a “velha Fórmula 1” e a “nova Fórmula 1”. Só pra lembrar, ao longo dos anos 70 até o início dos anos 80, o ‘Bom Velhinho’ também lutou para mudar a Fórmula 1 para o seu jeito de administrar a categoria... chegou a hora de uma nova mudança!

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva