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Nico em parafuso! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 06 August 2016 14:41

Olá fãs do automobilismo,

 

Este período de férias que os pilotos estão tendo – e não são só os da Formula 1, não. Os da Moto GP e os da Fórmula Indy também pararam – é uma época de trabalho dobrado aqui no meu consultório. Tem gente dando continuidade a suas terapias, gente querendo iniciar um processo de recuperação, outros um de fortalecimento. São diversos focos distintos.

 

Alguns pacientes tem, ao longo de seus tratamentos, alguns altos e baixos. Isso é relativamente normal, embora não muito desejável, especialmente se os “baixos” forem algo profundo, beirando um processo depressão e, obviamente, uma regressão no processo de estabilização e crescimento psicológico do paciente.

 

Depois da ida para a Inglaterra, onde foi feito aquele trabalho de grupo com os pilotos e os dois diretores da Equipe Mercedes, tanto Nico quanto Lewis tiveram duas sessões individuais aqui em San Diego e as reações de Nico ao longo deste período tem sido extremamente preocupantes.

 

Apesar de ter procurado insistir bastante em que ele não deveria levar a questão da “corrida em casa” como uma hora de dar o troco em Lewis, retomar a liderança do campeonato, inflamar a torcida, mostrar pra Mercedes que ele também pode ser campeão do mundo, Nico acabou colocando muita pressão sobre si mesmo e o resultado todos viram.

 

 

Na quinta-feira da semana passada foi a sua consulta semanal e foi como rever um filme... com o mesmo enredo que assisti no ano passado, quando Lewis desmontou-o psicologicamente. Nico chegou no meu consultório sem sorrir, sem tentar falar português, sem expor reações... como se não tivesse vida em sua alma. Deitou-se no meu divã como se estivesse entrando num caixão. Foi angustiante.

 

Ele foi falando sobre erros, punições, comissários... sem parar, parecia uma metralhadora. Nem parecia o Nico. Nem no ano passado ele ficou no estado em que ele estava. Não me restava outra coisa a não ser tentar acalmá-lo. Fui buscar algo bem distante. Disse-lhe que a falha, o erro faz parte da vida e se quando bebês, tivéssemos medo de falhar, poucos de nós teríamos aprendido a andar e a falar. Para aprender a andar tivemos que cair algumas vezes, arranhar os joelhos e machucar o rosto, não foi assim? Ele virou a cabeça e olhou fixo pra mim.

 

 

Todos nós já tivemos fracassos em alguma época da vida. Estar vivendo agora esta situação não pode e nem deve ser considerado como algo definitivo. De fato, quanto mais enfrentamos os riscos de uma nova experiência, de um novo conceito, maior é a probabilidade de fracassarmos, ao menos em curto prazo.

 

Vencer ou perder é algo que faz parte de qualquer esporte, é algo que faz parte do dia a dia na vida. Lidar com a derrota, a eventual derrota, não pode ser vista como uma coisa definitiva. É preciso não se culpar pelas suas falhas, ao contrário, usaram os seus erros como lições para melhorar o seu desempenho. Sabiam que o fracasso era apenas momentâneo e que não significava, necessariamente, uma derrota.

 

 

O problema é que Nico falhou... e foi culpado por estas falhas. Um dos problemas foi tentar e fazer algo que ele não tem por hábito fazer. Tanto na Hungria como na Alemanha, sobre Lewis e Max Verstappen, Nico procurou “espalhar” na curva e o que ele fez não foi um movimento natural. Com o tanto de câmeras que se tem hoje, fica fácil detectar e diferenciar uma “espalhada” de um retardamento na execução do movimento da curva.

 

Nico precisa assimilar os ensinamentos em relação aos fatos ocorridos. Se ele simplesmente engolir o que aconteceu nas últimas corridas como uma derrota, a partir daquele momento, a sua habilidade para funcionar efetivamente ficará comprometida. Todos os grandes líderes, todos os grandes atletas, todos os grandes exploradores, pensadores, inventores, empresários, cometeram erros, experimentaram fracassos.

 

 

Ainda faltam nove etapas a serem realizadas e a recuperação de Lewis, que chegou a estar 43 pontos atrás na classificação e hoje está 19 pontos à frente, não é algo impossível buscar e conseguir uma recuperação e superar Lewis na disputa deste ano.

 

O que o desviou de seu objetivo? Isso poderia ser evitado? Como? As expectativas eram insensatas? O que quer que pode vir a acontecer a seguir? Que atitudes trarão você para o caminho que o levará de volta às vitórias? Quais problemas novos podem vir a surgir? Como podem vir a ser resolvidos? O que você precisa ter à disposição antes de começar?

 

 

O segredo está dentro dele. As respostas estão dentro dele e Nico tem como e precisa buscar isso dentro de si.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares