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Bernie Hood: o espertalhão da floresta! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 15 July 2016 23:09

Para quem está acompanhando a esculhambação geral da política brasileira, exposta fartamente como uma ferida de doente de hospital público, o que mais se vê na televisão são os “discursos de conveniência” que os nobres parlamentares trombeteiam para embromar a população (como conseguem fazer com a grande maioria).

 

Transbordando de demagogia, esses caras que se banqueteiam com o nosso dinheiro, arrancado dos nossos bolsos pelo instrumento legal – e imoral – dos impostos abusivos e arbitrários do Brasil, tem a cara de pau de dizer que estão fazendo de tudo pelo bem do país, para um Brasil melhor, etc. É uma ladainha sem fim, um disco de vinil arranhado que repete a mesma coisa.

 

Aí o que a gente faz diante das tensões do dia a dia? Busca uma alternativa de lazer, uma válvula de escape das pressões. Uns vão jogar futebol, outros vão jogar baralho, outros vão trair o cônjugue e eu vou assistir corrida na televisão e tomar cerveja!

 

E vendo as corridas, lendo os noticiários e escrevendo para um site de automobilismo, chego a conclusão que essa esculhambação com dinheiro farto não é exclusivo aqui do Brasil. Que a demagogia não é só aqui no nosso país e que, quando o caro começa a apertar, vem aquele tsunami de demagogia para varrer a praia dos críticos e desviar o foco dos reais problemas.

 

 

 

Se aqui no Brasil, na política brasileira, temos vários protagonistas deste show de manobras com a verba arrecadada ao longo de várias décadas, na Fórmula 1, o protagonista das manobras com os bilhões que envolvem o show que a categoria se tornou é um só: o Bom Velhinho!

 

O leitor vai dizer que eu to ficando louco, que uma coisa não tem nada a ver com a outra... de certa forma tem. Sigam meu raciocínio:

 

É verdade que quando decidiu investir seus esforços para transformar a Fórmula 1 no que ela é hoje, Bernie Ecclestone foi audaz e conseguiu um nível de profissionalismo em um circo que já existia há duas décadas e meia e tinha aquele ar amadoresco, de carros parados na grama, boxes mambembes, autódromos precários, e que ele impulsionou uma mudança enorme de visão e gestão.

 

 

 

Logicamente que o resultado disso foi um aumento do interesse, da exposição, da importância e consequentemente da geração de retorno financeiro que transformaram o Bom Velhinho em um Bilionário! Mas aí eu pergunto: e quem faz o show (pilotos e equipes) para que tudo isso aconteça leva o que no final das contas? Para alguns, mal sobra a raspa do tacho!

 

Não foi a toa que em 2014 quase rolou uma greve nos boxes do GP dos EUA (que se chegasse ao final das contas poderia enterrar aquele super-autódromo como acabou enterrando a etapa em Indianápolis com aquela corrida ridícula de seis carros) por causa de dinheiro... ou mais especificamente a falta de dinheiro para as equipes que são a “parte mais pobre do grid”. Na época a Force Índia, a Sauber e a ‘Nega Genni’, que voltou a ser Renault.

 

Não nos esqueçamos que o descontentamento dos times do “baixo clero” descambou para uma uma reclamação formal na União Europeia durante o campeonato de 2015 por parte da Sauber e da Force Índia, uma vez que foi adiantada uma grana para eles, mas o problema não foi resolvido. É esperado o resultado da análise da UE ainda para agora, o mês de julho, antes da chamadas “férias de verão”, mesmo a União Europeia tendo que encarar o trem descarrilado da saída da Grã-Bretanha do bloco.

 

 

 

Apesar deste fato bombástico estar aí para desviar as atenções de todo o restante do que acontece em termos de velho continente, o diretor-adjunto da Force India, Bob Fernley, e da chefe da Sauber, Monisha Kaltenborn. Ambos confiantes num resultado final favorável por parte da corte de assuntos econômicos do bloco. As equipes acreditam que o pedaço da quantia total recebido pelas maiores equipes quebra regras de competição.

 

Diante deste cenário que pode surgir como desfavorável, o que faz o Bom Velhinho? Balança um maço de notas em direção às equipes menos favorecidas e como Robin Hood, anuncia que está estudando uma forma de distribuir melhor os valores arrecadados para que as equipes menores tenham mais verbas e assim, mais condições de se desenvolver.

 

 

 

O princípio que ele pretende usar é o mesmo que vem dando certo e implementando uma nova dinâmica na Premier League, a liga de futebol da Inglaterra, que há alguns anos mudou a forma de distribuir o volume (gigantesco) de dinheiro arrecadado entre os clubes participantes do campeonato. Isso vem dando certo, ao ponto de haver mais times realmente ganhando jogos, montando equipes mais fortes e deixando o campeonato mais equilibrado.

 

A divisão do dinheiro da venda de direitos de transmissão faz o maior volume do total arrecadado. Muito mais do que a venda dos ingressos, que eram a grande fonte de recursos até 20 anos atrás. Esta verdadeira fortuna é dividida em três partes: uma parte da fatia é dividida igualmente entre todos os 20 clubes membros; uma segunda parte é dada com base na colocação dos times naquela temporada; e, por fim, uma terceira parte é distribuída com base na audiência televisiva que cada equipe rende.

 

 

 

Na Premer League quem transmite as partidas são as redes de televisão do país. Na Fórmula 1, quem transmite é a rede de televisão do Bom Velhinho. Ou seja, ela não paga, ela vende (e caro) os direitos de retransmissão das corridas para os quatro cantos do planeta, imagens que ela produz, gerando uma renda de bilhões de Euros ou Libras que vai para os cofres da FOM (Formula One Management), que distribui uma parte deste dinheiro entre as equipes.

 

Há vários anos a maior beneficiária deste bolo distribuído é a Ferrari, que recebe muito mais que todas as outras equipes independente do que tenha feito na temporada que passou. Há, ainda, uma divisão extra para os chamados “times históricos” que acaba provocando um desequilíbrio entre quem leva o que e gerando um abismo cada vez maior entre as equipes. Ou seja: quem tem grana tem cada vez mais grana e que não tem, anda cada vez mais longe do pódio!

 

 

 

A jogada do Bom Velhinho – pelo menos foi o que ele andou dando a entender que faria – seria buscar na liga de futebol de seu país, algo que ele está envolvido, uma vez que comprou um time de uma das categorias inferiores, pode deixar as equipes mais poderosas bem descontentes, mas pode também diminuir o impacto de uma decisão desfavorável da comissão da Comunidade Européia.

 

Esse Robin Hood grisalho de vida eterna é o verdadeiro espertalhão da floresta!

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva