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A Reinvenção de Nelsinho Piquet PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 10 May 2016 12:11

Olá fãs de automobilismo,

 

Uma das coisas que mais admiro nas pessoas e quando elas exercem a capacidade (sim, porque todos tem capacidade para tudo, mas daí a conseguir fazer ou querer fazer é uma outra coisa) de reinventar-se, de dar a volta por cima, por mais dura e aparentemente impossível é o desafio com o qual elas se deparam.

 

Essa é só uma das coisas que me fez passar a admirar tanto o Nelsinho Piquet, que viveu “o inferno” em 2009 quando envolveu-se naquela armação elaborada por Flavio Briatore e Pat Simonds. Depois de todo o desenrolar daqueles fatos, expostos pelo próprio Nelsinho quando foi “sacado” do carro no meio da temporada.

 

Eu sempre fui fã da família Piquet e estava me formando naquela época. Desde aquele tempo eu procurava criar meios de como aplicar um processo terapêutico em um atleta envolvido em uma situação psicologicamente desfavorável. Apesar de um dia achar que meu caminho seria mesmo a psicologia esportiva, só em sonho imaginava que teria uma clientela como a que tenho hoje.

 

A terapia para este grupo em particular de atleta (pilotos de competição) é algo realmente desafiador. Apesar da maioria das pessoas achar que eles são um poço sem fundo de ego (alguns até são mesmo), mas a convivência com eles ao longo destes anos veio me mostrando que eles são pessoas como a maioria das pessoas, com sentimentos, ansiedades, sonhos, frustrações...

 

 O sonho da Fórmula 1 virou um pesadelo para Nelsinho. Em tudo que houve de errado, ele acabou como o único punido.

 

Desde que veio pela primeira vez ao meu consultório, quando ainda era em Cuiabá-MT, levado pelas mãos de seu amigo Bruno Senna, Nelsinho passou a fazer uma consulta regular todos os meses. Nossas conversas são algo bem diferentes do que normalmente acontece com meus demais pacientes. É um jogo de espera, onde eu preciso esperar que ele dê algum passo em alguma direção. Uma vez o assunto da nossa seção foi a textura e a ergonomia do meu divã... Nelsinho é complexo!

 

Uma coisa que ninguém pode condenar ou desdizer de Nelsinho é que ele é um lutador, uma pessoa capaz de, por mais por baixo que alguém ache poder estar, ele tem capacidade e força para levantar, reinventar-se, reconstruir-se.  Foi isso que ele fez quando deixou para trás todo um sonho e um projeto de carreira para dar partida num novo caminho: conquistar um espaço no automobilismo norte americano em um caminho que nenhum brasileiro conseguiu uma vitória: as categorias da NASCAR!

 

 Nos Estados Unidos, Nelsinho se reencontrou com a felicidade e as vitórias nas categorias de acesso da NASCAR.

 

Em 2010 Nelsinho fez suas primeiras provas na Camping Truck Series e no ano seguinte, partiu para a temporada completa, aprendendo a andar num tipo de circuito onde os brasileiros não correm e pilotando um carro bem diferente dos monopostos onde sempre andou desde que saiu do kart. Terminar a temporada no décimo lugar na classificação geral ao fim das 25 etapas do campeonato foi algo a se considerar positivo, mas foi no ano seguinte que Nelsinho fez história.

 

Em décadas de campeonatos da NASCAR, foram raras as vitórias de pilotos estrangeiros, mesmo porque os estrangeiros nunca tiveram muito espaço por lá, como conquistaram na Fórmula Indy. Disputando a sua segunda temporada completa na Camping Truck Series Nelsinho conquistou duas vitórias. Não bastasse isso, correndo na prova de circuito misto de Road América na Nationwide, a categoria de acesso da Sprint Cup, Nelsinho conquistou uma brilhante vitória, que o credenciou a disputar a temporada seguinte nesta categoria. Contudo, o plano não vingou e em 2013, na Nationwide, o 12º lugar no final do campeonato não foi suficiente para alavancar a carreira para ter um carro melhor, uma equipe mais estruturada.

 

 No Rally Cross, mais diversão, emoção e sorrisos. Nelsinho estava feliz e relaxado.

 

E aí veio uma nova mudança: Nelsinho reinventou-se novamente e passou a disputar corridas de Rally Cross, uma categoria que movimenta bastante público e mistura asfalto, terra, saltos, nua corrida extremamente dinâmica. Assim como foi nas categorias anteriores, foi um ano de conhecimento e uma colheita de bons resultados no ano seguinte. Em 2015 Nelsinho conquistou uma etapa mundial do campeonato da FIA. Além disso, ele desbravou uma nova fronteira, participando de diversas etapas da Blancpain Series na equipe de Antônio Hermann, voltando a correr na Europa de onde saiu após o processo na corte da FIA.

 

Mas o grande momento viria também em 2015, com o primeiro campeonato da Fórmula-E. A categoria de monopostos nasceu com todas as incertezas de uma nova categorias, somadas a de como público e pilotos reagiriam diante de um carro sem motor. O promotor e os chefes de equipe foram inteligentes em apostar em “nomes conhecidos”... no caso, sobrenomes. Piquet, Senna, Prost... junto com alguns ex-pilotos de Fórmula 1 e pilotos do Mundial de Endurance.

 

 No novo certame com chancela da FIA, a Fórmula E, Nelsinho destacou-se entre sobrenomes famosos e grandes pilotos.

 

Mesmo sendo um campeonato atípico, era um certame mundial e Nelsinho conseguiu superar todos os seus adversários para conquistar o primeiro título da nova categoria, que está sendo um estrondoso sucesso. Mas o melhor ainda estaria por vir. Não bastava ter vencido em Long Beach, onde o pai venceu seu primeiro GP de Fórmula 1 (e eu estava lá, no Box do Bruno Senna, mas também passei no Box do Nelsinho).

 

No final do ano, na festa da FIA, com todos de smoking (e tenis?), Nelsinho dava uma resposta de campeão a todos que lhe viraram as costas depois da revelação da batida proposital da Renault e levantava o troféu de campeão do mundo, entregue por Jean Todt. 

 

 Na festa dos campeões da FIA, nada melhor do que ver todos que o criticaram tendo que aplaudi-lo. 

 

E em 2016 Nelsinho está encarando mais um desafio: ao lado de Nicolas Prost e Nick Heidfield assumiu o protótipo LMP1 da equipe Rebelion no Mundial de Endurance e correrá, na categoria principal, as 24 horas de Le Mans. Este ano já foram duas corridas: com um 2º lugar nas 6 horas de Silverstone e também nas 6 horas de Spa-Francorchamps entre as equipes privadas.

 

O desafio é reinventar-se, Nelsinho e você tem se mostrado um campeão do mundo nesta modalidade de dar a volta por cima e calar a boca dos críticos.

 

 O mais novo desafio é o Mundial de Endurance. Só um piloto completo se daria bem em tantas categorias.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

 

p.s. nesta seção, depois de 10 minutos, ele começou a falar da minha coleção de Minions... e não parou mais até acabar a hora.