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Sauber: à beira do abismo! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 15 April 2016 15:35

Estava conversando com um colega de trabalho outro dia, desses que se consideram “especialistas em automobilismo”, mas que não viu o Emerson Fittipaldi correr e que fala, de boca cheia, que “depois da morte do Senna o automobilismo acabou” (por aí a gente vê o quanto o cara realmente “entende” do assunto) e, pra infelicidade dele, eu estava naqueles dias que você levanta com o pé errado da cama... e eu ainda pisei na porcaria (não era bem isso, mas tudo bem) do rabo do gato.

 

Ele estava xingando o Macarroni e o Turquinho, dizendo que os dois não guiavam nada, que estavam numas porcarias de carro, que o Brasil nunca mais ia ter um campeão do mundo (nisso eu acho que o risco é mesmo grande) e aí eu resolvi perguntar par ele se ele conhecia a trajetória de Frank Williams e Peter Sauber, os donos das equipes onde os brasileiros estavam correndo.

 

Obviamente que o camarada não sabia praticamente nada do Frank Mão de Vaca, só que o Piquet e o Senna pilotaram pra ele, que tinha o “carro do outro planeta”, o Leão foi campeão e outras coisas que ouviu o “Papagaio da Globo” falar. Do Sauber, menos ainda. Como era final de tarde e eu não estava disposto de sair do escritório da corretora e encarar meu engarrafamento diário pra chegar até Contagem, na grande BH, onde moro com os bagos cheios, uma vez que ia precisar do espaço para aturar os rodas presas e os braços duros do trajeto, disse pra ele que ia contar só uma parte da história, que a outra ficava para um dia.

 

 

Pra ir logo sacaneando o cara, perguntei se ele já tinha ouvido falar de um cara com queixo de tamanco chamado Michael Schumacher... ele me olhou com aquela cara de quem tá perguntando se eu estou de gracinha com a cara dele. Daí eu perguntei se ele sabia que o Schumacher era piloto do Peter Sauber no Campeonato Mundial de Carros Esporte e que a equipe dominou as temporadas de 1989 e 1990?

 

É lógico que ele ficou com cara de pastel e como tá na moda chutar cachorro morto e empurrar bêbado em ladeira, encurralei o cara atrás da escrivaninha e desci o verbo, mostrando que o Peter Sauber era, antes de se aventurar na Fórmula 1, um respeitado construtor de carros esporte protótipos, que foi pelas mãos dele que os “Mercedes Boys” (Schumacher, Frentzen e Wendlinger), deram o passo final para chegar na Fórmula 1, dentro da parceria que estabeleceu em 1989 com a Mercedes.

 

 

Com um empresário mais esperto, o Schumacher passou na frente dos colegas e chegou primeiro na Fórmula 1, mas a Mercedes tinha seus planos e Peter Sauber fazia parte dele, uma vez que, na época, a estrela das 3 pontas não queria voltar – ainda – para o mundial de Fórmula1, do qual saiu em 1955. Em 1991 eles anunciaram que não voltariam à categoria e nem “fariam um motor” (mas fizeram... só deram outro nome), mas manteria o apoio técnico e financeiro. O projetista Harvey Postlethwaite já havia deixado a Tyrrell para projetar o Sauber C12, mas esse pulou fora logo e a prancheta sobrou para Leo Ress, projetista de protótipos, e para Steve Nicols, ex-McLaren e Ferrari.

 

 

A equipe estreou em 1993, com o carro bem desenvolvido graças ao trabalho feito anteriormente no túnel de vento da Mercedes, em Stuttgart, mas não dava pra competir com os carros da Williams e sua eletrônica. Em 1994 a Mercedes “assumiu” o motor, mas Sauber iria perdê-lo: em 1995 a McLaren passou a ter motores Mercedes. Os alemães viram que aquilo não era como o Mundial de Carros Esporte e que o antigo parceiro não tinha dinheiro suficiente para reeditar os títulos dos protótipos. Peter Sauber pegou os motores Ford, campeões do ano anterior para 1995/96.

 

 

No ano seguinte, numa parceria com a Ferrari, passou a ter motores italianos, rebatizados como o nome “Petronas”, da petrolífera malaia e tinha na equipe o mestre oriental Osamu Goto. A prceria demorou a engrenar, mas em 2001, a Sauber ficou em 4º no mundial de construtores, atrás apenas de Ferrari, McLaren e Williams e manteve-se na parte de cima da tabela nos anos seguintes... até a BMW desistir de Frank Williams e investir pesado, tornando-se o acionista majoritário da Sauber, rebatizando a equipe (para BMW-Sauber).

 

 

Com a BMW a Sauber ficou de 2006 a 2010, e com os motores BMW a Sauber chegou a ser vice-campeã do mundial de construtores em 2007 (tá legal, teve a punição da McLaren) e terceira colocada em 2008. Contudo, com a saída da marca alemã quando veio a crise econômica de 2008/2009, as ações da equipe foram revendidas novamente para Peter Sauber em 2010, que voltou a usar os motores da Ferrari, mas num esquema diferente do que tinha antes da venda das ações para a BMW.

 

O time foi ladeira abaixo, chegando ao ponto de terminar o campeonato de 2014 atrás da nanica Marussia e tornou-se, na trajetória desta última década, uma “vendedora de cockpit”, fazendo disso um meio de sobrevivência. No ano passado, a equipe quase não alinhou na Austrália por conta destas vendas e teve que ir ao tribunal para se acertar com o piloto Guiedo Van Der Garde, preterido por quem pagou mais (Felipe Nasr e Marcus Ericsson).

 

 

Como raramente raio cai duas vezes no mesmo lugar, o carro deste ano não repetiu o sucesso do bom carro saído dos computadores em 2015, que andou bem no início da temporada até ser “engolido” pela falta de dinheiro para desenvolvimento e a possibilidade de uma disputa direta com a Manor pela última fila do grid.

 

Pior que isso só o cenário que veio se desenhando para a equipe, capitaneada desde 2012 por Monisha Kaltenborn, que nem foi para o Bahrein, segunda etapa da temporada, para passar o chapéu e tentar custear a ida do time para a etapa seguinte, na China. Foi através de Marcus Ericsson garantiu um importante aporte financeiro oriundo de investidores suecos e garantir, entre outras coisas, o pagamento dos 300 funcionários do time. Se não houver uma mudança nos rumos da equipe, podemos até pensar numa repetição do que vimos com a Caterham.

 

 

Como a “Rádio Paddock” tem sempre transmissões aleatórias (algumas com fundamento, outras nem tanto), a conversa do momento é que o Capo da FIAT, Sergio Marchionne, estaria pensando em recolocar o nome Alfa Romeo de volta na categoria e que a estrutura já existente da Sauber seria o melhor caminhho. Se isso acontecer, além de uma “equipe B” das Américas – como alguns andam chamando a Haas – a Sauber-Alfa Romeo seria uma “equipe B” europeia?

 

 

Uma vez que o plano daquela equipe romena que se chamaria descaradamente de “Forza Rossa” esfriou, talvez a salvação da Sauber passe mesmo pela Itália. Mas como até o momento não apareceu ninguém para dizer nem que sim, nem que não, A Sauber continua com a corda no pescoço e se os novo investidores suecos salvaram a folha de pagamento de março, Monisha Kaltenborn vai ter que continuar correndo atrás de como pagar os outros 8 salários do ano.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva