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Fernando está cansado! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 06 March 2016 13:59

Olá fãs do automobilismo,

 

Quem já não desanimou diante de uma situação difícil na vida? Acho que todos nós, não é mesmo. Difícil é quando este tipo de coisa se torna uma coisa repetitiva que vem e vem de novo e de novo e de novo. É preciso ter uma paciência de monge tibetano (ou uma boa terapeuta) para conseguir administrar isso.

 

Depois de terminar mais uma semana de testes pré-temporada da Fórmula 1, o consultório ficou parecendo aquelas paradas em bandeira amarela das corridas da NASCAR, com todo mundo vindo abastecer e trocar pneus ao mesmo tempo e a coitada da minha secretária tendo que fazer mágica pra conciliar os horários e algumas outras coisas. Sim, nem todos são “simpáticos” uns com os outros fora das câmeras de televisão.

 

De todos os pilotos que estão iniciando o campeonato deste ano, os que mais me preocupam são o Nico e o Fernando. O Nico, depois de perder dois campeonatos da forma que perdeu – principalmente o segundo, com direito a arremesso de boné – e que se começar o ano andando atrás do Lewis pode desmoronar. O Fernando, por outro lado, é mais forte psicologicamente, mas estou começando a achar que ele está se cansando desta vida.

 

 Apesar de estar trabalhando duro, Fernando tem deixado cada vez mais evidente o cansaço em relação à Fórmula 1.

 

Na quinta-feira da semana passada Fernando era o meu primeiro paciente e é impressionante como ele chega bem disposto tão cedo enquanto pessoas normais como eu precisam beber um litro de café para ficar como ele e apesar da fama de pouco acessível, eu sempre achei-o uma simpatia. Comigo e com as assistentes que tive ele sempre foi muito legal.

 

Legal não tem sido a situação que ele tem vivido desde que retornou para a McLaren. Ao contrário do que foi em 2007, quando chegou na equipe como bicampeão do mundo e grande favorito ao título e que, bem, foi um ano muito complicado com Ron Dennis e Lewis Hamilton.

 

 O novo carro da parceria McLaren Honda quer buscar estar mais próximo do carro dos anos 80/90... e longe do visto em 2015.

 

Nesta volta, levado pelas mãos dos japoneses da Honda, que buscaram em Fernando a ‘expertise’ de ser – considerado por muitos – o piloto mais completo dos últimos anos e da atualidade para comandar a volta da marca oriental ao mundo da Fórmula 1 e tentar reeditar uma parceria vitoriosa.

 

Ao longo da temporada de 2014, que antecedeu esta ida de Fernando para a McLaren, no início muito se falou que a Honda teria uma vantagem em ver um ano de funcionamento dos novos motores. No final, todos já acreditavam que os japoneses – ao menos em seu ano de estreia – não conseguiriam fazer uma temporada de destaque.

 

 Fernando não é mais nenhum garoto, mas aos 34 anos, está em excelente forma física, cuidada todos os dias.

 

O problema é que por pior que fosse a temporada de retorno, nem o mais pessimista dos pessimistas esperaria que a volta seria tão trágica. O carro não era eficiente e o motor uma tragédia! O momento extremo desta situação foi a comunicação de rádio no GP do Japão quando Fernando chamou o motor da Honda de “motor de GP2”.

 

Fernando deu alguns suspiros e fez algumas pausas entre suas palavras, mas de alguma forma, estava menos tenso com a confiabilidade que o motor apresentou. Para que não se lembra, no ano passado, além de fraco, o motor era extremamente frágil, mais frágil que os dos concorrentes e a equipe acumulou punições de perda de posição no grid por exceder o número de trocas de motor.

 

Definitivamente foi um passo adiante que os japoneses deram, disse Fernando. Contudo, ainda há muito o que se fazer. A diferença que era algo inalcançável no ano passado, dá alguma esperança para este ano, mas em termos de potência, apesar de ter havido um ganho, ainda há muito a ser feito.

 

 A McLaren e a Honda fizeram progressos, mas ainda não há como medir exatamente em que nível a equipe está.

 

Fernando disse que seria preciso ver o desempenho do carro nas duas ou três primeiras corridas do ano, que tem características bem diferentes, para entender como o carro vai se comportar em ritmo de corrida. Aliás, corrida é algo que ele espera participar, uma vez que no ano passado, acabar uma corrida ou não era uma questão de sorte. Nos duas sessões de treinos pré-temporada todas as equipes tiveram algum tipo de problema... exceto a Mercedes.

 

Mas o que ele tem dito ser pior do que tudo é que a Fórmula1 hoje está chata. Que os carros são lentos, pesados, que o espetáculo não traz emoções, que a pilotagem não exige o real talento dos pilotos e que o público e, além dele outros pilotos, querem ver carros mais bonitos, mas rápidos e mais desafiadores para 2017, ano que, prometem os senhores das regras, os carros sofrerão grande mudanças.

 

O que ficou evidente nesta nossa sessão é que Fernando não está nem um pouco desmotivado para continuar tentando conquistar seu terceiro título, apesar de estar entrando em sua décima sétima temporada. Fernando não descuidou da preparação física e técnica. Garante que não se troca, fisicamente falando, por nenhum destes pilotos novinhos.

 

 O risco de um "adeus precoce", apesar das 17 temporadas disputadas, é real caso a F1 não mude.

 

Mas por mais ímpeto e desejo de vencer, eu sinto que Fernando está ficando cansado deste ambiente e mesmo tendo me dito que não pretende romper o contrato com a McLaren – que tem duração até 2017, mas há opções anuais de renovação ou quebra – se não vir uma mudança significativa, a possibilidade termos Fernando fora do grid é real, o que será uma pena, principalmente porque sempre ficará a impressão de que ficou algo por ser feito.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares