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Os Chorões, os Omissos e os Perdidos: o faroeste da F1! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 06 March 2016 08:32

Não sei quantos de vocês gostam do estilo “faroeste” de filme e literatura. Eu adoro! Sou fã do John Wayne e do Clint Eastwood. Tenho uma montanha de livretos do ‘Tex’, aqueles que vendem nas bancas de revistas.

 

O estilo tem muitos filmes famosos, alguns premiados com o Oscar e, entre eles, o título de um em particular inspirou o título da coluna deste mês: “O bom, o mau e o feio”. No caso, o meu texto vai falar não de três pessoas em particular, mas de três estereótipos que estão evidenciados no que estamos vendo a um bom tempo e que parece ficar mais explícito a cada dia que passa.

 

O primeiro estereótipo é o dos chorões: esses são aqueles que reclamam de tudo ou que quando estão em desvantagem, “vão para Meca” (eu falei Meca... não caca ou algum sinônimo). Sim, fazem dos microfones dos jornalistas que cobrem o dia a dia da categoria um verdadeiro muro das lamentações, expondo quão pobres e infelizes eles são por não conseguirem superar seus adversários.

 

D. Choronso, o Príncipe das Lamúrias, é o maior exemplo disso. Pagando um preço alto por sua arrogância onde, se não fosse o “espírito kamikase” dos japoneses da Honda, teria ficado fora do grid já em 2015, tem usado de sua projeção para diversificar o teor das suas lágrimas, antes concentradas na falta de um carro vencedor nas mãos.

 

De certa forma, uma parte das atuais lágrimas do Choronso tem fundamento: basta prestar atenção nas câmeras ‘on board’ dos carros e ver os pilotos, calmamente, “jogando videogame na sala de casa”. A Fórmula 1 tá coxinha! Lógico que não é fácil pilotar um carro a mais de 300 Km por hora, fazer curvas a mais de 200 Km por hora, suportar 3 ou 4 forças G de esforço... mas eles são super atletas, são especialistas nisso.

 

Vítima de sua postura, pagando um preço altíssimo por seus atos, o Lamúrias está a ponto de "chutar o balde".

 

O problema é que tem “controle demais” para “carro de menos”. O Choronso tá certo quando fala que Fórmula 1 precisa voltar a ser uma categoria empolgante, com carros desafiadores, rápidos e exigentes física e tecnicamente e que espera ver nas mudanças do regulamento para 2017 carros que realmente exijam dos pilotos “saber pilotar” – e aí vem o banho de lágrimas – do contrário, ele não vê motivo para continuar correndo.

 

Quer enganar quem, Choronso? No ano passado, na corrida do Japão, você chamou o motor da Honda de “motor de GP2”! Por muito menos do que você já criticou os japoneses, o Alain Prost foi demitido da Ferrari antes do final da temporada de 1991! Apesar de “garantir que continua correndo até o final de 2017” (o que eu só acredito vendo), quão grande vai ser a revolução que a F1 pretende implementar a partir da próxima temporada? Já tem gente “roendo a corda” sobre certas mudanças.

 

O Príncipe das Lamúrias é um velho e conhecido chorão... mas além dele, tem sempre mais gente chorando. Normalmente, que não está ganhando tá chorando e os grandes “chorões da vez” são os bovinos chifrudos austríacos, que depois da radical mudança dos motores perderam o status de dominadores da categoria.

 

O Grande problema da Red Bull é a falta de um motor. A Renault errou e errou feio no projeto do motor de 2014. Pior que isso, continuou errando no ano passado, coisa que até os atrapalhados dos italianos da Ferrari (que foram dominadores da categoria quando tinha um monte de gente de fora para “organizar a zona”) conseguiram acertar o rumo e com isso chegar a incomodar a agora dominadora Mercedes.

 

Dominadora do início da década, a Red Bull sofre com o erro da Renault em seu motor. Pior  que isso, não vê uma saída a curto prazo.

 

Durante todo o ano de 2015 touros tentaram encontrar outro motor para empurrar seus carros. Poderia ter rolado um acordo com a Audi, com a Volkswagen por trás, mas depois do “escândalo do fumacê”, com os carros a Diesel poluindo mais do que deviam, a parceria foi para o vinagre. Afinal, o dinheiro do investimento precisava ser usado para pagar as bilionárias multas.

 

A Red Bull tem dois problemas. O primeiro é um tanto quanto relativo, uma vez que dinheiro não é problema e eles poderiam comprar o motor que quisessem. O caso é que isso desencadearia um problema com e para as outras equipes. Afinal, Tirando a Ferrari e a Mercedes – que produzem seus motores – nem a McLaren tem o colchão tão recheado quanto os touros.

 

O segundo é que, como eu já escrevi alguns meses atrás, um touro incomoda muita gente e a forma como os austríacos chegaram, se estabeleceram e dominaram a categoria foi rápida e avassaladora. Pior que isso, a postura arrogante daquele assessor para assuntos aleatórios e PhD em relações públicas (Helmut Marko).

 

Logicamente que nem Mercedes nem Ferrari venderiam seus motores para a Red Bull, por mais que o ‘Bom Velhinho’ tentasse criar “benefícios compensatórios”. Assim, todos os planos para recuperar as possibilidades passam pela Federação Internacional de Automobilismo reconsiderar a questão do motor independente. É improvável, mas não impossível, mas os touros não podem “contar com o ovo dentro da galinha”.

 

Complexo e caro, o atual motor da F1 tem sido uma dor de cabeça para uns, e uma enorme vantagem para outros.

 

A Red Bull se beneficiou do acordo feito pelas quatro montadoras presentes na F1 de que todas as equipes teriam algum motor para usar. Por falta de opção, tiveram que continuar com a Renault, e rebatizaram o motor de TAG Heuer, tendo Mario Illen para tentar “tirar leite de pedra”. Contudo, acordo só vale para 2016.

 

O interessante é o ambiente que a gente vê na Red Bull. Parece que apenas Christian Horner reclama e demonstra preocupação e indignação sobre a situação da Red Bull ser uma equipe cliente. Os pilotos tem mantido o “espírito Red Bull” de ser, levando tudo descoladamente com bom humor e o Helmut Marko, continua de nariz pra cima.

 

A FIA e a FOM estão no time dos perdidos. A FIA não cuida apenas da Fórmula 1, mas de todas as competições. Das ‘top’ às categorias de acesso. Além disso, cuida de projetos de mobilidade urbana e Jean Todt tem se importado bastante nos últimos anos com a questão da segurança no trânsito.

 

Foi a FIA que na busca de “fazer um automobilismo politicamente correto”, procurou padronizar os motores em 1,6 litros, quatro cilindros, turbo, econômicos para reduzir a emissão de poluentes e usar sistemas de geração de energia por recuperação. A Fórmula 1 conseguiu fugir – um pouco – da regra, usando motores V6, mas o conjunto da obra foi algo caro, complicado e desagradável.

 

O Pacto da Concórdia está mais para turbilhão da discórdia, com cartolas e equipes sem se entender, 

 

Carros cujo os motores não roncam, feios, pesados, lentos... definitivamente a tentativa de mexer nas regras foi um passo maior do que as pernas e o modelo de gestão imposto com o “Grupo de Estratégia”, dando às equipes 1/3 do poder de decisão para tudo que aconteça na categoria.

 

Não bastasse a falta de entendimento entre as partes, as ideias que surgem parecem mais irracionais, como a “classificação mata-mata” que estão querendo empurrar goela abaixo dos pilotos e do público para esta temporada assim como foram os pneus de farelo, a asa móvel das ultrapassagens irreais e nada de atacar os pontos que realmente são necessários.

 

Se nós, os espectadores somos vítimas dos perdidos que não conseguem comandar a Fórmula 1, quem poderia fazer algo para mudar as coisas estão mais preocupados com seus próprios umbigos (e bolsos) do que em realmente comprar uma briga e tentar mudar as coisas.

 

Mais preocupados com seus contratos, os pilotos não se unem nem assumem a GPDA, "terceirizando o serviço". Foto: Motorsport.com 

 

De que adianta os pilotos se rebelarem se a GPDA, a associação que os representa é uma instituição esvaziada ao ponto de ser presidida por um ex-piloto, no caso Alexander Wurz? Para os que lembram de uma GPDA que tinha à frente Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi e Niki Lauda, esperar que desta omissão saia algo de lá para que as coisas mudem é quase como esperar um milagre.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva