Pois é, pessoal, não é só na Fórmula 1 que existe a “Silly Season”. Em todo meio do automobilismo, que acaba tirando umas férias forçadas nesta época de final de ano velho e começo do ano novo, costuma rolar muita conversa fiada e o pessoal da imprensa remunerada e “pseudo-especializada” precisa criar qualquer coisa para manter a visitação de seus blogs e sites e ganhar algum dinheiro com seu negócio. Como a gente aqui não precisa ganhar dinheiro com o Site dos Nobres do Grid pra pagar as contas, entre umas latas de creolina e uns pacotes de margarina que vendo aqui por este mundão de centro oeste do Brasil, vou garimpando estórias interessantes com os pilotos das antigas e lendo os noticiários de coisas publicadas hoje e no passado. Assim, a gente acaba produzindo as ‘Estórias do Arco da Velha’. A ‘Estória’ de hoje tem a ver com um fato, pra lá de desagradável (doping ou “uso de substâncias ilegais”) da Stock Car agora no final do ano e um relato descrito na biografia de um campeão mundial de Fórmula 1 que tinha um comportamento fora das pistas completamente inaceitável para a chata realidade dos dias de hoje. Esta clássica foto, hoje totalmente politicamente incorreta, era a típica imagem de James Hunt no circo da Fórmula 1. Observando a foto acima, tirada alguns minutos após a premiação de uma das vitórias de James Hunt na temporada de 1976 da Fórmula 1. Em uma das mãos, Hunt segura numa mão uma lata de cerveja, e com a outra leva um cigarro à boca, sentado na lateral do carro, acompanhado de uma garota que não era sua namorada ou muito menos esposa. Agora tentem imaginar qualquer dos pilotos da fórmula 1 atual fazendo isso? Nem o Kimi ‘Pé de Cana’ Raikkonen iria tão longe. A questão do comportamento dos pilotos do que vou chamar de “Geração Pré-Senna”, que foi o piloto que expôs uma nova forma de ver e agir para a Fórmula 1 e os métodos de controle sobre o uso de substâncias proibidas e/ou consideradas como doping tiraram do automobilismo os desvios que também não são permitidos em outros esportes. Alçado à fama com a disputa do campeonato, o já mulherengo James Hunt potencializou suas conquistas... e foram muitas. Apesar de estar sendo retratado como um ‘bad boy’ desvairado, especialmente por conta daquele filmezinho trash (Rush), Hunt não foi exatamente um rebelde no sentido de quebrar as regras, pois as regras ainda não existiam num esporte novo e radical como a Fórmula 1. Sua transgressão estava na liberdade de assumir que o melhor da vida de piloto não era apenas ganhar, e sim aproveitar os benefícios da vitória, sem limites ou censura. Afinal, de que valia vencer o campeonato se não fosse possível ter uma vida de campeão, gastando dinheiro aos montes, festejando a noite inteira e tendo todas as mulheres aos seus pés? Certa vez Stirling Moss, o grande piloto britânico dos anos 60 disse: “se você fosse como James Hunt, o que teria feito em seu lugar?”. Naqueles tempos o que realmente dava uma aura especial aos pilotos não eram os contratos publicitários e as aparições na mídia, mas sim o enorme risco envolvido. Era normal os pilotos “aproveitarem a fama”. Durante os anos 70, nos anos de sucesso, James Hunt era figura fácil, como aqui, com Mick Jagger. Onde tinha agito ele estava. Hunt tinha técnica, mas também levava a si e ao seu carro até o limite, arriscando-se em todas as provas, independente da situação. Alem disso era um “viciado pela vida, mulherengo e que não dispensava uma boa noitada de sexo, drogas e rock’n roll. Autêntico e sem auto censura, pediu que fosse bordado em seu macacão uma frase que er bem o seu estilo... “sex: breakfast of champions”. Ele jamais passaria em um exame antidoping. De todos os episódios relatados na biografia de James Hunt o mais impressionante é o dos preparativos para a decisão do campeonato daquele ano são uma síntese do estilo de vida selvagem de Hunt. Enquanto seu rival austríaco se isolou em seu castelo junto com a esposa para se concentrar para a última prova, James resolveu passar duas semanas no Japão, onde a corrida seria realizada. Hospedado no Tokyo Hilton junto com o camarada Barry Sheene, então campeão mundial de motovelocidade, ele percebeu que a cada manhã uma leva de aeromoças da British Airways chegava ao local para pernoitar. Durante duas semanas em Tokio, no hotel onde ficou hospedado, James Hunt protagonizou uma das maiores orgias conhecidas. Quando descobriram isso, o hotel virou uma nova Sodoma! Hunt começou a convidá-las diariamente para festinhas regadas a uísque e cocaína em sua suíte. O resultado foi uma orgia de duas semanas em que Hunt e Sheene faturaram nada menos que 33 aeromoças. Não satisfeito, instantes antes da largada, foi flagrado por Patrick Head (Ex Diretor da equipe Williams) recebendo sexo oral nos boxes, com o macacão nos tornozelos! A corrida foi como todos que puderam ver, viram: um show com pista encharcada, um roteiro alucinante, com direito a pista secando, furo no pneu e uma recuperação que o levou ao terceiro lugar e à conquista do campeonato por apenas um ponto de diferença. E mais uma vez, no seu melhor estilo, terminada a corrida, ele simplesmente abriu o macacão e urinar ao ar livre no circuito de Fuji. O público japonês assistiu e aplaudiu quando ele terminou. E ele acenou de volta. Com o amigo e piloto de moto velocidade, Barry Sheene, James Hunt fes alguma das maiores orgias nos fins de semana de GPs. Na volta para a Inglaterra, mais farra durante as 12 horas do voo fretado por Bernie Ecclestone. Hunt chegou bêbado ao aeroporto de Londres e se apoiou nos braços de sua mãe Sue e de sua então namorada Jane Birbeck para saudar os cerca de 2 mil fãs que o esperavam. Jane não sabia das inúmeras mulheres que ficaram com Hunt em Tóquio, mas já conhecia a história do piloto com a ex-mulher Suzy Miller. Ele se arrependeu depois de pedir sua mão em casamento, e fez da lua-de-mel uma despedida de solteiro. A relação já começou desgastada, até que ambos encontraram uma solução. Nos anos em que pilotou para a McLaren, Hunt foi o centro das atenções da imprensa inglesa... mas ele não ligava pra isso. Durante uma viagem para a Suíça no começo de 1976, Suzy chamou a atenção do ator britânico Richard Burton, que estava no meio de uma relação conturbada com Elizabeth Taylor. Os dois tiveram um caso, até que Burton pediu que Hunt agilizasse o divórcio e para isso o ator ofereceu uma “ajudinha fimanceira. Tecnicamente Hunt “vendeu a mulher” por um milhão de dólares para que o divórcio saísse rápido! Depois de deixar a Fórmula 1 como piloto, James Hunt tornou-se comentarista de automobilismo da BBC nos anos 80 e foi ele quem botou a boca no trombone quando Nelson Piquet começou a boicotar a passagem de acertos para o carro do Mansell. Nessa época, já havia sossegado o facho. Curtia os filhos, mas o corpo começava a cobrar a fatura dos anos de “vive la vida loca”. Nos seus últimos anos de vida, James Hunt foi comentarista da Rede BBC para as competições de automobilismo. James Hunt faleceu em 1993, acabara de pedir a namorada em casamento e passava longe daquele Hunt que idolatramos. Que ninguém duvide: em sua busca pelo prazer, James Hunt foi certamente o homem mais invejado (e o mais bem-sucedido... em sua biografia está o relato de que ele ‘abateu’ mais de 5.000 mulheres) daquela Fórmula 1 que não existe mais. Felicidades e velocidade, Paulo Alencar
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