Olá leitores!

Demorou um pouco, mas consegui marcar minha consulta com o Pai Alex. Fui na data usual para agendar um horário, mas a agenda estava cheia. Como explicou a secretária, com essa crise o movimento aumentou consideravelmente, e só consegui uma data na véspera do Ano Novo.

Cheguei para o atendimento, e ele estava muito sorridente, satisfeito com o aumento da clientela, afinal muitos foram até ele em busca de palavras de sabedoria e iluminação. Ele pediu que eu me acomodasse na poltrona, colocou dois copos sobre a mesa de centro (onde já estavam os búzios e as cartas) e abriu uma garrafa (o procedimento padrão, como os seletos leitores devem se lembrar).

Liguei o gravador e pedi as previsões sobre a F-1. Pai Alex quase fez o vira no copo, e disse que era melhor pedir previsão para 2017, pois provavelmente o domínio da Mercedes continuará em 2016 e a temporada tem tudo para ser tão chata quanto a do ano passado. Perguntei sobre o avanço das outras equipes, e ele disse que pode ser que a Ferrari incomode em uma ou outra corrida, mas sem mudanças drásticas no regulamento e com essa proibição de testes, a chance de manutenção do equilíbrio (ou desequilíbrio...) de forças permanecer o mesmo é muito grande. A entrada da Renault deve dificultar um pouco a vida da Ferrari, afinal eles fizeram o acordo para vender os motores sem nome para a Red Bull, e não vão querer andar atrás dos próprios motores preparados por outra firma. E a Williams, Pai Alex? “Ah, esses só com milagre, conseguiram piorar de 2014 para 2015, e devem piorar de novo, sem contar que as trocas de pneu deles precisam melhorar muito para serem ruins”. Então tá... e a Haas? Segundo ele, deve estrear andando na frente da McLaren, que até vai ter um motor mais forte que ano passado, mas o chassi vai ser ruim e vão se recuperar só na segunda metade do ano, mas aí a Haas também deve ter melhorado, e os ingleses vão ficar só à frente da Manor e da Force India, que com essa falta de dinheiro toda vai andar mais para trás que a Sauber ainda. Ou seja, pelo jeito mais um ano difícil para os brasileiros...

E a Indy, Pai Alex? "Ih, mizinfio, mais um ano complicado, com muitos carros decolando em ovais, e pode ser que alguém se machuque nessas decolagens, afinal voar é para os passarinhos e os aviões, não para carros. Pode ser que o Will Power se recupere, mas não acho que seja o campeão". E os brasileiros, podem disputar o título? “ah, depende”. Do quê, Pai Alex? “Vão correr com duas meias de lã em cada pé? Se não, esquece”. E encheu novamente o copo.

Vai ter brasileiro campeão da Fórmula E, Pai Alex? “Pode ser, pode ser... o barulho daquilo parece furadeira, brasileiro é bom de fazer remendo em casa, gato na eletricidade, tem uma afinidade, deixe eu consultar”... jogou os búzios, leu as cartas, e disse que as chances são boas, mas não será um bicampeonato do Nelsinho, já que a equipe se perdeu da temporada passada para essa. Ainda afirmou que a chance do Tião (deve ser o Sébastien Buemi) ser campeão é boa, e que os brasileiros precisam se cuidar com ele. Disse isso e foi buscar outra garrafa.

Pai Alex, e no Endurance, a Audi volta a ganhar? “Só na França, na prova de 24 Horas, no resto os outros alemães (Porsche) vão ganhar de novo. Os Toyota de novo vão andar muito rápido, mas não vão terminar as corridas”. Tá, e nos Estados Unidos? “Lá eu vejo latino americano vencendo, no oval grandão (Daytona) e no campeonato”.

E nos campeonatos de turismo, Pai Alex? “Ah, no DTM vai ter uma grande briga entre Mercedes e BMW, já que por conta do problema nos carros de passeio da Mãe VW os Audi não devem avançar em relação a 2015. No WTCC vai ser outro passeio da Citroën, e o campeonato vai ter interesse só na França, embora os Honda devam ganhar uma ou outra etapa. No Mundial de Rali (WRC), outro passeio da VW, com praticamente o mesmo carro do ano passado, será uma chata temporada de transição para 2017, quando o regulamento muda sensivelmente”. Mas essa crise fora das pistas vai afetar tanto assim o departamento de competições da VW, Pai Alex? “Ih, mizinfio, esse povo engravatado, quando precisa de dinheiro, corta de onde eles acham que está sendo gasto, e vai sobrar para o automobilismo sim, eles num têm mãe, escreve isso. Ó a carta do enforcado aqui”, me disse, mostrando a carta de tarô. Escrito, Pai Alex, escrito...

E no Brasil, Pai Alex, como vai ser? “Uma tristeza, minino, uma tristeza... gente abandonando por falta de dinheiro, autódromo fechando esse ano, pode ser que mais outro feche para o fim do ano, ou para ano que vem, ano muito triste, nem no pior da crise dos anos 70 e 80 ficou tão ruim assim, dá vontade de chorar...” e começou a chorar e abraçar a garrafa de bebida. Achei que era o momento apropriado para desligar o gravador, agradecer o atendimento e ir embora.

Eu gostaria de comentar algo sobre o Dakar, que largou esse final de semana, mas que já teve a primeira especial cancelada por conta das fortes chuvas que atingem o sul do continente (efeito do El Niño, que também está dando uma mãozinha com as represas que abastecem a capital de São Paulo). A participação brasileira – mais uma vez – será pequena, mas acho que dá para esperar um Top 10 em alguma das categorias. Será uma edição sem desertos “de verdade”, já que o Chile e o Peru estão de fora dessa edição, e a competição se resumirá em Argentina e Bolívia. Ao menos o altiplano está garantido, por enquanto. E já temos um (melhor, uma) concorrente ao “Troféu De Cesaris” 2016, a chinesa que conseguiu a proeza de detonar o seu carro logo no prólogo, atropelando 10 espectadores (alguns feridos em estado grave) e promovendo o cancelamento do prólogo. Meus “parabéns” para ela. Aliás, tá “boa” a coisa para o Dakar: cancelamento do prólogo por acidente, cancelamento da primeira especial por conta de alagamentos... vai ser uma edição difícil.

Até a próxima!