Olá amigos do Site dos Nobres do Grid. Vamos retomar o assunto sobre a difícil parte técnica que envolve as competições do automodelismo de fenda, vendo o quanto cada um dos pequenos detalhes que precisam ser observadas na montagem do carro, depois da coluna do mês passado, quando abrimos espaço para nossos pilotos de calibre internacional. Assim como em todos os esportes, no autorama é preciso que o material de competição seja da melhor qualidade e isso envolve uma série de equipamentos para preparo do seu carro para os campeonatos que irá disputar. Na coluna deste mês falaremos sobre o preparo do motor, que é tão importante quanto os preparos já apresentados nas colunas anteriores. Cada categoria tem seu motor próprio: S16D, Grupo 12, Grupo 27, FK, Falcon, SCX, NSR, etc. De cada motor há vários fabricantes e os campeonatos são divididos nessas categorias e em alguns casos há determinação de que o motor tenha esta ou aquela especificação. P. Ex., no brasileiro há classe de S16D com caixa nacional. Um motor compõe-se de induzido, caixa, buchas da caixa ou rolamento, cabeçote, buchas ou rolamento do cabeçote, ferragens do cabeçote, ímãs, molas, carvões, espaçadores. Isso tudo tem que ser juntado com o maior cuidado para ter o maior rendimento possível. Foto 001 - Motor Grupo 12 Um motor de qualquer tipo deve virar o mais fino possível, ter boas soldas e bons contatos com os cabos; no motor do tema Sorte é uma questão fundamental porque nem todos são iguais; se ele for ruim, não há preparo que resolva. Ao comprar um motor, montado ou desmontado, você separa peça por peça e começa o trabalho nas mesmas. Foto 002 - Caixas de motores de categorias diferentes A caixa em teoria, não deve ser mexida a princípio, salvo algum empeno. Daí tem-se que colar a bucha ou o rolamento na caixa; colocada no lugar, instala-se a bucha ou rolamento do cabeçote e o mesmo é colocado na caixa. O cabeçote deve estar previamente com todas as suas ferragens fixadas. Foto 003 – Modelo de cabeçote Com a ferramenta de alinhar buchas você vai alinhar a do cabeçote com a da caixa e só depois devem ser bem fixados. Foto 013 - Ferramenta diamantada de alinhar as buchas (observe que a caixa da foto usa rolamento) Então se vai usar a ferramenta de alinhar casinhas nesse momento para que se possa ter um equilíbrio perfeito na queima dos carvões. Essa peça é diamantada também permitindo que os carvões circulem perfeitamente dentro das casinhas. Foto 014 - Ferramenta de alinhar casinha sendo também diamantada Em seguida você vai montar os ímãs que não pode alterar de forma alguma além de ser proibido na maioria dos campeonatos; os melhores são os de cobalto. Tem que ficar perfeitamente alinhados na altura e lateralmente; há cola especial para junta-los à caixa. Foto 005 - Modelo de ímãs de cobalto Antigamente se usava polir os ímãs para melhor desempenho. Quando os mesmos ficavam fracos, você dava uma recarga na chamada “máquina de Zap”. Com a mesma ferramenta acima além de alinhar as buchas você acerta o GAP que é o espaço entre o induzido e os ímãs ou pode ser considerado como entre os ímãs. Ela é diamantada para poder desbastar o ímã. Quando você mexe no ímã depois tem que carregar para recuperar o que foi expungido. Os motores originalmente vêm com 2 imas, mas já há motores com vários ímãs, sendo um de Força Livre com 18 ímãs. Foto 027 - Máquina de recarga em imã É hora de dar um trato no induzido que pode ser torneado e balanceado na máquina própria para isso, um torno especial. Observem a complexidade da mesma na bancada de trabalho do Parolu.
Foto 010 – Induzido com enrolamento original e com coletor amarrado protegendo as soldas dos fios Com esse torno você faz a retífica do induzido. Esse é o procedimento mais antigo. Para balanceamento hoje existem máquinas que fazem o trabalho estática e dinamicamente, mas você precisa usar os serviços dos preparadores profissionais. São equipamentos grandes e caros como pode ser visto na foto abaixo. Foto 017 Um dos modelos de torno de retificar induzido Você tem que medir o diâmetro do induzido, pois cada categoria tem obrigação de um diâmetro determinado. O coletor na medida em que vai sendo usado se desgasta e precisa receber um passe; o diâmetro mínimo para um coletor ainda servir e de 186 mm após o que fica sem força. Caixa, cabeçote e induzido prontos. Vamos acertar os carvões que podem ser com ou sem rabicho. Uma ferramenta especial é usada, desbastando a ponta dos mesmos arredondando-a verticalmente. Foto 011/012 - Carvões e carvões com rabicho; quando há rabicho esse deve ser soldado sobre a casinha do carvão. Há muito que se falar sobre carvões que demandaria um artigo inteiro. Assim vou resumir algumas informações. Qual carvão devo utilizar? O carvão popularmente conhecido como escova é uma pequena pedra composta por matérias altamente condutivas em formato retangular que se localiza dentro das ferragens do cabeçote do motor de autorama e serve para transferir a corrente elétrica ao induzido, sendo utilizado em grande parte dos motores elétricos. Existe uma diferença significativa na qualidade dos compostos que formam um carvão. Atualmente no autorama profissional, apenas dois deles se destacam devido à alta capacidade de condutibilidade de energia. O carvão fabricado pela Proslot chamado Goldust e o carvão fabricado pela Koford chamado Big Foot. Por isto, se você comprar um motor Parma e mandar para um profissional preparar, a primeira coisa que ele vai fazer será jogar o carvão original fora. Na prática se você trocar apenas o carvão já irá notar diferença de desempenho do motor. Os carvões de autorama possuem dimensões similares e o que difere um carvão horizontal de um carvão vertical é a forma de posicionamento dentro da casa de carvão. Ambos têm mesma capacidade de transferência de energia e a mesma superfície de contato com o coletor. O vertical foi criado para baixar o aquecimento dos motores. O horizontal centelha mais. Exemplo de um induzido com 38º de avanço, um ponto fixo do coletor leva aprox. 40º para passar pelo carvão (tamanho do "abraço"). Isso altera para maior o timing do motor. Já no vertical é como se atrasássemos o coletor. Leva aprox. 25º, provocando uma alteração no tempo de curto de cada espira do induzido, razão da queda de temperatura. - Carvão Horizontal ("abraça" um angulo maior do coletor) =+ giro / + calor - Carvão Vertical = + torque / - calor As casas de carvão verticais foram criadas pela Koford e sequencialmente utilizadas pela Proslot e Camen no final de década de 70, inicio da década de 80. Este tipo de carvão ainda hoje e apenas utilizado em categorias aonde o giro e predominante como o grupo 27 e grupo 7. Esta foi uma invenção que teve sua utilização ampliada quando os motores começaram a ser produzidos com múltiplos imãs. Montados os ímãs, colocado o cabeçote, tudo alinhado, trabalhado o induzido, falta a pressão das molas. Cada motor tem um tipo de molas melhor; existe um calibrador de molas para que as mesmas estejam iguais e com a pressão exigida pelo induzido para melhor performance. Foto 008 Molas a 90º Foto 016 - Calibrador de molas Trabalhadas as molas passamos para a montagem do motor. Coloca-se o induzido dentro do motor girando-o com a mão para saber se está rodando livre e sem tocar num ímã; isso mostra se está alinhado verticalmente. Então colocamos os carvões nas casinhas e prendemos as molas. Lubrificamos as buchas com pouco óleo para não passar para o induzido. Hoje os preparadores estão colocando o motor dentro de um pote com água e ligando a fonte em baixa rotação e baixa voltagem/amperagem. Isso vai ajudar no amaciamento das peças e em especial dos carvões adaptando-os ao diâmetro do induzido. Foto 026 – Fonte alimentadora. Depois de amaciado liga-se de novo a fonte para o motor secar e está pronto para colocar o pinhão e montar no carro. Foto 020 – Motor Koford de Grupo 27 Foto 021 – Motores S16D Foto 022 - Motor Parma Vejam também o preparador Eduardo Sá dando dicas em: https://www.youtube.com/watch?v=BIQ8p1dKm9o Outro artigo interessante do site Matéria Prima: http://www.materiaprima.pro.br/autorama/manutencao.htm Para quem quiser saber mais sobre magnetismo: http://www.cienciamao.usp.br/dados/grf/_eletromagnetismogrefcapitulos14a19-leiturasdefisica.arquivo.pdf Abraços, Jorge Silva Ramos |