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Insistir no erro é burrice! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 18 November 2015 23:57

Caros amigos, finda mais uma semana de GP Brasil de Fórmula 1, não posso me furtar a fazer minhas reflexões sobre tudo o que vi, li e ouvi ao longo dos dias que o circo da categoria mais importante do mundo passou pelo ainda em obras Autódromo Internacional de Interlagos.

 

Separado por duas semanas do recém retornado GP do México, as comemorações sobre o aumento do público em relação ao ano anterior (Segundo os promotores, no acumulado dos três dias de atividades de pista em Interlagos, compareceram 136.410 espectadores. O número é ligeiramente maior em relação a 2014, quando vieram 133.109 pessoas) deveriam ser bem relativizadas...

 

Primeiro por não ter havido uma clara definição de onde estiveram estas pessoas ao longo do final de semana. Como a capacidade do autódromo é ampliada para 70 mil lugares com a montagem das arquibancadas no S do Senna, ao longo da reta oposta e na subida do café.

 

Durante a transmissão da corrida, as imagens da FOM foram muito “cuidadosas” em mostrar as arquibancadas, diferente do que aconteceu no ano passado quando foi impressionante a pouca ocupação dos setores “menos caros”, ao longo da reta oposta. Este ano teve mais público segundo o comunicado, mas estas 3.300 pessoas estavam aonde? Acho que estavam todas no churrasquinho na laje do ‘seu’ Bernie.

 

Os vazios nas arquibancadas da reta oposta de Interlagos contrastaram com a superlotação das tribunas montadas na mutilada curva peraltada, estas sim, completamente lotadas. Contudo, a questão é algo que vai além do público, do autódromo ou de não ter Fórmula 1 no México há mais de 20 anos... tem a ver com interesse pelo esporte!

 

Não tenho dados de como é a audiência das transmissões da Fórmula 1 no México, mas tenho algumas informações interessantes sobre como se calcula o impacto da audiência na televisão na transmissão de um programa de TV, qualquer que seja ele e um dado – para nós alarmante – mas que pelo ponto de vista crítico não deveria surpreender.

 

Um ponto de audiência medido pelo IBOPE em São Paulo equivale a 56 mil aparelhos de televisão ligados em um dado programa. Foi isso que levou a emissora que detém os direitos de transmissão da Fórmula 1 e da Stock Car tentar, alguns anos atrás, colocar as corridas da categoria nacional no que seria o horário das corridas da Fórmula 1, com a largada às 09:30 horas.

 

Na abertura da temporada daquele ano, em Interlagos, deu 8 pontos de audiência. Apesar do público pequeno em relação a anos anteriores, a visibilidade para os patrocinadores via televisão foi um retorno muito maior do que lotar 8 Interlagos. Quantos dos estimados leitores prestaram atenção na abertura da transmissão? Viram aquela montagem em animação? Nos anos anteriores, mostraram Os grandes pilotos, a evolução da categoria... e este ano mostraram os patrocinadores!

 

O fato de, durante a transmissão da corrida, De acordo com os dados prévios divulgados pelo IBOPE, o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 ficou em segundo lugar pela primeira vez na história, sendo ultrapassado pela programação de uma emissora concorrente com seus “empolgantes programas de auditório”.

 

Independente da corrida ter sido chata, sem disputa pelas principais posições, o fato de a emissora dos programas de auditório ter conseguido uma média de 11,8 pontos contra os 10,5 da corrida (o terceiro colocado, com mais programas de auditório ter atingido 6,7 pontos) mostra que os nossos animadores dominicais são mais interessantes para quem assiste televisão do que Felipe Massa, Felipe Nasr e os pilotos estrangeiros, que hoje dominam a categoria.

 

No GP do Brasil de 2008, foi a última vez que tivemos um piloto brasileiro disputando um título com chances concretas de conquista. Em 2009, no GP da Itália, tivemos a última vitória brasileira na categoria. De 2009 para cá, a audiência da Fórmula 1 no Brasil sofreu sua segunda queda. A primeira foi em 1994, quando da morte de Ayrton Senna.

 

Sem pilotos brasileiros andando na frente, disputando vitórias e títulos, o brasileiro de uma forma geral simplesmente se desinteressou pelo automobilismo. Diferente do que é na nossa vizinha Argentina, onde as corridas locais tem uma audiência de mais de 20 pontos, mesmo de antes dos feitos de ‘Pechito’ Lopes no WTCC. Há décadas eles não tem um piloto na Fórmula 1, mas eles tem paixão pelo automobilismo, algo que o brasileiro não tem.

 

Uma declaração de Sebastian Vettel, que falou, politicamente, sobre o entusiasmo do público brasileiro ao longo do fim de semana e de forma ainda mais política e polida, comparou com o que viu no México, disse que “o Brasil precisa de um novo herói”. Lembrei-me logo da frase de Bertold Brecht, que nas suas muitas variações diz que “triste é um povo que precisa de heróis”.

 

Durante a semana passada, Bernie Ecclestone  pediu um maior comprometimento da emissora que transmite e divulga a corrida no Brasil... será que ele faz os mesmo nos outros países? Será que tem público empolgado nas corridas do Bahrain e Abu Dhabi? Na China eles pintaram os assentos com cores diferentes para parecer que são pessoas nas arquibancadas.

 

O show da Fórmula 1 é caro e tem perdido em atratividade, com carros feios, excesso de tecnologia, mascarando o talento, correndo longe de sua história para ganhar dinheiro e sustentar seus gastos astronômicos... e o mais impressionante é que não apenas continuam errando, mas quando pensam em mudanças, querem cometer erros já cometidos.

 

Errar é humano, insistir no erro é burrice!

 

Um abraço e até a próxima,

Fernando Paiva