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Alexandre Muniz: do sonho à realidade! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 10 November 2015 20:21

Este mês eu estaria publicando a terceira parte da matéria técnica sobre a essência da competição, mas vou fazer um parênteses e abrir um espaço para um piloto (sim, porque somos pilotos) que tem ido competir e representar o Brasil em campeonatos no exterior: Alexandre Muniz.

 

Alexandre Muniz é o piloto carioca que mais títulos conquistou até hoje, uma história de vitórias que vem desde 2001 e que percorreu vários estados do país e que extrapolou nossas fronteiras, indo correr nos Estados Unidos e em particular sobre sua participação em duas corridas realizadas na República Tcheca.

 

Com a palavra o nosso piloto internacional, Alexandre Muniz.

 

Campeonato Americano (USRA NATS Div II e Campeonato Mundial ISRA (International Slot Racers Association - www.isra-slot.com)

 

Neste ano tive a oportunidade de realizar dois antigos sonhos no autorama, um deles o Campeonato Americano (USRA NATS Div II - onde fui vice-campeão) e o outro o Campeonato Mundial (ISRA - International Slot Racers Association - www.isra-slot.com). Participar do mundial ou da ISRA como é chamado pelos pilotos no mundo todo é o máximo que um piloto de ponta pode desejar para si.  Ali está a nata do autorama mundial e para a maioria dos participantes o objetivo é chegar à semifinal (24 pilotos) e para bem poucos a final (8 pilotos). 

 


Para tal é necessário participar do ranking através do qual são definidos os treinos oficiais e as tomadas de tempo.  É bem simples e por ter sido a primeira vez que andei na ISRA meu ranking era 217; fui sempre um dos primeiros a tomar tempo e a treinar, imagina ser o terceiro ou quarto a tomar tempo às 8h da manhã com temperatura a 5ºC? 

 


Realmente é muito difícil para um "novato" e para ter uma ideia de como foi no dia anterior estava virando 3,9s e por ter sido o terceiro a tomar tempo pela manhã virei 4,24s; fui o 41º entre 120 pilotos. 

 

Alexandre Muniz e o seu "box".

 

O Mundial se realizou em Kamenice, a uns 20 km de Praga, Republica Tcheca e a estrutura foi montada no Hotel Zamek Stirin (lindo local com uma área verde fantástica).
Houve no total 180 pilotos com um limite de 120 nas categorias individuais e como não estava ranqueado entrei na lista de espera em duas categorias e acabei ficando de fora de uma delas.

 

 

 As corridas são: Production (motor G12 sorteado no chassi JK), ES32 (força livre no chassi 1/32 livre), ESF1 (Força livre chassis em linha livre carroceria F1) e ES24 (força livre no chassi 1/24 livre).

 

Apesar de conhecer os carros, não fiz nenhuma corrida no ano com o Produção e apenas uma com o F1 e o ES32; já o ES24 devo ter feito umas 5 corridas durante todo o ano, apesar de ter me preparado com os equipamentos que achava necessário, não tive o mesmo preparo com os treinos necessários para uma boa participação.

 

Acima, um dos chassis de FL. Abaixo, o chassi de Fórmula.

 

A pista escolhida para o evento era de média para alta velocidade, bem ao meu gosto, entretanto tinha umas soluções de traçados que jamais havia andado como uma curva dupla (duas de 90º com uma pequena reta no meio) no final da reta e uma sequencia de S com raios variados antes da entrada da grande reta, fora isso o traçado é bem parecido com o da Monza em SP; uma grande dificuldade que todos os pilotos tiveram foi em achar a fenda correta, pois a marcação seguia o padrão “stealth”, ou seja, as cores foram pintadas dentro das fendas e não fora...

 

Uma visão do local de competição durante os treinos. 

 

O "Team Brasil" foi composto de 7 integrantes, sendo 5 regulares mais eu e o José Mario que esporadicamente participa de alguma etapa de acordo com a sua disponibilidade; os pilotos eram Luiz "Gugu Red Fox" Bernardino (SP), Ricardinho Monza (SP), Breno (SP), Alexandre Leite (SP), Marcelo "Thiello" Gonzalez (SP), Alexandre Muniz (RJ) e Zé Mario (B52-SP).

 

Parte do time brasileiro: Muniz, Gugu, Thielo e Ricardinho.

 

Por se tratar do Mundial quase tudo é livre, na categoria Produção recebemos um kit composto de 2 pneus, um motor e 2 carrocerias. Nas outras somente a carroceria é padrão, todo o restante é livre desde que esteja dentro das medidas mínimas/máximas do regulamento; eu levei cerca de 150 pares de pneus para as 3 categorias e no final não tinha o pneu ideal para a pista; uma visita antes lá teria resolvido isso, mas agora é tarde...

 

Todos os grandes fabricantes do mundo estavam lá, logo novidades de todos os tipos foram apresentadas: pneus, transmissões, chassis, carrocerias, motores, fontes e ferramentas de todo tipo.

 

Antes de falar das corridas é preciso falar dos treinos extremamente reduzidos devido à grande quantidade de pilotos só se conseguia andar 3 a 4 fendas de 4 minutos por dia em cada categoria, isso prejudicou demais o acerto dos carros.

 

O que mais me impressionou foi a organização, desde o local escolhido (um resort com total infraestrutura e campo de golfe) aos mínimos detalhes tudo foi perfeito, comprometimento total de toda equipe local e a condução do diretor de prova finlandês, o Tuomo. Os treinos livres são bem organizados onde há um grande quadro com as baterias e as pistas disponíveis; é só colocar seu cartão magnético onde você quer e esperar a sua vez e em seguida gandular, quem não gandula toma 10 voltas de “pênalti”.

 

Reforçando o que disse antes o novato tem tudo para se ferrar, no ano que vem a corrida será em Chicago e eu terei uma boa posição de “qualify” e treinos o que vai facilitar bastante minha vida.  Também poderei andar em todas as provas o que não pude agora por não estar ranqueado; já sei também o que devo melhorar na preparação, tanto de equipamento quanto de treino, ir a pista como os demais brasileiros fizeram este ano será essencial para um bom resultado> O que é algo difícil, no atual estágio em que me encontro, é ter acesso aos chassis protótipos que os gringos usam e que não estão a venda em lugar nenhum e faz parte da guerra dos fabricantes.  Eles escolhem 3/4 pilotos e tentam a sorte.  Ainda não tenho expressão lá fora para pleitear isso, mas talvez com a ajuda do Gugu quem sabe, preciso de um resultado mais concreto lá fora...

 

Para entender o que aconteceu nas corridas é necessário entender inicialmente os treinos.  Cheguei a Praga no dia 26 e a pista só começou a funcionar no dia 27/09 e a programação era de 27/09 a 02/10 treino livre e depois as corridas, 03 e 04/10 Production, 05 e 06/10 Euro 1/32, 07 e 08/10 F1 1/32 e 09 e 10/10 Eurosport 1/24; as corridas são em dois dias, pois todos os pilotos fazem um treino oficial que consiste em 4min em cada fenda numa sequência previamente estipulada que no caso foi de 3/3/2 fendas (andava 3 fendas de 4min com intervalo de 28min entre elas depois 1:30 de intervalo para mais 3 e depois umas 4 horas para as 2 ultimas), tudo muito bem organizado e divulgado, mesmo assim é difícil de entender e me embolei com o tempo e perdi o "time" no box, por não entender exatamente como funcionava.  Perdi um tempo precioso aguardando meu treino quando poderia estar acertando o carro nos boxes e o inverso também aconteceu onde estava preparando algumas coisas no box quando chegou minha hora de treinar e não pude levar para a pista o que pretendia testar/treinar, ou seja, uma confusão danada para um marinheiro de primeira viagem.

 

Durante o campeonato, o trabalho nos "boxes" é importantíssimo. O carro tem que estar perfeito.

 

Voltando aos treinos livres eles dividiram o dia em 4 sessões de 3h para cada categoria onde cada categoria teria 39 baterias de 4min por 30s de intervalo de troca, obrigatoriamente quem andava tinha que recolocar. No primeiro dia foi bem tranquilo deu para andar umas 5/6 vezes por categoria, mas já no segundo dia a coisa complicou; no máximo 3 vezes por categoria devido ao alto número de pilotos, isso é muito complicado, pois era impossível testar tudo que tinha de material, principalmente os diversos tipos de pneus e chassis. O último dia de treino é reservado somente para os pilotos estrangeiros, ou seja, todos menos os Tchecos o que seriam uns 30 pilotos a menos.

 

Na categoria Production G12 (Endurance em duplas) recebemos um Kit contendo um motor, dois pares de pneus e duas carrocerias; montei o carro e não gostei do mesmo, como tinha outros fui trocando até encontrar um bom que funcionasse bem com o motor da corrida que tinha muito freio mesmo com zero no acelerador, ao final do dia encontrei um bom acerto e tinha mais duas fendas para treino na manhã seguinte onde poderia testar alguns ajustes que fiz na madrugada (fui dormir as 02h), a corrida começava às 13h e às 10h descobri que as pequenas modificações que fiz no chassi JK (lixei a ponta de dois batentes com dremel para aumentar o movimento das laterais) não eram permitidas no regulamento sendo passível de desclassificação, entrei em pânico, pois não tinha outro chassi bom e teria que montar um partindo do zero, sendo que nunca havia montado este chassi em todos os anos de autorama, fiquei muito puto e preocupado em não prejudicar a corrida do meu parceiro americano (Johnatan Forsythe), peguei um chassis no balcão e mãos a obra, montei o carro, mas perdi os treinos que foram feitos pelo meu parceiro.

 

O qualify é dividido em 30s para cada piloto sendo o segundo largando da posição em que o carro parou; ninguém toca no carro apenas troca de piloto/controle. No qualify tínhamos um bom carro rodando no tempo dos ponteiros, mas com tudo que havia acontecido eu estava uma pilha, meu parceiro fez os 30s me entregando o carro na primeira posição até aquele momento, a primeira volta foi bem tranquila, mas logo na segunda volta dei uma pancada que destruiu o carro e a nossa corrida; no final tínhamos média para ficar entre os 5 primeiros, mas não tive cabeça e fiz uma das maiores cagadas em toda a minha vida de autorama, uma pena. No dia seguinte eu não andava, pois não consegui inscrição para o Euro 1/32, logo tirei o dia para abolir autorama da minha cabeça, estava muito mau com o que havia acontecido no dia anterior e precisava desligar o botão, fui para o centro histórico de Praga e pude viajar na história da humanidade com um dos cenários mais lindos que já vi em toda a minha vida, o dia seguinte também estava um pouco letárgico, mas comecei a trabalhar nos carros que usaria nos treinos e corrida de F1.

 

Tive muitos problemas de acerto e estava difícil até de treinar, enquanto a maioria virava 5,7s eu virava 6,1s com muita dificuldade; após os treinos fui me consultar com o Gugu e chegamos a algumas conclusões: havia problemas com os pneus e alguns erros na construção do chassi.  No dia seguinte fui para o qualify e virei 5,8s e ainda dava para virar mais baixo, pois o carro era totalmente diferente do que havia treinado e fui acertando o acelerador conforme fui dando as voltas do qualify, na corrida cheguei a virar 5,7s e acabei ficando em 32º a 2 1/2 voltas do 24º (semifinal). Foi bom, mas poderia ter sido um pouco melhor, se tivesse treinado com o carro que corri certamente seria bem melhor; de positivo foi a presença na minha bateria do Mathy Fhyr (até então o número um do ranking) que ganhou a bateria e foi para a final entrando em 23º; tivemos algumas boas disputas e foi bem legal andar com ele, pude aprender bastante.

 

A corrida de ES24 (força livre 1/24) era a mais esperada por mim, pois é o carro que mais gosto de andar, nos treinos rapidamente consegui definir o chassi que iria andar, mas faltava escolhe os pneus entre os 8 que tinha para testar, devido a grande quantidade de pilotos a condição de pista estava mudando bastante e mesmo assim consegui uma boa configuração, terminei o dia virando 3,9s fácil na pista de canto enquanto os mais rápidos estavam em 3,7s nas pistas de centro, infelizmente eu seria o terceiro a tomar tempo às 08h00minh da manhã; o primeiro foi o ultimo do total de pilotos, a segunda foi a 74º e eu sendo o terceiro fui o 42º entre os 120 pilotos, não consegui andar direito, pois a pista ainda estava muito fria e dei poucas voltas (9) se comparado aos pilotos seguintes (12 a 14). Vale ressaltar que tomei um penalty de 10 voltas por entrega tardia do carro para inspeção, tínhamos 15 minutos após o ultimo treino e exatamente neste treino eu andando bem devagar para não bater um carro saiu na minha frente e a carroceria entrou na coroa, tive que trocar a carroceria e estava monitorando o tempo, quando deu a hora limite fui entregar, estava com meu telefone na mão e marcava 22h33minh, só que a organização estava computando os segundos, levei ferro por 37s, vida de iniciante não é fácil. Iniciando a corrida tive problemas com o meu contato e perdi algumas voltas, fui andando e era nitidamente o mais rápido na fenda, mas novamente tive problemas com o contato, isso aconteceu 3 vezes durante a minha bateria, cheguei em segundo na minha bateria sendo o 26º no geral, menos as 10 voltas fui o 42º, apesar de não ter entrado na semi fiquei bem feliz com o resultado e aprendi bastante durante todo o período do evento, foi uma Pós Graduação concentrada, aprendi sobre o ajuste dos carros, diferença dos pneus, pilotos e até mesmo a maneira diferente em que os europeus andam: menos motor e carro quase sem freio em que o mesmo vai deslizando na pista, é uma técnica totalmente diferente a qual não pude testar ainda, mas ficou bem gravado na mente

 

Todos os carros passam por uma atenta vistoria antes de ir para a pista.

 

Os resultados dos brasileiros estão cada vez melhores; na Production tivemos a equipe Gugu/Ricardinho chegando em quarto e o Leite correndo com o italiano Merlini chegando em 11º, Breno/Thielo em 49º e eu como demolidor de equipe chegando em 79º. No ES32 Leite chegando a final em 7º, Breno na Semi em 14º, Ricardinho em 27º, Gugu em 39º, Zé Mario em 94º. Na ESF1 Gugu em 26º, Muniz em 32º, Leite em 66º, Thielo em 94º e Ricardinho em 112º. Na ES24 Ricardinho em 17º, Leite em 19º, Gugu em 26º, Muniz em 41º, Breno em 52º e Thielo em 75º.

 

As tomadas de tempo são um momento crítico. Não se pode errar nestas horas.

 

Fora o quarto lugar do Leite no ES32 tivemos melhores resultados na categoria que seria a mais difícil por ser a mais rápida, isso se explica por ser a única categoria em que temos corridas regulares no Brasil, cerca de 8 por ano, enquanto os europeus correm pelo menos a cada 15 dias, minha situação é ainda pior por não ter pista plana no RJ, fato este que dificilmente irá se resolver em curto prazo, então para treinar tenho que ir para SP ou BH.

 

Uma das corrida acontecendo e quem não estava correndo, observava tudo atentamente.

 

As finais de cada categoria são assistidas como uma ópera com silencio total do publico. Realmente é lindo de assistir a corrida de tão alto nível e a final do ES24 é um evento a parte por ser a corrida principal, quase a totalidade dos presentes assistem assim como convidados e ainda tivemos a reportagem da emissora local que passou o evento em seu telejornal principal.

 

Resumindo tudo diria que faltou um pouco mais de conhecimento sobre como tudo funciona, um pouco mais de preparação no Brasil onde eu poderia ter deixado algumas coisas prontas para ir direto para a pista e equipamento (chassis e pneus), os chassis protótipos estão fora da minha realidade no momento, não é uma questão financeira, mas sim de escolha do fabricante, para chegar a eles o único caminho será o de resultados consistentes e pneus, apesar de ter levado cerca de 8 tipos diferentes de pneus não tinha a minha disposição o pneu da pista, como o evento foi realizado em um Resort e não numa loja havia poucas coisas a venda; na verdade o que havia a venda eram peças de alguns vendedores mundiais, principalmente novas fontes, novos gabaritos, transmissões. Fora estes problemas específicos o evento como um todo foi perfeito, o lugar escolhido era lindo demais, a estrutura, todo pessoal envolvido na organização do evento atuaram acima da expectativa, todos muito prestativos, se existe uma palavra para definir o que foi este mundial seria "PERFECT".

 

Abraços,

 

Jorge Silva Ramos

 

Mais informações podem ser buscadas em:

www.isra2015.com

 

www.isra-slot.com

 

http://www.stirin.cz/en/

 

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