Oi pessoal, tudo bem? Quero começar a coluna desta semana enviando um grande abraço para o Christian Fittipaldi, que foi campeão do United SportsCar aqui nos Estados Unidos. A corrida final do campeonato foi sábado passado em Road Atlanta, pista que conheço bem, e ele mandou bem pra caramba debaixo de uma chuva daquelas. Parabéns aí, primo! - Agora eu vou falar de escola. - Escola de kart ou de carro de corrida? - Não, escola de verdade. Eu não vou revelar o nome do garoto de São Paulo que me mandou um e-mail dias atrás. Primeiro porque não pedi autorização e, depois, não quero que, de repente, ele fique encrencado com os pais. Como a resposta que enviei para ele pode ser interessante para outros jovens, resolvi comentar aqui. Para o nosso amigo não ficar sem nome, vou chamá-lo de Piloto X. Ele corre de kart e tem se angustiado com os pais. Na verdade, para falar um português bem claro, está p... da vida. São eles quem dão o suporte financeiro para ele se manter nas pistas, mas exigem que estude e se forme. “Por mim só corria e esquecia a escola”, escreveu ele. Quando eu recebi essa mensagem, vou ser honesto com vocês, comecei a rir sozinho. Lembrei de imediato a D. Sandra, lá em Ribeirão Preto, sempre me dando bronca porque eu faltava na escola por causa do kart. E sobrava também para o meu pai, coitado, porque o grande incentivo vinha dele. “Desse jeito o menino não vai passar de ano, Helio!”, reclamava minha mãe. Eu também, como o garoto do e-mail, não queria saber de escola. Era difícil completar uma semana inteira de estudos, pois sempre faltava para treinar ou correr. E na segunda-feira, depois de ter corrido no final de semana, era uma tortura ter de levantar cedo ir para a escola. Mas cadê que minha mãe deixava faltar? Não tinha negociação: - Acorda Helinho, você já está atrasado para a escola! - Mas, mãe... - Mas mãe coisa nenhuma, já pra escola! Na verdade, amigos, eu entendo perfeitamente o drama de quem está nessa fase. Se depender da gente nessa idade, não faz mais nada, só treinar, treinar e treinar e correr, correr e correr. Se eu estivesse tenho essa conversa, sei lá, 25 anos atrás, meu pensamento muito provavelmente seria como o do Piloto X. Mas, hoje, meu conselho é outro. Na minha opinião, treinar bastante é uma parte fundamental na formação de um piloto. Claro que eu entendo que as limitações financeiras atrapalham, mas não há como negar que a formação fica mais difícil se o piloto participa de uma categoria com treinos livres proibidos e uma programação muito curta durante o fim de semana de corrida. Só que o jovem piloto tem de pensar que a vida não se resume a corridas. Todo piloto é, antes de tudo, um cidadão que precisa entender o mundo que o cerca e ter dimensão do seu papel na sociedade. É por isso que não acho legal quando um garoto abandona a escola. Sei que é difícil, mas ele tem de encarar os desafios e procurar de todas as formas avançar na educação formal e ter formação acadêmica que lhe permita seguir na vida. Estudar e aprender nunca é demais. A vida da gente dá muitas voltas e uma coisa que, hoje, parece sem importância, pode ser fundamental no futuro. Por mais que eu quisesse sair da escola, meus pais – minha mãe, principalmente – não deixaram e até entrei na faculdade. Só que aí me mudei para a Europa e não tive como continuar. Mas para quem consegue fazer as duas coisas, o meu conselho é se dedicar tanto na escola quando nas pistas. É isso aí, amigos. Helio Castroneves Fale com Helio Castroneves... Estou aqui ao inteiro dispor dos leitores do NOBRES DO GRID para responder as perguntas que desejarem. Basta enviar um e-mail para
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