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A coisa aqui (na Genii) tá preta! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 08 September 2015 00:13

Em julho do ano passado, Chico Buarque acabou sendo co-autor da minha coluna “jogando pedra na Genii”. Este ano, ele volta a participar para explicar o porque “a coisa aqui está preta”. Não na redação do site dos Nobres do Grid, claro, mas para os lados da ‘Nega Genii’, que joga na lama o nome da lendária Lotus todas as vezes que entra na pista e que vai parar nos tribunais.

 

Desde o 2012 a equipe do grupo de investimento com sede em Luxemburgo vem acumulando problemas de ordem financeira. Desde então os problemas só se agravaram, chegando a um ponto no ano passado em que, junto com cm outras equipes em dificuldades, a usurpadora do nome lendário ameaçou boicotar o GP dos Estados Unidos e até mesmo o restante da temporada se não houvesse uma melhor distribuição do dinheiro que a Fórmula 1 arrecada.

 

Ao longo do ano, um adiantamento deste dinheiro da FOM para as equipes deu um fôlego pra ‘Nega Genii’ e para as outras começarem o campeonato, mas as contas foram apertando e no caso da equipe de Gerard Lopez, um pedido de liquidação feito na Suprema Corte de Justiça da Inglaterra feito por alguns credores está exigindo um esforço extra dos advogados... tão grande ou maior do que o dos engenheiros e pilotos.

 

Gerard Lopez deixa qualquer vaidade de lado e passa o chapéu, pedindo ajuda ao "Bom Velhinho".

 

No início do mês, a ‘Nega Genii’ era uma das empresas na lista de pedidos de liquidação na Corte das Companhias em Londres. Para que as empresas procurem caminhos de negociação e se entendam com seus credores, o juiz responsável adiou a audiência em duas semanas. A medida foi feita para que os lados encontrem saídas... se é que no caso da equipe há alguma a não ser a venda.

 

Segundo o Diretor-Geral da equipe, Matthew Carter, uma resolução já foi encontrada (jura?), por isso houve o adiamento. Para ele, alguns dos credores tentaram usar de uma forma de pedir por algum dinheiro que não necessariamente a equipe devia (se não devia, porque foram cobrados?) e que está tudo perfeitamente sob controle, que casos como estes, são parte do processo.

 

É neste belo prédio que fica a Genii no paraíso fiscal que é Luxemburgo. Por trás da fachada, dívidas imensas.

 

Um destes credores, a Xtrac, especialista em transmissão de tecnologia, emitiu um comunicado dizendo que a empresa tem trabalhado com uma quantidade significativa de partes dentro da equipe nos últimos anos e agido com boa fé para garantir que os carros continuem andando. Contudo, a Xtrac espera que a dívida sofre uma significativa redução para que um acordo seja firmado.

 

O problema é que, quanto mais se mexe na coisa, mais ela fede. Já é mais do que uma evidente preocupação, tanto por parte da FOM como da FIA com relação aos problemas financeiros da ‘Nega Genii’ Caso a equipe feche as portas antes do final do campeonato ou tenha seu equipamento retido em algum país para o pagamento de dívidas isso pode – e vai – jogar (aquilo que a censura do site não me deixa escrever) no ventilador e venha arrastar a categoria para mais um escândalo perante a opinião pública... O ‘Bom Velhinho’ pode ter “comprado” a Corte Alemã, mas este colunista não está a venda!

 

O Ex-Piloto de testes, Charles Pic, acionou na justiça belga equipe e arrestou os bens após o GP em Spa-Francorchamps.

 

Como tudo que está ruim pode ficar pior, no final do mês passado quase que a equipe teve que mudar de categoria, passando a disputar o campeonato belga de carrinhos de rolimã na descida para a Eau Rouge.

 

Uma ação judicial impetrada pelo reserva da equipe no ano passado, o francês Charles Pic, impediu que a ‘Nega Genii’ retirasse seu equipamento do autódromo de Spa-Francorchamps até que o caso fosse resolvido. Pic, que estreou na F1 pela equipe Marussia (agora Manor) em 2012 e andou na Caterham em 2013 antes de ir para a ‘Nega Genii’ como piloto reserva, entrou com uma ação contra a equipe por esta não ter dado a quantidade de dias de teste contratualmente assinada. Por isso, pediu o ressarcimento de 800 mil Euros como compensação na justiça belga.

 

Emblematicamente, caso não houvesse um acordo, a "Nega Genii" teria que deixar o autódromo assim: a pé!

 

Acho que, caso a equipe sobreviva e o Príncipe das Lamúrias chute o balde na McLaren, eles deveriam entrar em acordo para que o asturiano venha a fazer parte do cormo diretivo da equipe e assim ela ter um especialista em choramingar para se pronunciar diante da imprensa.

 

Certamente fará melhor que o milongueiro diretor argentino, Frederico Gastaldi que apelou para a “sensibilização” através da imprensa, alegando que “550 famílias que dependem do nosso trabalho na fábrica em Enstone. Algumas pessoas no paddock só querem ver sangue e têm negatividade”. Será que eles pensaram nisso quando não cumpriram os termos do contrato com Charles Pic?

 

El Gran Volante Bolivariano, 'Trator Desastrado' deu trabalho extra aos mecânicos em sete corridas este ano.

 

Outra coisa que poderia ajudar bastante é se a equipe gastasse menos dinheiro com “serviços de funilaria”. Com dois pilotos que são verdadeiros “mestres da demolição” – Romain Patropi e El Gran Volante Bolivariano – a conta depois de cada etapa, com tudo que a equipe tem que trocar e consertar arrebentam com qualquer contabilidade. Deste jeito, o dinheiro que vem da PDVSA acaba servindo para cobrir os prejuízos, ao invés de reforçar o caixa.

 

Este ano o “trator Maldanado” já destruiu sete carros em batidas, sejam em treinos ou em corridas. O maluquinho do “Patropi”, depois de 2013 até que deu uma sossegada no facho, mas ainda se envolveu em alguns acidentes. Um deles, ridiculamente, com o seu desastrado companheiro de equipe no GP da Inglaterra deste ano.

 

No GP da Inglaterra, a equipe conseguiu provocar um "acidente particular", com seus dois pilotos destruindo os carros.

 

A solução para os credores da “Nega Genii” talvez só venha com a venda da equipe e nos últimos meses a “Rádio Paddock” tem berrado com cada vez mais frequência e cada vez mais alto seria a compra da equipe – ou pelo menos seu controle acionário – por parte da Renault, numa operação que o brasileiro menos simpático que já vi e que preside a empresa, Carlos Ghosn.

 

Até o momento todas as partes envolvidas negam que o negócio esteja fechado ou mesmo em conversações. Contudo, o executivo tupiniquin já chegou a conclusão de que a Renault precisa fazer parte – efetivamente – da Fórmula 1, mordendo a língua e dando o braço a torcer de sua decisão de alguns anos atrás, quando se mostrava contra o envolvimento direto da montadora na categoria.

 

Nem mesmo com um bom resultado como foi o pódio na Bélgica, Gerard Lopez, Eric Lux e o restante da equipe andam tensos.

 

Caso o negócio se concretize, o Grupo Genii terá como honrar ao menos parte das dívidas que acumulou com sua aventura no mundo da velocidade enquanto nós, que assistimos as corridas, teremos de volta as “chaleiras amarelas”, termo como Colin Chapman se referia aos carros da equipe francesa e seus motores turbo da segunda metade dos anos 70.

 

E se a montadora não fizer uma mudança realmente significativa nas agora chamadas “unidades de força” que criou e que tem sido motivo de dor de cabeça, críticas e seguidas punições no grid, as “chaleiras amarelas” ainda vão soltar muito vapor em 2016.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva