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Felipe, não perca seu sorriso! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 29 August 2015 20:46

Olá fãs do automobilismo,

 

Esta última semana foi algo muito complicado por aqui no consultório e em todo ambiente do automobilismo norte americano por conta da morte do Justin Wilson.

 

Ele não era meu paciente, mas tive a chance de conhecê-lo nas vezes que fui nas corridas deste ano. Era uma pessoa  muito simpática, apesar de tudo aquilo que se costuma falar dos ingleses, difícil era ficar muito perto dele. Com quase 40 centímetros de diferença, eu tinha que “olhar para o céu” quando falava com ele. Ele riu quando lhe disse isso... apesar de quase nenhum convívio, vou ter saudades dele.

 

O retorno das férias da Fórmula 1 e os resultados da corrida de Spa Francorchamps tomaram praticamente toda a agenda desta última semana do mês. Junte-se a isso a reta final do campeonato da Fórmula Indy e a morte do Justin e imaginem a que horas eu conseguia sair daqui. Quase não consigo entregar a coluna. Precisei pedir ajuda para meus amados chefinhos no Brasil para escrever apenas neste final de semana.

 

Felipe Nasr foi o primeiro paciente da agenda da última quarta-feira. Adoro este rapaz e faço coro com a Claire Williams: ele é muito inteligente, simpático, profissional e bonito! Mas quando foi até a recepção como sempre faço para receber meus pacientes e levá-los ao consultório, não vi aquele sorriso que estampava seu rosto quando eu o conheci.

 

Nos boxes em Spa Francorchamps, um bolo de aniversário foi um dos poucos motivos para Felipe sorrir.

 

Dentre todos os pacientes que estiveram aqui nesta semana, acabei optando por partilhar a conversa com um dos pilotos brasileiros que vem até aqui regularmente. Muito mais por minha preocupação quanto ao seu futuro na Fórmula 1, mas mais devido ao fato de começar a vê-lo entrar num processo de perder a paciência por fatores que não tem a ver com seu desempenho, mas que, de alguma forma, pode independente da sua capacidade profissional, acabar prejudicando-o na dura luta para se permanecer na Fórmula 1.

 

Quando a temporada começou, aquela corrida na Austrália mostrou todo o potencial do piloto, mostrou um carro bom, bem nascido, mas acabou decretando aquilo que todos estamos vendo: com a Sauber sem condições financeiras para trabalhar o desenvolvimento do carro a inevitável tendência de ter os carros azuis sendo superados pelos adversários sobre os quais eles mostraram superioridade nas três primeiras corridas do ano era uma questão de “quando” e não de “se” aconteceria.

 

Felipe, assim como toda a equipe tinha total consciência de que tais problemas se fariam presentes no decorrer da temporada e que, a partir de um certo ponto, seria necessário se correr muito mais com a estratégia do que com o carro. O melhor exemplo disso foi o GP de Mônaco, onde Felipe classificou onde podia, correu mais do que podia e chegou onde não esperava que chegaria.

 

Focado, Felipe trabalha duro e conseguiu marcar pontos que a equipe considerava improváveis. 

 

Mas até quando é possível se viver de feitos heroicos e circunstâncias eventuais, se é que isso é possível? Para completar, a equipe começou a cometer erros e a ter problemas que não tinha anteriormente e, com isso, as coisas ficam ainda mais difíceis de ser conseguidas. Problemas bobos, que não podiam acontecer.

 

Em certa altura da nossa conversa, Felipe faz um “mea culpa” e comenta sobre o erro cometido nos treinos para o GP do Canadá, onde perdeu o controle do carro e bateu na reta enquanto tentava aquecer os pneus. Introspectivo, ele sabe que os erros podem vir de todas as pessoas, de todas as partes, mas para quem está precisando se estabelecer em um lugar onde poucos são os eleitos e muitos os candidatos, erros – de quem quer que seja – não são bem vindos.

 

Na volta para a Europa, no GP da Inglaterra, aquele problema de câmbio que o impediu de largar foi realmente frustrante. Foi na Inglaterra que Felipe conquistou o campeonato da Fórmula 3 e eu o credenciou para voos mais altos. Com o número de abandonos que a corrida teve, estar na pista e terminar a prova era quase uma garantia de mais uns pontos na tabela e, principalmente, para receber no final da temporada uma premiação melhor e assim conseguir melhorar o ‘budget’ da equipe.

 

Depois de ter começado o ano como uma das melhores equipes médias, hoje a Sauber disputa posições com a McLaren.

 

A chegada de um novo Diretor Técnico para a equipe, o britânico Mark Smith, que veio da não mais existente Caterham foi bem recebida e deu alguma esperança para Felipe, afinal, as palavras sobre a infraestrutura da equipe foram talvez surpreendentes de tão empolgado que o novo diretor se mostrou. Isso deu a todos uma esperança de que, na volta das férias de agosto, a equipe finalmente daria um bom passo adiante.

 

A primeira corrida foi a do domingo passado, em Spa Francorchamps, e a equipe estreou alguns novos componentes, uma evolução no carro, mas o desempenho não apenas ficou aquém do esperado como também foi o caso de se ter problemas no carro. Felipe falou que não conseguia andar mais do que aquilo que andou, que, como se não bastasse, problemas no freio provocaram o travamento das rodas e na prática, os únicos adversários superados foram as McLarens (Manor não conta, claro).

 

Uma coisa que pode ter jogado a favor de Felipe foi a renovação de contrato de Kimi Raikkonen, adiando para o final de 2016 uma grande mudança entre as equipes, com vários pilotos terminando seus contratos no mesmo período. O problema neste caso é toda a situação que está envolvendo a taxa de câmbio com o real desvalorizado demais e a necessidade de ter um suporte financeiro grande, como o que vem sendo dado pelo Banco do Brasil, mas que também termina em fins de 2016 precisando ser renovado.

 

Não bastasse a defasagem no desenvolvimento do carro ao longo da temporada, problemas como os freios ainda atrapalham.

 

Para conseguir um bom lugar em 2017, Felipe sabe que seu trabalho precisa ser bem visto e reconhecido, mas que, além disso, seu empresário, seu tio Amir, que acompanha sua carreira desde sua infância terão que trabalhar muito para conseguir o suporte financeiro que ainda será necessário para mantê-lo como titular em algum time.

 

O melhor que Felipe tem, sua positividade, sua capacidade de trabalho e seu sorriso andam mascarados pelos problemas que a equipe está atravessando. Problemas técnicos vão precisar de muita superação por parte da equipe para encontrar um caminho para diminuir o tanto de terreno perdido para as equipes que são as adversárias diretas (Toro Rosso, Lotus e Force Índia) no mundial de construtores e por hipótese alguma se deixar superar pela McLaren, que hoje é um adversário muito mais próximo.

 

Está difícil, mas a nossa esperança é ver Felipe voltar a sorrir.

 

Além de tudo isso, Felipe, é a nossa esperança, não só a minha, de que você consiga fazer florescer este sorriso contagiante e confiante, para que continuemos a ter, por muitos anos, um grande piloto brasileiro na Fórmula 1.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares


Last Updated ( Saturday, 29 August 2015 21:11 )