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Justin Wilson: Considerações sobre uma fatalidade. PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 25 August 2015 00:26

Caros amigos, pela segunda vez este ano estamos escrevendo sobre o triste falecimento de um piloto que, no prazer de poder fazer na vida aquilo que amava, acabou vitimado e deixou nossa existência, seus companheiros de pista e seus familiares para entrar na eternidade. A bandeirada foi dada, precocemente, para o inglês Justin Wilson.

 

Ainda durante a transmissão da corrida, foi possível perceber o grau de preocupação do comentarista e também piloto, que disputou algumas temporadas da categoria com a situação que estava sendo mostrada, repetidamente, em mais de um ângulo e em câmera lenta do impacto da peça do carro de Sage Karam sobre o cockpit do carro de Justin Wilson.

 

Certamente as discussões sobre a adoção mais do que imediata dos cockpits fechados para os carros de fórmula inundarão a internet, com diversos “especialistas” dando seus “palpites”, independente de conhecimento ou embasamento técnico.

 

Há pouco menos de um ano, o nosso colunista que hoje vive na França e que é PhD em Tecnologia de Materiais, Luiz Mariano, escreveu um artigo onde falava sobre cockpits fechados (leiam aqui). No artigo ele tratou a questão de forma didática e acessível para os mais leigos, sem ater-se a questões de ordem descritivas ou matemáticas.

 

Depois disso, troquei alguns emails com ele uma vez que fiquei curioso sobre que dados técnicos poderiam ser absorvidos ou efetivamente utilizados nos carros de fórmula e, ceticamente, com poucas informações, ele disse que de todos os acidentes citados naquele artigo, o único que teria havido uma proteção efetiva do impacto contra a cabeça do piloto teria sido o de Felipe Massa. Nos demais, por cálculos matemáticos, nenhum dos pilotos atingidos teriam escapado de um rompimento da estrutura, tomando como formato o modelo apresentado em teste.

 

Se formos voltar no tempo, no início dos anos 60 os carros de Fórmula 1 não tinham sequer cinto de segurança... e hoje tem um cinto de seis pontos de fixação que mal permitem o piloto respirar, de tão apertados que são. A preocupação com segurança foi uma crescente ao longo da trajetória do automobilismo. Não apenas na Fórmula 1, mas na Fórmula Indy também.

 

As imagens do terrível acidente que vitimou o piloto Dan Weldon em 2011 e que fez com que a categoria mudasse radicalmente o modelo do carro para a temporada seguinte (diga-se de passagem um dos carros de corrida mais feios que já vi na vida) buscando meios de dar mais segurança ao piloto.

 

Uma enorme diferença precisa ser considerada entre os acidentes que levara à morte Jules Bianchi e Justin Wilson: o que ocorreu no oval de Pocono foi uma extrema fatalidade. Uma infelicidade. Os pedaços do carro de Sage Karam poderiam ter tomado qualquer direção. Desafortunadamente, aquela peça tomou “a direção errada”.

 

Meticulosos como são os responsáveis pela categoria, não me surpreenderei se a Fórmula Indy vier a se tornar a primeira categoria com carros de fórmula, monopostos, fechados. Talvez mesmo até vindo a “puxar uma tendência” para outras categorias. Ao longo das próximas semanas leremos muito sobre o assunto nos sites, alguns com considerações plausíveis, mas não faltarão os “senhores da verdade” com seus vaticínios cujo a contestação pode gerar “os instintos mais primitivos” da parte destes.

 

De tudo isso, de tudo que puder vir a ser modificado e melhorado, para os familiares de Justin Wilson, que aos 37 anos de idade deixa uma viúva e duas filhas, estatísticas, probabilidades e estudos de pouco ou nada servirão. Para eles ficará a sensação de perda e, talvez, o consolo de que Justin Wilson morreu fazendo aquilo que ele amava fazer na vida.

 

Um abraço e até a Próxima,

 

Fernando Paiva 

Last Updated ( Monday, 02 January 2017 22:15 )