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A pressa é inimiga da perfeição. PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 12 August 2015 22:56

Caros amigos, neste quase um mês de inatividade na Fórmula 1, estranhei o fato da Fórmula Indy, que “espreme” seu calendário entre abril e agosto ter deixado um “buraco” de três semanas entre a Corrida de Mid-Ohio e as 500 milhas de Pocono. No ano passado eles não fizeram isso.

 

Talvez, assim como a Fórmula 1 está buscando, aparentemente de forma desesperada, uma mudança na imagem da categoria, a Fórmula Indy devesse pensar em tentar melhorar a sua, que perdeu o rumo desde os tempos da separação dentro da CART nos anos 90 quando chegaram a incomodar o poderoso Bernie Ecclestone.

 

Caso os norte americanos estejam pensando nisso, em mudar e melhorar a imagem da categoria (o que poderia começar pelos carros, simplesmente horrorosos), não há muito em termos de notícias sobre isso, ao contrário da Fórmula 1, onde cada reunião que ocorre produz mais barulho do que resultado.

 

Acredito que todos viram uma animação em vídeo pela internet mostrando um comparativo entre o carro atual da Mercedes e o que seria o carro da categoria para 2017. Pelo projeto, não se trata de fazer os carros visualmente mais agressivos, mas também mais rápidos e mais emocionantes de serem pilotados e as corridas de serem assistidas.

 

No presente contexto de declínio da audiência da TV e menos evidência na mídia, a categoria precisa encontrar novas e mais jovens audiências, este é um passo crucial no momento a evolução do esporte. Mas há um grande problema no coração dos projetos dos carros há pelo menos duas décadas: Quanto mais rápidos os carros andam, mais difícil tem sido ultrapassar!

 

Até os anos 90, os carros geravam mais aderência mecânica e com a aproximação do carro que ia à sua frente, o mesmo gerava uma menor resistência do ar, o chamado “vácuo”, que permitia um ganho de velocidade do carro que vinha atrás e por conseguinte, proporcionava ultrapassagens.

 

Com o passar do tempo, os projetistas foram aperfeiçoando a aderência aerodinâmica e os carros foram ficando cada vez mais dependentes dela. Com recursos avançados, eles também mudaram a forma como o ar “saía” na traseira do carro, com este deixando de criar o “vácuo”, mas sim criando um “ar sujo”, também chamado de “turbulência”.

 

Com a dependência aerodinâmica cada vez maior, foi ficando cada vez mais difícil para o carro que perseguia um outro à sua frente andar próximo deste, uma vez que a tal “turbulência” tirava a aderência do perseguidor, especialmente em curvas. Permitir que o carro que vai atrás consiga andar próximo do carro da frente é o grande desafio para os dirigentes da categoria trazer de volta a emoção nas corridas de Fórmula 1 e fazer com que as ultrapassagens aconteçam sem subterfúgios como o uso de asas móveis.

 

A forma como o processo de regulamentação funciona para esse tipo de mudança técnica maciça é complicado: Passa pelo departamento técnico da FIA, uma equipe liderada por Charlie Whiting, com recursos e facilidades para pesquisa e testes. A Red Bull tem feito um grande esforço de colaboração com os conceitos a serem inseridos na execução do “Plano 2017”. Caso os conceitos sejam acordados no Grupo de Estratégia, caberá a Charlie Whiting supervisionar a elaboração de regulamentos técnicos para os novos carros... e é aí que as coisas se complicam.

 

Existem vários conceitos para este novo carro de 2017. A aparência mais agressiva, pneus mais largos, motores com mais potência (podendo chegar a 1000 cv), menos dependência em relação à asa dianteira para ajudar as ultrapassagens... além da meta é reduzir os tempos de volta em 5 a 6 segundos sem fazer os carros ficarem mais difíceis de ultrapassar.

 

Para que tudo funcione ainda seria preciso, em teoria, uma asa traseira maior e mais difusa, mais pressão na traseira também exigiriam menos peso e como fazer isso com estas unidades de potência? Como seria o trabalho do assoalho para compensar a menor dependência da asa dianteira?

 

Além disso, são tantas pessoas dando sugestões que mesmo alguns notáveis que foram convidados a participar estão começando a se posicionar com uma certa relutância em se envolver. Caso de Ross Brawn, que beneficiou-se de uma grande mudança de regulamento para a temporada de 2009, mesmo ele alertando para o que poderia ser uma “brecha” no regulamento.

 

São tantas mudanças a ser estudadas e dentro de um universo tão cheio de interesses individuais acima do bem coletivo que todos os avanços até o momento conseguidos no projeto do novo carro podem ser considerados surpreendentes. Contudo, a quantidade de pontos a se discutir e encontrar-se um denominador comum é tamanha que todo o projeto pode acabar adiado para 2018.

 

Para que o projeto seja inteiramente definido e aprovado, o mesmo tem que ser feito até o final de fevereiro do ano que vem. Pat Simonds, diretor técnico da Williams, acha que é muito pouco tempo para se definir tudo, submeter o projeto a testes e se chegar a um conceito correto e viável para os cofres das equipes, além de seguro para os pilotos.

 

A pressa pode ser inimiga da perfeição... e as consequências de decisões erradas estão muito frescas nas mentes de todos.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva