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O limite da razão! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 18 June 2015 09:28

Caros Amigos, honestamente, nunca imaginei que iria me ater a um determinado assunto por semanas consecutivas, mas a discussão tem rendido pontos de vista tão interessantes e alguns emails simplesmente surpreendentes que acabam me fazendo manter o foco desta coluna na questão da formação de jovens pilotos e nos pontos de vista, alguns bastante conflitantes, sobre que caminhos devem ser tomados.

 

Há tempos temos consciência da abrangência que o site dos Nobres do Grid tem alcançado fora do país e de alguns nomes ligados ao automobilismo mundial serem seguidores do que escrevemos, mas daí a receber alguns emails comentando, criticando, elogiando é outra coisa. Senti-me honrado!

 

Foram dois finais de semana com ocorrências em pista que preocuparam certamente a todos os envolvidos. Desde os pais dos pilotos, ainda adolescentes em sua maioria, aos chefes de equipe, diretores e que chegou até o topo da administração do esporte na Federação Internacional de Automobilismo.

 

Alguns cuidados, contudo, precisam ser tomados para que não se caia no lugar comum da crítica pela crítica e da exigência de certas atitudes por parte de pilotos que ainda estão em formação, tanto em suas habilidades ao volante quanto em sua educação e caráter. Aos educadores, sejam eles os pais, professores e também os preparadores e “coachs”.

 

Partir do ponto que o nível de pilotagem estaria baixo é um tanto quanto duro. Mal direcionado, mal orientado, precisando ser aperfeiçoado seriam palavras mais adequadas e cabe não só aos piloto buscar esta qualidade na pilotagem, mas a todos os envolvidos no processo. Afinal, alguns destes garotos chegarão à Fórmula 1 e este é, certamente o sonho de todos.

 

Oscar Urdeitx, responsável pelos campeonatos de monopostos da FIA, chamou para uma reunião em Genebra os chefes de equipe. Na pauta com os responsáveis pela categoria está a busca de um direcionamento para que “excessos” como os vistos em Monza sejam evitados. Para que as habilidades sejam trabalhadas, mas que também sejam trabalhadas a noção de risco e que o esporte, já perigoso por natureza, não se torne “suicida” ou “assassino”.

 

A questão também deve estender-se aos integrantes da Fórmula 4 devido aos acidentes ocorridos na etapa do campeonato alemão disputada no Red Bull Ring. Urdeitx pensa em chamar os envolvidos em outros campeonatos da Fórmula 4 na Europa para participar da reunião.

 

Todos sabemos que partiu do presidente da Comissão de Monopostos da FIA, Stefano Domenicali, a ordem para que medidas rigorosas fossem tomadas após a interrupção da prova com bandeira vermelha em Monza devido aos acidentes ocorridos. Há inclusive a possibilidade de que Monza deixe o calendário da categoria, o que seria uma perda no tocante à formação dos pilotos.

 

Seu antecessor, o ex-piloto Gerhard Berger declarou à revista italiana ‘Autosprint’ ser contrário às medidas que a FIA está tomando por achar que há um risco de que se tolher a audácia, uma característica tão elogiada em pilotos do passado, e acabar criando uma geração de “chofers de  idosos” ao invés de pilotos e corridas em sonolentas procissões, como acontece em algumas etapas da Fórmula 1.

 

É preciso, no entanto, que tente achar um ponto de equilíbrio entre o risco e o arrojo. Que os diretores de prova e comissários desportivos não destruam o espetáculo por considerar certas manobras “perigosas demais”. Um bom exemplo é a eletrizante disputa entre Gilles Villeneuve e René Arnoux no GP da França de 1979. Se fosse nos dias de hoje, tenho a impressão que os dois tomariam, no mínimo, uma reprimenda e até alguns destes “pontos” por parte da direção de prova por pilotagem perigosa, não respeito aos limites da pista, toques no carro do adversário, etc.

 

O automobilismo sempre teve o desafio do limite, seja dos pilotos quanto dos carros como essência e cada vez mais vozes tem se levantado contra esta “esterelização” provocada por regulamentos quase insanos com relação às questões de segurança. Os carros de ponta da Fórmula 1 atual são mais lentos que os carros da quase folclórica Minardi de seus últimos anos... e isso foi há mais de uma década!

 

Os circuitos tem hoje margens para erros de pilotagem que exigem cada vez menos a precisão dos que sentam nos cockpits. Se o piloto erra, ele perde tempo, sai da pista... mas volta, tem chance de recuperar-se. Não é o desafio de “não poder errar” como certa vez disse Sir Jackie Stewart. Errar, no passado, significava bater e deixar a prova e não só isso: a postura de quem dirige as corridas precisa ser revista.

 

Corridas quase que no crepúsculo para atender a necessidade de audiência na televisão europeia. Charlie Whiting sendo “excessivamente prudente” com largadas com a pista molhada mas que em um momento muito mais crítico, errou com a extensão do trecho com bandeiras amarelas no GP do Japão de 2014, liberando a disputa logo depois do trator estava na área de escape retirando um carro... e ainda quiseram jogar a culpa no piloto Jules Bianchi, que segue hospitalizado em coma num hospital em Nice.

 

A discussão tem que haver, sim... mas não pode apenas colocar tudo sobre os ombros dos pilotos, independente da idade deles ou da categoria em que correm. Dirigentes, preparadores e donos de equipe precisam trabalhar juntos para que o esporte e a emoção não morram.

 

É preciso correr e deixar correr!

 

Um abraço e até a próxima.

 

Fernando Paiva