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A Fórmula sem rumo! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 04 June 2015 22:31

Não é segredo para ninguém – de tão visível que está – que a gestão da Fórmula 1 está mais perdida que cachorro que cai do caminhão de mudanças. Pior que isso, eles parecem ser incapazes de falar o mesmo idioma e buscar uma solução capaz de atender as necessidades da categoria. Mas como “atender as necessidades da categoria” numa categoria onde cada um dos times pensa apenas em suas necessidades?

 

Tem praticamente um ano e meio que o maior balaio de gatos instaurou-se na categoria com o tal de “Grupo de Estratégia”. Esse “Frankstein administrativo”, criado uns anos antes e que descambou para uma guerra a partir de 2014, teve apenas uma coisa de positiva: diminuiu drasticamente o poder do  “Bom Velhinho”, que andou reclamando que “a democracia não é um bom negócio para a Fórmula 1”.

 

Mas se a democracia não é boa para a categoria, o que seria bom? A “ditadura” de um gestor que, se de um lado reclama da modernização da categoria com a introdução de novas tecnologias como os sistemas híbridos e quer a volta dos “tradicionais motores V8”, e que, por outro lado, parece apenas ter olhos para os cifrões dos países que vem “comprando” etapas da categoria para ocorrerem em países... digamos... exóticos?

 

O problema é que algo que poderia ser usado de forma positiva pelas equipes contra a “ditadura octogenária” tem sido um ponto de conflito entre elas mesmas. A tomada de decisões referentes ao campeonato junto da FIA e do “Bom Velhinho” tem derrapado no que seria sua grande vantagem: atacar os problemas da categoria!

 

Um bom exemplo desta desunião foi a falta de entendimento entre as equipes para defender interesses que deveriam ser comuns e benéficos para todos... e é justamente neste “benéfico para todos” que o futuro do tal “Grupo de Estratégia” vem sendo questionado e muitos estão apostando que ele não chega a 2020, como está previamente acertado.

 

Bernie Ecclestone e os chefes das equipes não tem falado "o mesmo idioma" pelo bem estar da Fórmula 1.

 

Os maiores questionamentos vem justamente dos excluídos. O Grupo tem a FIA, com direito a 6 votos, a FOM com outros 6, cinco equipes (McLaren, Ferrari, Mercedes, Williams e Red Bull) como membros permanentes e entre as outras, a melhor colocada no campeonato de construtores... este ano, a Force India. O resto é... o resto!

 

O maior problema, entretanto, não estaria na desunião das equipes em fechar uma posição conjunta sobre alguma coisa, mas na guerra dissimulada entre a FIA e a FOM, na verdade, entre “Baixinho Narigudo” e o “Bom Velhinho”. A disputa ente eles é antiga, desde quando o roedor de unhas compulsivo era o todo poderoso da Ferrari nos boxes. O “Bom Velhinho” fez de tudo para quebrar a hegemonia da Ferrari, que no seu entender, era “ruim para a Fórmula 1”... até conseguir.

 

O “Baixinho Narigudo” acabou conseguindo reunir em torno de si, por sua competência e por um projeto descentralizador, os votos necessários para eleger-se presidente da FIA, substituindo o ex-amigo e quase testa de ferro do “Bom Velhinho”, Max ‘Chicotinho’ Mosley. Durante um período de quase 16 anos, havia uma “harmonia” nas decisões da FIA com a FOM e vice-versa, que azedaram quando o ex-amigo resolveu “mexer no queijo” do amigo, criando os mecanismos para o surgimento das “equipes nanicas” e uma nova Fórmula 2 para ser “o caminho para a Fórmula 1”... e sendo uma pseudo concorrente da GP2.

 

No entender do manda chuva da categoria, Este esquema com o "Grupo de Estratégia" não está funcionando.

 

O “Bom Velhinho” andou chutando o pau da barraca nas últimas semanas, escancarando seu ponto de vista de que este esquema democrático demais não funciona. Há um conflito quase constante entre os interesses da FIA e da FOM e que eles, como dirigentes, deveriam trabalhar juntos, não um contra o outro. Um teria que apoiar o outro e “impor” as regras às equipes.

 

Depois que assumiu a FIA, o “Baixinho Narigudo” procurou “levantar” os demais campeonatos que a Federação controlava. É inegável que os mundiais de endurance (WEC), de carros de turismo (WTCC) e Rally (WRC) passaram a ter um crescimento considerável de importância, divulgação, audiência televisiva e público presente nos eventos. A Fórmula 1, em teoria, não deveria perder espaço... mas perdeu. Seria culpa da FIA? Não!

 

Onde estaria o problema então? Talvez a relação entre os promotores das outras três categorias de alcance mundial com a FIA seja menos conturbada, menos conflitante do que a forma como a FOM tem lidado com suas questões e intenções de fazer, como foi durante uma década e meia de gestão pós Jean Marie Balestre. Nos tempos do arrogante francês, até greve antes de GP tivemos... além daquela “garfada” no finado em 1989.

 

O grande problema é o conflito não assumido, mas evidente, entre a FIA e a FOM. Briga de "cachorro pequeno".

 

Quando foi feita a proposta do “Grupo de Estratégia”, de certa forma era uma maneira da FIA diminuir a força da FOM e da figura de seu “dono”, transferindo o poder de decisão para ela mesma, com o apoio das equipes, fazendo com que as próprias equipes se fortalecessem. Contudo, nem tudo saiu “como deveria”.

 

Como reunir tantos desejos diferentes (cada equipe é um mundo) e fazê-los trabalhar juntos? No momento temos a dominante Mercedes bloqueando qualquer mudança nas presentes regras dos motores, em conflito direto com a Red Bull, que se vê prejudicada com a impossibilidade ver a Renault melhorar seus motores. Por outro lado, uma Ferrari que não abre mão de um centavo de sua “cota” na distribuição de dinheiro da FOM. Com isso, as equipes excluídas do poder de decisão, que sofrem com as decisões tomadas e que quase sempre convergem num aumento de gastos. Como bem disse o chefe da Manor; “está faltando estratégia”!

 

O último “pacote de decisões”, trazendo de volta o reabastecimento para 2017 vai gerar mais custos. É mais pessoal nos boxes, mais equipamentos e não parou por aí: Os pneus também serão mais largos, haverá alterações de aerodinâmica e os motores deverão ficar mais potentes (e mais barulhentos?).

 

De olho sempre em dinheiro, não importando de onde venha, A F1 vai para cada vez mais longe de suas origens.

 

A previsão do “Grupo de Estratégia” é que os carros fiquem de cinco a seis segundos mais rápidos do que os carros atuais. O aspecto positivo desta mudança é distanciar a Fórmula 1 da GP2. Em Mônaco alguns carros e pilotos andaram conseguindo virar tempos mais rápidos que o fundo do pelotão, para desespero do “Bom Velhinho”.

 

O problema é que todas estas medidas vão aumentar os custos da categoria. Serão necessários investimentos no desenvolvimento dos motores para aumentar a potência. Vai exigir da fornecedora de pneus – provavelmente a Pirelli – um investimento em desenvolvimento de novos compostos e estruturas para suportar o aumento da velocidade dos carros. Também será necessário investir em desenvolvimento dos carros para atender a mudança no regulamento. Quem vai sobreviver?

 

Por um lado, além da norte americana Haas, a FOM tenta arregimentar mais algum interessado em participar do seu circo, provavelmente prevendo o fechamento das portas de mais equipes em futuro próximo. A Sauber é uma que tem a corda no pescoço há alguns anos, bem como a Force India.

 

Na busca de "bodes expiatórios", o "Bom Velhinho" pode ter comprado briga com o "simpático" Arrivabene.

 

Não bastassem as ideias ditatoriais do “Bom Velhinho”, ele agora quer transferir parte da culpa pela falta de interesse pela categoria para um postura “pouco midiática” de algumas das personalidades do espetáculo, como os pilotos Nico Rosberg e Sebastian Vettel, além do novo ‘Capo’ da Ferrari, Maurizio Arrivabene.

 

O italiano, com aquela pseudo simpatia que transparece respondeu “na lata” que se o “Bom Velhinho” quisesse, podia tomar a credencial dele imediatamente. Rosberg, mais polido, dizendo entender o ponto de vista dele. Interessante é que, quando chegou na categoria o “Bom Velhinho” disse que a categoria precisava de mais pilotos como ele, assim como falou que o novo alemão da Ferrari seria “um genro ideal”. O alemãozinho respondeu, sugerindo que ele baixasse os preços dos ingressos e, sarcasticamente, disse que “alguém da sua idade pode falar o que quiser”.

 

O que será então que está tirando a emoção, o público e a audiência da Fórmula 1? O que os fãs da Fórmula 1 preferem, uma corrida nas ruas de Baku, no Azerbaijão ou uma corrida em Monza? A GPDA, Associação dos pilotos, que é – ridiculamente – presidida por um “não piloto”, fez uma pesquisa popular pela internet para ouvir os fãs da categoria. A pesquisa foi entregue no Canadá para o “Bom Velhinho”. Para quem diz querer que a Fórmula 1 recupere seu sucesso, seu glamour, abandonar sua essência é no mínimo uma contradição!

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva


Last Updated ( Monday, 08 June 2015 20:41 )