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Lições Erradas! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 03 June 2015 21:13

Caros amigos, a coluna desta semana é quase uma sequência do que escrevi na semana passada, infelizmente, no sentido oposto do que tentei exprimir ao elogiar o arrojo, a audácia e a técnica dos pilotos.

 

Existe uma linha, aparentemente mais tênue do que se possa medir, dividindo o arrojo e a audácia da inconsequência e da precipitação. O que pude ver neste último final de semana, assistindo as etapas da Fórmula 3 europeia e as corridas da VICAR em Curitiba foram de grande preocupação.

 

Quando a FIA estabeleceu “o caminho das pedras” com sua tabela de pontuação para os pilotos seguirem uma trajetória até a Fórmula 1, pensava em uma trajetória de feitos e conquistas nas pistas, não nas pedras das caixas de brita ou, pior, a caminho de uma lápide em um cemitério qualquer.

 

O que se viu na rodada tripla da categoria, disputada no circuito de Monza foi simplesmente absurdo. De um grid pequeno de 3 anos atrás, a Fórmula 3 europeia tem hoje 36 pilotos inscritos. 35 deles largaram para a primeira corrida no sábado. Um grid grande como este é ótimo para que se servir de aprendizado para os pilotos. Um erro na classificação e isso joga o piloto das primeiras para as últimas filas, tão perto que andam os carros. Vai lembrar os grids dos anos de kart... e talvez a memória encubada acabe aflorando. No kart há disputas de posição por todo o pelotão nas provas. É um bom jeito de se aprender de tudo, mas aprendeu-se do jeito certo ou “do jeito errado”?

 

No decorrer dos pouco mais de 40 minutos da primeira corrida, por alguns momentos parecia que eu estava assistindo uma corrida de kart com garotos afoitos em seus 13 ou 14 anos de idade. Neste período o “Empurra”!, “Esfrega”! “Apoia na lateral dele”! costuma ser tolerado pelos comissários, não só aqui como em todo o mundo.

 

Acontece que a estrutura do kart aguenta isso... a de um Fórmula, não! No Kart Europeu o bico do kart até o ano passado era fixado com parafusos, não caia de jeito nenhum, eram verdadeiros “parachoques”! Com isso os “toques” eram constantes e muitas vezes propositais, com os pilotos sendo mal orientados a “jogar sujo” porque aquilo era quase sempre visto como “incidente de corrida”.

 

Nisso vieram errando os preparadores dos pilotos, os comissários desportivos e até mesmo os pais e mães dos pilotos. Afinal, um adolescente ainda está com seu caráter em formação e o acompanhamento dos pais no aspecto educacional não pode ser “terceirizado” para a escola ou o treinador do esporte que ele pratica.

 

Imaginemos que fosse colocado um “sensor” nos karts. Um toque até uma determinada intensidade seria aceitável. Um toque acima desta, seria analisado e o piloto poderia ser punido... além de exigir 30 comissários por prova, a orientação seria: “pisa um pouco mais forte no freio que ele leva um ‘drive thru’”!

 

O resultado desta formação equivocada, e que nada tem a ver com o arrojo mostrado por Max Verstappen em Mônaco, quando ultrapassou brilhantemente o Pastor Maldonado e foi fechado e “brecado” por Romain Grosjean, foi um show de horrores protagonizado pelos garotos da Fórmula 3 europeia no espaçoso circuito italiano, onde a largura de pista em nada se assemelha com as estreitas ruas de Mônaco ou de Pau, na França, local da etapa anterior.

 

Eu não me lembro de ter visto um aviso “corrida sob investigação” em nenhuma das provas que assisti ao longo de décadas diante da televisão ou de quando ainda frequentava autódromos. O Presidente da Comissão de Monopostos da FIA, Stefano Domenicali, mesmo não estando presente, exigiu dos promotores e da direção de prova uma atitude antes que algo pior acontecesse. A 12ª etapa, a terceira corrida do final de semana foi encerrada com bandeira vermelha.

 

Algumas vozes podem se levantar dizendo que isso é “coisa da idade”. Será? Talvez seja “coisa dos exemplos”. Talvez estes garotos estejam assistindo as corridas do WTCC, onde pilotos com décadas de pista batem uns nos outros como se estivessem lutando pela própria vida! Alguns anos atrás, eles conseguiram bater no Safety Car!

 

Talvez eles estejam assistindo as corridas da Fórmula Indy, onde os pilotos parecem ser mentalmente incapazes de dar 3 voltas sem bater uns nos outros em um circuito de rua como o de Detroit. Andar com o piso molhado, então, é algo que parece estar além de suas habilidades... ou o carro não consegue oferecer aderência como pareceu em St. Petersburg.

 

No Brasil também teremos os “maus exemplos? Certamente, sim! Os “Gentleman Drivers” do Mercedes Challenge não foram nada “cavalheiros” na largada da corrida do domingo e provocaram um grande acidente na reta, bem antes da sempre complicada chicane do final da mesma.

 

Se alguém quiser justificar com o fato de que tratam-se de amadores, que correm em uma categoria feita para quem tem dinheiro para correr e felizmente o fazem em autódromos ao invés de ruas e avenidas, o que dizer da largada da Stock Car, onde os pilotos profissionais, muitos deles que correram na Fórmula 1 ou na F-3000, que correm ou correram na Europa e fizeram a mesma coisa?

 

Lições erradas estão sendo dadas e precisam ser corrigidas, independente da idade, categoria ou anos de pista!

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 
Last Updated ( Thursday, 04 June 2015 13:13 )