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Frente a Frente: Jauneval de Oms PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 29 May 2015 19:52

Foto histórica: Flavio Chagas Lima no lançamento do autódromo ainda nos anos 60.

 

Quando se fala em paixão pelo automobilismo, uma das maiores “provas de amor” que talvez possam ser dadas é ver alguém investir uma fortuna e construir um autódromo.

 

É um investimento alto, de retorno duvidoso e que, se der retorno, levará algumas décadas para dar de volta – caso dê – ao investidor uma compensação equivalente ao montante investido.

 

Jauneval de Oms não construiu um autódromo... mas ele o reconstruiu e o modernizou, levando o Autódromo Internacional de Curitiba ao platamar de segundo melhor autódromo do país e que, com uma gestão séria e organizada vem conseguindo se manter e gerar rendimento para seu proprietário.

 

Foto do Autódromo Internacional de Curitiba - 1994. Antes das reformas que o tornaram o 2º melhor do país.

 

Há pelo menos dois anos e meio, uma série de questionamentos, especulações e “afirmações” vem sendo feitas sobre o futuro do autódromo da capital paranaense – que na verdade fica no município vizinho de Pinhais – e sua desativação, dando lugar a algum tipo de empreendimento imobiliário.

 

Tamanho foi o volume de indagações que a administração do autódromo colocou em seu website uma nota oficial de esclarecimento assinada pelo próprio Jauneval de Oms rechaçando as especulações e afirmações que foram veiculadas a respeito da desativação do autódromo.

 

O Site dos Nobres do Grid, reiterando seu compromisso com o jornalismo sério e responsável que o vem pautando desde seu surgimento oferece ao seus leitores um real panorama sobre o que pode realmente vir a acontecer com o Autódromo Internacional de Curitiba.

 

Foto do Autódromo Internacional de Curitiba, 29/05/2015, tirada pelo piloto Átila Abreu (Facebook). 

 

Estivemos no escritório do hoje integrante do Conselho de Administração da INEPAR, Jauneval de Oms, e mentor do projeto de investimento, recuperação, modernização e projeção do Autódromo Internacional de Curitiba para o platamar onde o mesmo se encontra para, Frente a Frente, esclarecer a real situação e o que temos de concreto em termos de futuro para o segundo melhor autódromo do país.

 

Jauneval de Oms é um empresário paranaense que há 42 anos está à frente do Grupo Inepar, uma empresa que atua em diversas áreas, desde gás e energia, transportes, equipamentos de engenharia e construções. Um apaixonado por automobilismo que tem, ao longo da vida investido e patrocinado eventos e pilotos e que, seja qual for o destino do autódromo, não deixará de ser um apaixonado por automobilismo.

 

NdG: Quem é o dono do autódromo. O Jauneval de Oms ou a Inepar?

 

Jauneval de Oms: O autódromo é um projeto de investimento que eu, como apaixonado por automobilismo achei que como negócio estratégico a aquisição da área poderia vir a dar um retorno esperado, dentro de projeções de valorização da área, que viesse a compensar os investimentos que o empreendimento autódromo exigissem ao longo de um período e que, acabou por se concretizar. Hoje o valor da área projeta-se a um platamar que concretizou as nossas expectativas e a venda do imóvel faz parte da estratégia que nós montamos. O autódromo é um bem que tem dois proprietários: a Inepar e o Senhor Fortunato Guedes, que era sócio do empresário Flavio Chagas Lima, que foi quem deu início ao autódromo. É uma sociedade igualitária, 50% para cada uma das partes, mas a gestão operacional é nossa.

 

NdG: Nos anos 60/70 houve uma “febre” de construção de autódromos no Brasil. Nos anos 90 construiu-se mais alguns e este segundo período coincidiu com a reforma feita no autódromo quando o senhor passou a controlar o autódromo. Porque a gente não vê mais “construções de autódromos” como houve antigamente?

 

O AIC tem dois donos: A Inepar e o empresário Fortunato Guedes, ex-sócio do Flávio Chagas Lima.

 

Jauneval de Oms: É que as construções de autódromos no Brasil foram quase sempre bancadas pelo estado e quando falo estado é pelo poder público, seja a administração estadual ou municipal. É um investimento grande, que além do valor investido para a construção tem um valor considerável para manter o autódromo em funcionamento com melhorias, manutenção e administração. O poder público, de um modo geral, investe num projeto como um autódromo naquela de sabe-se lá de onde vem, sabe-se lá pra onde vai, o que se pretende com o futuro quando constrói um autódromo.

 

Um autódromo, como empreendimento é algo complexo e tecnicamente difícil de ser visto como investimento porque ele não te dá o retorno, que pague o investimento. Uma pessoa ter um terreno próprio e querer utilizar para esta atividade é algo que ela vai fazer por querer fazer e que pode ser lucrativa se bem administrada. Agora, ver o autódromo como um investimento onde o investidor possa pensar que vai ter o retorno do capital investido com a operação do autódromo, isso não há possibilidade. Veja o exemplo de Interlagos: todos os anos a prefeitura de São Paulo precisa fazer um investimento considerável para manter o autódromo no padrão exigido pela FIA para a realização da Fórmula 1.

 

Como projeto privado, o Grupo Gerdau fez um investimento que foi o Velopark, mas que é um “mini autódromo”, vamos dizer assim, com pouco mais de 2 mil metros e que havia uma ideia de ampliar, de fazer mais um trecho e eles tem o terreno para isso, mas eu fiquei sabendo, através de conversas, que o pessoal da Gerdau cortou este projeto de ampliação.

 

NdG: Nos anos 60 o Sr. Flavio Chagas Lima foi o idealizador e foi quem colocou o autódromo no mapa, inicialmente ainda de terra, depois foi asfaltado. Quando foi e como foi que se deu este processo de interesse pelo autódromo? Foi só uma possibilidade de investimento com olhos para o futuro?

 

Jauneval de Oms: Foi, como disse, a possibilidade de ver o negócio com uma projeção para o futuro, não apenas nossa, mas também do Fortunato e achamos que o investimento que iríamos fazer, e fizemos valeria a pena, mesmo com todo o investimento inicial na grande reforma que foi necessária para colocar o autódromo praticamente nas condições atuais com a estrutura de suporte que fizemos em 1995. Além disso, a nossa paixão pelo automobilismo e o desejo de fazer algo, de manter o autódromo ativo.

 

Além das corridas que acontecem em Curitiba, temos uma atividade constante no autódromo com locações para diversos fins, ações promocionais, testes de fabricantes de carros e caminhões, track days. O calendário de atividades do autódromo é tomado praticamente todo o ano.

 

NdG: Quando o senhor e a Inepar resolveu fazer algo no autódromo, nos anos 90, qual era a situação? Qual a perspectiva? O autódromo estava em vias de fechar ou desaparecer?

 

Jauneval de Oms: A situação do autódromo quando fizemos a nossa proposta era de uma condição muito precária. A condição era sofrível, era um autódromo para amadores, muito longe da condição de um autódromo com condições de receber as melhores categorias nacionais e com uma infraestrutura muito deficiente. Daí decidimos que era necessário fazer uma reforma grande, um investimento de porte que o colocou numa condição bem próxima a que ele está hoje.

 

NdG: O senhor lembra de quanto foi preciso investir no autódromo na época?

 

Jauneval de Oms: Naquela época, logo depois do Plano Real ter sido implantado, o Dólar estava quase “1 por 1” com o Real. Então o investimento foi da casa de 13 milhões para a construção da Torre, posto médico, boxes, camarotes, viaduto, refazer a entrada dos boxes, porque antes se corria no sentido oposto, arquibancadas... em valores de hoje, se formos corrigir, seria um valor maior, bem maior. Estamos falando de valores há 20 anos.

 

NdG: Quando estivemos em 2009, fazendo uma matéria no autódromo, o Administrador, Sr. Itaciano Neto disse-nos que havia um contrato de comodato do autódromo. Como é isso?

 

Em 1995 nós investimos cerca de 13 milhões para modernizar o autódromo e dotá-lo da estrutura que possui.

 

Jauneval de Oms: É que o que existe hoje e a sociedade de duas partes, nós e o Fortunato, como donos do terreno e o autódromo tem um contrato de uso do terreno, um comodato que foi feito na época para que o autódromo continuasse funcionando. Quando este contrato terminar, os proprietários verão o que irão fazer com o terreno. Este contrato termina agora.

 

NdG: Nestes 20 anos, o investimento feito atendeu as expectativas?

 

Jauneval de Oms: Sem sombra de dúvidas! A atividade no terreno deu lucro, nos últimos 7 ou 8  anos vem dando lucro, com uma ocupação quase total do autódromo, não apenas com as corridas, mas com a sua locação para outras atividade e a valorização da área foi como projetamos que aconteceria.

 

NdG: O senhor falou que teve lucro nos últimos 7 ou 8 anos... e antes disso? Estavam tendo prejuízo?

 

Jauneval de Oms:A realidade e que a atividade do automobilismo é muito complicada. Nós temos dois órgãos, a CBA e a Federação, que só querem “puxar” as coisas para si e sendo o nosso caso uma iniciativa privada, não temos apoio de instrumentos públicos como se deveria ter. Isso se traduz no que vemos nos outros autódromos. Aqui somos nós que temos que fazer tudo.

 

NdG: Uma vez que o senhor mencionou as nossas autoridades desportivas, na sua visão empresarial, um esporte que requer tanto investimento como o automobilismo, seria o caso de se profissionalizar a gestão do esporte para ele crescer?

 

Jauneval de Oms: Eu acho que não é só a atividade, o seguimento automobilismo. O Brasil é um país que não recompensa que empreende, quem investe. É um país com uma estrutura extremamente estatizada e que tem custos irreais. Não existe um negócio, um seguimento que seja em que você possa investir com alguma segurança de que, no futuro vá ter algum retorno. É mercado de risco total. As regras mudam diariamente, infelizmente a corrupção é entranhada nas três esferas da administração pública, tanto a municipal, quanto a estadual, quanto a federal de forma absurda. Assim, todo e qualquer investimento que você faça, em qualquer seguimento, o risco de perda é muito grande.

 

No momento atual que o Brasil está passando, os integrantes do meio empresarial fala  abertamente em deixar o país. Vender tudo e simplesmente ir embora diante das dificuldades que se impõem para quem tenta investir, fazer algo no país. Nós atuamos fortemente na área de óleo, gás e energia, junto com quem trabalha nesta área viu o país estagnar e uma obra que para, para ser retomada acaba tendo um custo muito maior do que o inicial.

 

Sendo assim, o nosso investimento no autódromo, visando ter lucro com a atividade e apostando na valorização do terreno foi ótimo... só que vamos ter que vender!

 

NdG: O empreendimento autódromo inclui também o kartódromo e a pista de autocross? Qual é a área total?

 

Vimos o autódromo como um investimento. Com o tempo, sua valorização compensou o que investimos... e é hora de vender!

 

Jauneval de Oms: Sim, inclui as três áreas e o total é de 560 mil metros quadrados.

 

NdG: Aquela área depois da chicane do final da reta comportaria uma ampliação, aumentando a extensão da pista para mais de 4 mil metros. Isso chegou a ser pensado?

 

Jauneval de Oms: Sim, tempos atrás chegamos a pensar nisso, mas a ideia foi deixada de lado. Era interessante? Tirando Interlagos e Brasília, nenhum outro autódromo tinha uma extensão de mais de quatro quilômetros. Sendo Interlagos uma exceção, o nosso é considerado o segundo melhor do país, atrás apenas do autódromo que recebe a Fórmula 1.

 

NdG: As pessoas que trabalham no autódromo (restaurante, lanchonete, escola de pilotagem, etc) falaram que já foram avisados de que no final de 2015 eles terão que deixar o local. É uma medida preventiva ou é algo já definitivo?

 

Jauneval de Oms: É uma medida preventiva. Nós só iremos vender o imóvel tivermos uma proposta muito boa para nós. Como o autódromo está funcionando e dando lucro, ele pode continuar. É um bem que está sendo bem administrado e dando retorno. Além disso, a valorização imobiliária vai continuar. A área vai valer cada dia mais e estaremos ganhando dos dois lados.

 

O mercado imobiliário teve uma retração de um ano para cá e a valorização neste período nãosegiu a curva de crescimento dos últimos anos. Neste caso, nada nos impede de esperar mais um pouco e aguardar um melhor momento para fazer um negócio para o qual nos propusemos quando investimos no negócio 20 anos atrás. Seria justo com eles que estão lá há tanto tempo para que não fossem surpreendidos. Temos algumas propostas, todas por parte do setor imobiliário.

 

NdG: Se as propostas que existem são do setor imobiliário para construção de empreendimentos na área, porque não a própria Inepar ao invés de vender não parte, ela mesma, para fazer isso?

 

Jauneval de Oms: A questão é que diante da nossa atual situação e a nossa visão da situação do país fazer algo nós mesmos seria inviável financeiramente. Nós não temos os recursos para investir em uma implementação como esta. E isso não somos apenas nós, da Inepar. Ninguém no seguimento de empreiteiras tem esta disponibilidade de capital para fazer algo do gênero.

 

NdG: A possibilidade ou a necessidade de venda do empreendimento autódromo tem a ver com o pedido de recuperação judicial que a Inepar solicitou?

 

A Inepar está em processo de recuperação judicial e nossa atividade fim não é o autódromo: é óleo, gás e energia.

 

Jauneval de Oms: Claro. A nossa atividade principal é o seguimento de óleo gás e energia. Inclusive, ontem (dia 12 de maio de 2005) foi homologado o pedido.

 

NdG: E em quanto está avaliada a área?

 

Jauneval de Oms: Nós já recebemos algumas propostas para a venda. A maior delas foi de 120 milhões de Reais. Recebemos também uma outra, de 95 milhões de Reais. Tivemos outras menores mas que não consideramos por não serem interessantes.

 

Para nós o mais interessante é se fazer uma parceria, com o pagamento de parte em dinheiro e uma outra parte em propriedade do projeto a ser implementado, o que poderia proporcionar um aumento no nosso ganho com o negócio. Aí poderemos ter um valor realmente significativo.

 

NdG: Assim como para nós, para os senhores deve ter havido uma pesquisa sobre o que o plano diretor da cidade de Pinhais permite que seja edificado, ocupado no terreno. O que diz o plano?

 

Jauneval de Oms: Ali para a área do autódromo, nós temos um entendimento com a prefeitura e eventuais interessados em usar até 50% da área com um investimento imobiliário, num misto de setor empresarial e residencial. Ninguém faria uma oferta destes valores que eu apresentei para manter o autódromo

 

A área ali é muito boa e não se acha mais uma área com estas dimensões tão próxima de um centro como é Curitiba. Em 15 minutos você sai dali e está no centro de Curitiba.

 

NdG: O autódromo atrai negócios, mas talvez o que um empreendimento deste tipo, projetado, ofereça à cidade de Pinhais um retorno maior até mesmo com a arrecadação de IPTU. O que o Prefeito da cidade diz sobre isso?

 

Jauneval de Oms: Na visão do Prefeito, eles querem que seja feito algo um pouco mais elitizado. Em considerando apenas o piso térreo, terrenos de, no mínimo, 250 metros quadrados. Eles não querem projetos populares, para população de baixa renda. Neste caso, não compensaria. Tem que ser algo seja capaz de dar um retorno dentro de uma expectativa que eles traçaram.

 

NdG: Mas a prefeitura de Pinhais não está feliz com o que o autódromo rende de benefícios para a cidade?

 

Jauneval de Oms: Sim, não reclamam. O autódromo rende, além do IPTU, ISS sobre os eventos, e isso não trata-se apenas das corridas, mas de todas as locações que fazemos. Curitiba também é muito beneficiada com turismo, ocupação da rede hoteleira, restaurantes, aumenta a arrecadação de impostos da cidade.

 

NdG: Por tudo isso, o prefeito ou mesmo o governador, que tem um histórico nas pistas, não se manifestaram em relação a este possível fechamento do autódromo?

 

Há 7 ou 8 anos o autódromo tem dado lucro. Se não chegarmos a uma acordo interessante, ele continuará funcionando.

 

Jauneval de Oms: Manifestar até se manifestaram, no caso mais o governador, mas não há uma condição financeira ou política no estado que permita uma estatização. Nós  já conversamos abertamente sobre isso, ele é um amigo nosso, mas a situação dos estados e municípios é crítica. Pior do que a área federal. O momento não permite se pensar em uma ação como esta.

 

NdG: E aqueles processos na justiça do trabalho que vez por outra colocavam o autódromo como objeto de penhora por ex-funcionários do Flavio Chagas Lima, como estão? São um empecilho?

 

Jauneval de Oms: Não mais. Todos os processos foram encerrados mediante acordo na justiça do trabalho.

 

NdG: E o que falta para se definir a venda ou não do autódromo?

 

Jauneval de Oms:É preciso que cheguemos a uma condição que consideramos interessante, o que necessáriamente não é a maior proposta em valores. Um número que consideramos interessante é termos uma participação de 30 a 35% da área que será implantado o empreendimento imobiliário. Um dos proponentes está trabalhando neste sentido. Além disso, há também a questão da implantação, liberação, construção e entrega do empreendimento. Trabalhamos com a questão de em quanto tempo este processo se dará e em quanto tempo receberemos a nossa parte do projeto implantado. Não adianta nada vender agora e o comprador construir o projetado daqui sei lá quando. Tudo isso está sendo conversado para chegarmos numa condição que julguemos ser vantajosa para nós.

 

NdG: Diante de iminente desativação do AIC, houve alguma conversa por parte de alguém em termos de haver uma alternativa? Um outro autódromo em outro local, quer por parte da FPRA ou de alguma prefeitura ou do estado?

 

Jauneval de Oms: Até o momento não, mesmo porque, não há recursos disponíveis no setor público para um investimento nesta área. 

Last Updated ( Friday, 29 May 2015 20:39 )