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O Demolidor de Interlagos PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 03 April 2015 02:44

Olá pessoal, estamos voltando com mais uma daquelas ‘Estórias do Arco da Velha’ e desta vez eu não vou escrever a estória sozinho, mas com uma testemunha ocular que esteve presente em Interlagos na etapa paulista do Torneio dos Campeões, promovido pela Ford em dezembro de 1975. Quem estava lá foi o leitor do site dos Nobres do Grid Helcio Cirigola.

 

O italiano Vittório Brambilla, o ‘Gorila de Monza’ já foi protagonista de dois artigos aqui nesta gloriosa coluna do site dos Nobres do Grid... e desta feita, em sua terceira aparição, o palco foi o autódromo de Interlagos (o verdadeiro, não a pistinha do ‘seu’ Bernie).

 

“foi em dezembro de 1975. a Ford fez o chamado festival Ford em Interlagos. Um dia festivo para promover a marca, com corridas de formula Ford e uma bem esperada com Mavericks, se não me engano era o lançamento da versão com motor 4 cilindros.

 

Então a Ford convidou alguns pilotos estrangeiros para o evento e entre eles Vittorio Brambilla. Tive oportunidade de estar lá e peguei um autografo dele. Uma pessoa extremamente simpática e atenciosa, delicado mesmo e diferente daquele piloto agressivo em que se transformava quando punha o capacete.

 

Mas o fato engraçado é que a Ford teve ter se arrependido de tê-lo convidado, pois o que ele destruiu Mavericks naquele dia, bah...

 

Nas duas baterias ele acabou com os carros que lhe foram designados tanto que na segunda ele correu com outro diferente do da 1ª, e ainda no intervalo entre as provas ele descia a rampa de acesso aos boxes de ré e já na pista dava um ‘cavalo de pau’, fritava pneus, arrancava e outro ‘cavalinho’, saia de ré e de repente engata 1ª e já vinha de frente. Na minha frente explodiu um câmbio, desceu do carro sob aplausos, acenou para as arquibancadas e foi pro box pegar outro carro pra mais algumas loucuras. Que tipo esse.

 

De tantos carros que ele bateu ou quebrou os que ele pilotava já nem mais tinham o seu nome no parabrisa, para ele se o motor funcionava e o carro andava o resto eram meros detalhes”.

 

O autógrafo do piloto italiano: uma lembrança que Helcio guardará para sempre.

 

Além de Vittorio Brambilla, a Ford trouxe para o Brasil, pela primeira vez,  pilotos de países como Equador e Peru, além de uruguaios, paraguaios, chilenos, venezuelanos e um monte de argentinos.

 

Vittorio Brambilla, em um dos seus acidentes, levou outros três carros pra fora da pista.

 

Os carros eram sorteados entre os participantes, Com isso não era possível favorecer ou outro piloto. O número do carro indicava a posição de largada na primeira bateria, que era invertida na segunda, o que – em teoria – permitira boas possibilidades de recuperação.

 

O piloto italiano deu um belo prejuízo para a Ford e os promotores do torneio.

 

Da Fórmula 1, além de Brambilla, a Ford convidou Jody Scheckter e Ronnie Peterson, mas eles não vieram. Na esquadra brasileira estavam José Carlos Pace, Norman Casari, Artur Bragantini, Jayme Silva, Alex Dias Ribeiro, Camillo Christófaro, Bob Sharp e Edgard Mello Filho. A briga foi mesmo com os argentinos, que contavam com Carlos Garro (campeão de Turismo Carretera naquele ano), Esteban Fernandino, Ricardo Zunino, Jorge Recalde, Luiz di Palma.

 

Luis Di Palma (com o picolé) e Carlos Garro (macacão branco) eram algumas das feras argentinas na disputa.

Na etapa de Interlagos a vitória foi do argentino Carlos Garro ganhou, seguido de José Carlos Pace, Esteban Fernandino, Aluisio, Ricardo Lenz e Jorge Recalde. A melhor volta conseguida foi de Carlos Garro, com 4m04.93s. A diferença para os Maverick V8 da Divisão 1 era enorme. Estes viravam em Interlagos na casa dos 3m45s.

 

Acima, Brambilla, com o para-choque torto e abaixo, Paulão Gomes, "entortando" o carro na entrada do 'S'.

 

Na prova de Brasília, Pace derrotou a esquadra dos hermanos, seguido de Ricardo Zunino, Carlos Garro, Bob Sharp, Jorge Recalde, Esteban Fernandino e Paulo Gomes, que chegou a liderar diversas voltas, mas teve que parar nos boxes para corrigir um problema no cano de escapamento. Paulão Também teve problemas em Interlagos. Complicações mecânicas e um pneu furado. Não fosse isso, poderia até ter conquistado o torneio.

 

José Carlos Pace, o nosso 'Moco' dando um show de habilidade à frente na corrida em Brasília.

Pace 'salvou a honra' do Brasil ao conquistar o torneio, vencendo a corrida de Brasília e contando com o terceiro lugar de Carlos Garro. Ainda bem, afinal, perder pra argentino em casa é a morte! Foi o fechamento com chave de ouro de um excelente ano, onde venceu seu primeiro Grande Prêmio de Fórmula 1 e diversas corridas de Divisão 1, com um Maverick V8. A Ford até manteve a construção dos Mavericks com 4 cilindros, mas este nunca mais voltou às pistas!

 

Felicidades e velocidade,

 

Paulo Alencar e Hélcio Cirigola 


Last Updated ( Tuesday, 14 April 2015 20:00 )