Dante Di Camillo era um destes homens que parecia ter gasolina nas veias. Este Paulistano nascido na véspera do Natal de 1929 sempre amou o automobilismo, desde sua juventude... e pode se dizer que foi um destes privilegiados que conseguem realizar seus sonhos durante a vida. Ele até tentou outros caminhos... foi estudante de Direito, mas não chegou a se formar. Trabalhava em uma das maiores imobiliarias do Brasil na época – a “Clineu Rocha” – que tinha a sua sede na Av. Angélica, em São Paulo. Dante era tão dedicado em tudo o que fazia que esta sua grande dedicação e seriedade, fez com que ele fosse premiado como o melhor vendedor daquela epoca. Sua paixão pelo automobilismo aprofundou-se nos anos 60, ocasião que abriu uma loja de comercio de automóveis na Rua Martim Francisco, no Bairro de Santa Cecilia em São Paulo. A “MARCAS NACIONAIS” Tinha na sociedade seus amigos da época: João Borges S.Filho e Jose Carlos Francisquini. Coindicência – ou destino – nesta rua estava sediada uma oficina mecânica que preparava carros de competição e era comandada pelo saudoso Reis...um português que se simpatizou muito com o Dante e resolveu preparar um Carro DKW sedan, para ele estrear no automobilismo. Nascia ali uma amizade muito forte entre o Dante e o Reis – O seu DKW, Sedan, No 37 mostrou aos concorrentes, e principalmente as equipes de fabrica, que os independentes tambem eram competitivos. Com este carro obteve resultados expressivos em Interlagos e Piracibaba-SP. Dante ao lado de Bird Clemente nos tempos de pista com seu DKW. Como vários pilotos da época, ele também teve que usar de pseudônimos para correr sem que seus familiares, principalmente a sua mãe, não ficassem preucupados. Assim, era comum vermos o “Arquimedes” ou o “Delta” ou o “Xavante” (este, além de nome indígena também batiza um dos caças da FAB... deve ser por isso que o nosso amigo voava baixo) era ouvido nas narrações da corridas naquela época. A mãe dele não concordava com as corridas de autómovel. A oficina do Reis era um ponto de reunião de pilotos da época como o saudoso José Augusto Gontijo, Bird Clemente, Luiz Evandro “Águia”, Paulo Oliveira Costa – o “Pardal”, Lucio Naja, Paulinho Viscardi, Fausto Solano Pereira , Chico Artigas, Serginho Arouche... Todo final do ano antes do Natal o Reis oferecia uma “Sardinha à Portuguesa”, com sardinhas grelhadas na brasa. No final dos anos 60 Dante abre uma nova loja de automóveis bem maior: A “EXPO VEICULOS”, na esquina da Rua Da Veridiana com Rua Frederico Abranches, atrás da Igreja de Santa Cecilia..Vendeu vários carros para amigos pilotos... a partir daí Dante se envolve mais ainda com o automobilismo, tendo participado de várias provas de longa duração como as 3 horas de Piracicaba, as Mil Mlhas Brasileiras, 24 horas de Interlagos, 1000 kms de Interlagos, 25 horas de Interlagos... Tendo corrido com grandes pilotos em parceria como o José Augusto Gontijo, Lucio Naja, Olivier Jr, Luiz Evandro “Águia”, Stanley Ostrower, Paulo de Oliveira Costa – o “Pardal “, Roberto Dal Pont, entre outros. A oficina do Reis também era frequentada por alguns chefes de equipe, entre eles o polêmico Julinho Pinhatari... que acabou contratando o Dante nos anos 73/74 para pilotar um dos seus carros... Um Dodge Pollara (o charmoso “Doginho” 1.800 cc). Dante acabou vencendo com esse carro uma prova de longa duração importante: As 500 Milhas Itacolomi.1974 – o saudoso Roberto Dal Pont foi seu companheiro de pilotagem nessa prova e a fabrica acabou fazendo uma propaganda de página inteira em um dos principais jornais do pais. Dante tambem foi o criador, nos anos 70, juntamente com os irmãos gemeos Stanley e Ricardo Ostrower da prova exibição “DEMOLITION CAR” – que era disputada entre carros grandes (Dodge Dart / Ford Galaxie), sendo o vencedor o carro que ficava ainda “rodando” após ter sido abalroado pelos concorrentes. Algumas destas provas chegaram a ter compactos apresentados nos programas de esporte das TVs naquela época pois faziam enorme sucesso. Com Ford Maverick V8 – que era o seu carro preferido – participou de provas de longa duração em Interlagos como as Mil Milhas. Com Maverick – Divisão 3 – da Equipe Santo Amaro, tendo como parceiros Lucio Naja e Paulo Oliveira Costa - o Pardal, finalizou na oitava colocaçao naquela edição. Nas 25 horas de Interlagos de 1975 – com Ford Maverick Divisão 1 – finalizou na 6a colocação, tendo como parceiros Luiz Evandro “Águia” e Paulo Oliveira Costa – o Pardal. Em 1980, sempre ativo, monta um Bar / Restaurante na Av. Henrique Shauman em SP: O “TALBOT”. Frequentavam esse Restaurante vários pilotos e amigos e todos os sábados ele oferecia gratuitamente o “Macarrão do Dante”. Faltava espaço para todo mundo... não por causa da “boca livre” mas principalmente pela figura carismática e a imensa capacidade de fazer as pessoas se sentirem bem ao seu lado duq o Dante tinha como poucos! Ao contrário do que se costuma fazer por aí (se tirar o custo no valor das bebidas) as mesmas eram cobradas no valor normal do “menu” da casa. Seu melhor amigo Luiz Evandro “Águia”, quase que um discípulo, na verdade, era presença frequente e também seus amigos vizinhos, irmãos Durval e Paulinho Viscardi, que tinham uma loja de autómoveis - a “Canter” – que ficava bem em frente ao restaurante. Em horas de maior movimento era comum encontrar o “Águia” trabalhando como seu colaborador direto. Depois de alguns anos acabou vendendo o restaurante pra o saudoso ex-piloto Expedito Marazzi. A esq: Dante com Stanley Ostrower, Xaxá, Águia e Luiz Bette. A dir, na oficina do Fukuda, com o Wagner Gonzales, junto com o Águia. Nos anos 90, já com mais de 60 anos de idade, Dante faz curso acrobacias aéreas na Escola de Pilotagem do Aeroclube de São Paulo (ele já tinha o “Brevê” de piloto privado desde 1980), com seu antigo instrutor, o piloto Ralph. Como era presença frequente no aeroclube e o restuarante do clube estava passando por problemas de administração Dante foi conviado pela diretoria da época para tentar sanear o restaurante que estava dando muito prejuizo ao clube. Por sua iniciativa comprou cadeiras e mesas novas, colocou varios quadros importados – sobre aviação – nas paredes... fazendo o local ter uma nova vida. Dante oferecia cardápios interessantes a todos clientes, entre eles o famoso “PASTEL DO DANTE “ servido como entrada e também a “SALADA ESPECIAL DO DANTE” que era seu prato predileto. Mesmo tendo alguns prejuizos eventuais, cobria a diferença do próprio bolso... chegou até a vender seu amado Chevette com um motor de Opala 4.100 e que fora preparado pelo Fernando “Toco” Martins. Em Interlagos, com o amigo Fukuda e visitando o Flavinho Gomes dos Clássicos de corrida. Em 2007, Dante se viu foi “forçado” a afastar-se do restaurante. A diretoria exigia uma refoma geral do mesmo, cabendo ao Dante arcar – sozinho – com a despesa... cujo o orçamento era uma verdadeira fortuna!!! Muito abalado com o afastamento do restaurante, Dante fica sem nenhum rendimento e começa a ter problemas de saude com muita falta de ar e cansaço. Em outubro de 2008 faz alguns exames, cujo resultado é um aneurisma da Aorta Toráxica e abdominal. Faz a cirurgia em 12/12 para corrigir o problema... mas aparece uma infecção pós operatória que o deixou hospitalizado ate Março de 2009. O organismo do valente Dante não resistiu e ele vem a falecer no dia 24 de março daquele ano. A esq, com Paulão Gomes no IV Encontro dos Nobres do Grid. A dir, com Águia e o Comte. Pinheiro no lançamento do livro do Bird Clemente. Dante nunca teve filhos... Contudo, deixou herdeiros e seguidores do seu exemplo como piloto e como ser humano de imensa grandeza que a todos encantava. Era sempre convidado querido e presença exigida por seus amigos nos encontros e eventos que envolviam automobilistas. Durante o V Encontro dos Nobres do Grid, ocorrido apenas 9 dias antes do seu falecimento, recebeu uma homenagem especial de todos os presentes. Texto redigido e fotos enviadas por Luiz Evandro Águia. Edição final dos Nobres do Grid. |