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A logística levada ao extremo! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 08 December 2014 02:06

O Campeonato Mundial de Endurance deste ano, que terminou com a etapa brasileira, teve uma característica diferente do que costuma ser a vida destes verdadeiros nômades do mundo da velocidade, que peregrinam por países e continentes levando o espetáculo da categoria mais democrática sob a chancela da FIA.

 

Nunca antes na história da categoria os profissionais de logística do Mundial de Endurance tiveram que trabalhar com uma pressão tão grande contra o relógio e o calendário como a que ocorreu neste último mês de novembro, onde tiveram três corridas em um intervalo de quatro semanas (dia 02 de Novembro em Shanghai; dia 16 de Novembro no Bahrein; e dia 30 de Novembro em Interlagos).

 

Para trazer ao Brasil os equipamentos do WEC, foram precisos cinco aviões cargueiros cheios de equipamento.

 

Para ir de um lado a outro do planeta, passando por três continentes, o Diretor de Operações Pascal Dimitri tem a responsabilidade de fazer com que tudo corra perfeitamente e que as equipes, ao chegar nos locais das corridas, encontrem no autódromo todo o equipamento embarcado na etapa anterior, recebendo as boas vindas dos Gerentes de Logística Benjamin Marchal e Pierre Coiffier.

 

Não é uma operação fácil. Entre cada uma das etapas são movimentados 60 containers de 40 pés (12 metros) de comprimento e com capacidade de mais de 26 toneladas de carga com os equipamentos que serão usados pelas equipes etapa por etapa, nisso incluindo os carros, os pneus, peças de reposição, maquinário de trabalho, material de identidade visual, como banners, bandeiras e sinais, hospitalidade e escritório conjunto, carros de segurança, equipamentos de TV e muito mais. tudo que permitirá a corrida acontecer.

 

Normalmente este transporte acontece por via marítima. Afinal, o frete marítimo é bem mais em conta quando se considera uma travessia intercontinental como foi o caso da ida dos equipamentos da Europa para os Estados Unidos, para a etapa de Austin, de lá para o Japão, na etapa de Fuji assim como do Japão para a China, em Shangai. Contudo, para se deslocar de Shanghai para o Bahrein e de lá para o Brasil, a DHL teria que fazer milagre para levar tudo por via marítima.

 

A área interna da antiga curva do sol foi o local da colocação dos containers com o material das equipes. 

 

Os únicos itens que não são transportados no pacote de frete marítimo, ou no Boeing 747 de carga aérea quando este meio é utilizado são baterias híbridas os carros LMP1-H. Os regras internacionais para transporte destes equipamentos são extremamente rigorosos e o acondicionamento, embarque, transporte e retirada destes equipamentos ficam sob a responsabilidade das equipes Audi, Porsche e Toyota, respectivamente.

 

Mas e para distribuir os equipamentos dos locais de fabricação, estoque e base das equipes e fornecedores para os locais de prova, como fazer? No caso da maratona de corridas do mês de novembro, Pascal Dimitri e sua equipe precisou montar uma operação simultânea, enviando containers para diversos países com equipamentos  que seriam utilizados em seus respectivos locais, independente do que seria usado nas outras etapas, como os pneus, por exemplo.

 

Benjamin se diverte ao comentar que “parece que o tempo nunca será o suficiente” para se fazer o transporte de tudo que tem que ser transportado e que tudo estará no autódromo antes da chegada das equipes de trabalho. Quando elas chegam, tudo tem que estar devidamente distribuído e eles encontrarem logo seus equipamentos, já instalados nos boxes ou tendas onde irão trabalhar.

 

Para Benjamin, o bom entendimento com os responsáveis das equipes é fundamental para que todo o processo funcione nas corridas. Há sempre um monte de trabalho de última hora, porque você não sabe o que vai acontecer em cada evento. Uma boa relação de trabalho com as nossas equipes e o elemento-chave para nosso sucesso. É preciso trabalhamos duro para ter certeza de que está tudo bem. Se todo mundo está satisfeito, então estou satisfeito!

 

Para termos uma ideia de como as coisas precisaram acontecer, vejam o que foi necessário ser feito desde a saída do Japão, após a corrida no dia 12 de outubro:

 

Do Japão para a China:

6 Horas de Xangai - 02 de novembro.

13 de outubro - todos os Containers embarcados no autódromo até segunda-feira à noite e transportados por estrada até o terminal marítimo para o transporte para a China na quarta-feira 15 de outubro.

14 de outubro de Narita para Pudong, Shanghai - 1 avião Boeing 747 carregado de equipamentos.

Da China para o Bahrein:

6 Horas de Bahrein - 15 de novembro.

5-8 novembro, Pudong para Bahrain - 5 aviões Boeing 747 carregado de equipamentos para o Bahrain.

Do Bahrain para o Brasil:

6 Horas de São Paulo - 30 de novembro.

19 de novembro de Bahrain para São Paulo - 5 aviões Boeing 747 carregado de equipamentos para São Paulo (Viracopos - Campinas), em seguida, por transporte rodoviário para Interlagos.

 

Figura imparável na área do Paddock, a tranquilidade de Pascal Dimitri contrasta com toda aquela agitação que ocorre à sua volta, Pascal é um rosto bem conhecido e respeitado em corridas de Endurance de seu tempo na Peugeot Sport, primeiro como Gerente de Logística e ultimamente como Team Manager do programa de resistência da equipe francesa. Agora, como Diretor de Operações, tanto para o Mundial como para o Europeu de Endurance. Ele é considerado um ‘membro-chave’ da equipe de gerenciamento da estrutura que faz ambos os certames acontecer.

 

Segundo Pascal, é preciso pensar em todos os aspectos para que o campeonato mundial possa acontecer e um deles é o financeiro. O transporte não pode onerar demais o campeonato e estourar o orçamento de organizadores e equipes. Para isso, há a necessidade de se montar um sistema modal combinado usando um pacote de frete misto entre o mar e ar, com o uso de 40 containers (cada um dos quais é 40 pés / 12m e pode transportar mais de 26 mil kg de mercadorias) para tudo, além de nossas empresas parceiras, como a Michelin e Dunlop, com um adicional de 11 containers.

 

Há anos a empresa e transporte DHL é a parceira do ACO para levar os equipamentos do WEC pelo mundo.

 

Para que tudo funcione, o trabalho de Benjamin Marchal e Pierre Coiffier que lidam diretamente com as equipes e com a transferência do dia-a-dia de informação, e também organizar toda a nossa própria carga. Três desses containers são completamente cheio de mercadorias do próprio WEC.

 

A presença da DHL é fundamental para o transporte de mais de 360 toneladas de carga de um lado para o outro no planeta. O sistema combinado e a antecipação de embarque de materiais partindo da Europa para os destinos das duas últimas etapas foi fundamental para que quando as equipes de trabalho chegaram na segunda e terça-feira antes da corrida encontrassem todo o material à disposição.

 

É claro que o campeonato deste ano teve um problema extra com a mudança da data da corrida em Interlagos, obrigando-nos a fazer um novo planejamento de trabalho e encontrar uma forma de, racionalmente, encontrar meios viáveis de fazer com que isso acontecesse e fosse absorvido por todos na estrutura do WEC.

 

Depois das 24 horas de Le Mans, há necessidade de se ter um intervalo maior para que as equipes se reestruturem, reconstruam e revisem seus carros depois da corrida mais desgastante do campeonato e, depois disso, é chegado o período de férias na Europa, onde temos a possibilidade de estar em férias com nossas famílias. Maridos, esposas, filhos...

 

Este ano de 2014 foi um bom aprendizado para todos nós e foi gratificante chegar na última etapa do campeonato, com todo o equipamento entregue e à disposição de todos após esta experiência única que tivemos em trabalhar num ritmo semelhante ao que trabalham os colegas da Fórmula 1. Mostramos que somos capazes de, se for necessário, fazer um trabalho tão bom quanto o deles, concluiu Pascal.

 

 

Last Updated ( Friday, 12 December 2014 01:41 )